No entanto, a advogada líbano-brasileira, Jéssica Zakhour, que mora e trabalha na capital Beirute, diz não considerar a possibilidade de deixar o Líbano neste momento. “Até agora não pensei em deixar o país, até agora as tensões estão localizadas no sul e, fora isso, a vida continua normal. Não conheço outros brasileiros que estejam tentando sair, apesar de ter muito contato com a comunidade por causa da Embaixada e do meu trabalho”, afirmou à RFI nesta segunda-feira (5).
Zakhour diz não temer as tensões do momento, e que o Líbano continua mantendo um cotidiano normal, apesar das tensões nas fronteiras. “Os restaurantes, as baladas e as praias continuam cheios, isso reflete a resiliência e a determinação do povo libanês em celebrar a vida. A população demonstra uma força e uma capacidade de adaptação notáveis”, acredita.
Já no sul, região controlada pelo Hezbollah libanês, a situação parece bem diferente. Orientadora consular, Katia Aawar contou que está há 12 anos envolvida com a comunidade brasileira no Líbano, em especial mulheres brasileiras, onde atua como intermediadora de conflitos. Ela criou, com as brasileiras em risco no sul, um grupo de apoio online para compartilhar informações em tempo real e dar apoio psicológico, em época de tensão.
“Logo no início dos conflitos fui procurada por brasileiras pedindo orientações e criei o grupo para informar e acompanhar a situação”, conta. “Muitos brasileiros que querem voltar não têm recursos não só para viajar, mas também para recomeçar uma vida fora de suas casas”, diz.
“Busquei apoio do consulado para que quem destas precisassem de documentos como passaportes e registros de nascimento em caso de urgência”, conta Aawar. “Recomendei que todas as brasileiras tenham malas de emergência preparadas na porta de suas casas e mantenham seus documentos na cintura”, afirmou.
Fronteira tensa
O Líbano compartilha uma fronteira tensa com Israel. Na noite de sábado (3), o Hezbollah reivindicou a responsabilidade pelo disparo de uma dúzia de foguetes contra a região. Os israelenses interceptaram a maioria deles e, em troca, atingiram o sul do país, que pode muito bem se tornar o epicentro do conflito, caso ele se regionalize.
noticia por : UOL