Pedro Sánchez envia a Bruxelas sua mão direita para negociar com Puigdemont
O presidente do governo espanhol em funções e líder do Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, enviou sua mão direita, Santos Cerdán, para manter uma reunião em Bruxelas com o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, também líder de Junts per Catalunya (JxCat). Puigdemont reside em Waterloo desde outubro de 2017, quando os tribunais espanhóis ordenaram sua detenção por sua liderança na declaração unilateral de independência falida de outubro de 2017. O encontro, que se fez público por ambas as formações, supõe um passo mais, talvez decisivo, para garantir os votos necessários para a investidura da reeleição de Sánchez.
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Nas negociações que Sánchez têm abertas com cinco partidos nacionalistas, talvez a mais complexa é a formação política liderada por Puigdemont, que representa o nacionalismo catalão conservador e de raiz católica e que nos últimos anos tem agitado, inclusive com mais intensidade, a bandeira da independência do Estado espanhol.
Além disso, Puigdemont ainda tem aberta uma ordem de busca e captura por parte do Tribunal Supremo espanhol, o que complica ainda mais os acordos. Ademais das próprias exigências de Puigdemont, pede-se a aprovação de uma lei geral de anistia que limpe de delitos a todos os cidadãos que participaram no processo de secessão da Catalunha desde o ano 2014 até 2020, e que o futuro governo espanhol se comprometa a “trabalhar” para a celebração de um referendo de autodeterminação vinculante.
Sánchez, que foi o segundo mais votado nas eleições do passado 23 de julho, tem atualmente o apoio dos 121 deputados de seu partido, além dos 31 da coalizão de esquerdas Sumar, os seis do EH-Bildu e está ainda por confirmar os cinco do Partido Nacionalista Basco (PNV), os sete de Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), os outros sete de JxCat e o voto do Bloca Nacionalista Galego (BNG). Só assim somará mais votos que o bloco da direita espanholista, isto é, seriam 178 a favor de sua investidura e 172 contra.
Os partidos tornaram público um comunicado da reunião, no qual se limitaram a informar que à reunião “acudiram ao secretário-geral do JxCat, Jordi Turull, à presidenta do grupo do PSOE no Parlamento Europeu, Iratxe García-Pérez, e ao chefe da delegação socialista no Parlamento Europeu, Javier Moreno”.
Este encontro presencial faz parte das conversações que mantêm ambos os partidos para as condições de uma eventual investidura e reeleição do presidente do Governo, Pedro Sánchez. Todos concordaram em destacar o bom ambiente do encontro e constataram que as negociações avançam em boa direção. Por isso, combinaram de seguir se falando nos próximos dias.
Acordo entre PSOE e ERC
O Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE) e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) alcançaram um acordo nesta terça-feira (31) sobre uma futura lei de anistia para os acusados no processo soberanista catalão e anunciaram que avançam “decisivamente” para um pacto que permita a reeleição de Pedro Sánchez na presidência de governo.
Durante uma chamada telefônica, Sánchez e o presidente da Generalitat de Cataluña, Pere Aragonès “desbloquearam os últimos detalhes da futura lei de anistia”, que será registrada proximamente no Congresso dos Deputados, confirmaram o PSOE e ERC em um comunicado conjunto. “Ambas as formações consideram alcançadas suas expectativas e satisfeitos seus princípios políticos sobre esta norma”, precisaram.
Ademais, os dirigentes solicitaram a seus negociadores “o fechamento definitivo”, previsto para as próximas horas, “do eventual acordo entre ambos os partidos para o apoio à investidura”, que terá que ser aprovado pelos órgãos do ERC.
O acordo conterá “questões políticas e econômicas para desenvolver durante a XV Legislatura”. Ao finalizar as conversações, será comunicada a data e o lugar da assinatura.
O PSOE explicou que analisa registrar no Congresso a proposição da lei de anistia nos próximos dias, junto à coalizão de esquerdas Sumar, ERC, Junts, EH Bildu, Partido Nacionalista Vasco e o Bloco Nacionalista Galego (BNG), com a ideia de que se possa investir a Sánchez na próxima semana, segundo fontes relacionadas às negociações.
Por outro lado, a princesa Leonor jurou lealdade à Constituição espanhola de 1978 ante o Congresso de Deputados, em um dos atos institucionais mais significativos. EH-Bildu, ERC e o BNG se ausentaram da cerimônia e publicaram um comunicado no qual repudiaram o sistema monárquico, tanto como a Constituição de 1978 que o ampara.
Também se ausentaram Ione Belarra e Irene Montero, da formação de esquerda Podemos, e ministras de Assuntos Sociais e Igualdade, respectivamente, e Alberto Garzón, da Esquerda Unida e ministro de Consumo.
Armando G. Tejeda | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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noticia por : UOL