Edison Cabral, que trabalha no Martinelli há mais de 20 anos e hoje tornou-se pesquisador do edifício, conta que nessa época o prédio virou um cortiço e chegou a abrigar mais de 3 mil pessoas irregularmente. “Tinham muitas brigas, discussões. Várias coisas aconteceram nesse prédio, então começaram a tirar a conclusão que ele era assombrado por isso.”
Um dos assassinatos que rondam o prédio foi o do garoto Davilson Gelisek, 14, cujo corpo foi encontrado no Martinelli em 1947 com indícios de ter sofrido uma queda de grande altura. Anos mais tarde, quem perdeu a vida foi a jovem Neide, em 1965. Pouco se sabe sobra sua trajetória e tampouco o que teria causado sua morte. Em 1972, antes da restauração da Prefeitura, a população via mais uma morte no Martinelli, a da adolescente Rosa, que teria caído do prédio após passar a noite com um homem – cuja identidade nunca foi descoberta.
Quando o edifício é retomado, ao final da década de 1970, entulhos de lixos diversos e ossadas humanas foram encontradas no fosso do elevador. As condições do prédio e seus crimes abriram portas para um ambiente propício às assombrações.
“Essa questão da solução da morte aparece muito. É como se o fantasma precisasse aparecer para ser lembrado e ver se alguém pode resolver o crime dele. Antes, o fantasma não aparece tanto nas histórias porque tem toda a bagunça junto naquele cenário. Depois que encontraram as ossadas é que essas aparições começam a ser contadas. Elas estão ligadas muito à memória do lugar e não ao momento. É um choque da rotina com o passado”, opina Thiago.
Os barulhos estranhos e as aparições começam a ganhar forma no cotidiano do edifício. Uma das principais que permeia o Martinelli é a presença da “Loira”, cuja identidade ninguém sabe ao certo dizer qual é. A história, segundo Cabral, rendeu algumas situações inusitadas no prédio.
Tinham funcionários que não queriam ficar até muito tarde porque tinham medo dela. Uma vez, um funcionário da limpeza estava trabalhando e de fato apareceu uma loira no local. Ele não pensou duas vezes e meteu a vassourada nela. Só que, no final, ela era apenas uma colega de trabalho — viva. Como já tinha escutado muitas histórias da Loira do Martinelli, ele ficou com aquilo na cabeça.
Edison Cabral.
noticia por : UOL