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Brasil segue tendência de países-sede e perde fôlego dois ciclos após hospedar Olimpíadas

Sediar as Olimpíadas em 2016 levou o Brasil a mudar de patamar no quadro geral de medalhas, se aproximando pela primeira vez das grandes potências olímpicas com o 13º lugar. Após conquistar a melhor colocação da história na edição seguinte —o 12º lugar em Tóquio-2020—, o país perdeu fôlego em Paris e encerrou sua campanha neste sábado (10) longe dos dez primeiros colocados.

Os três ouros, conquistados por Bia Souza, Rebeca Andrade e pela dupla Ana Patrícia e Duda, não são suficientes para ultrapassar os 19 países que já estão em colocações melhores no pódio antes do encerramento neste domingo (11), que não terá nenhum representante brasileiro.

Quando considerados o total de medalhas e a presença em finais, no entanto, o Brasil manteve desempenho melhor que o apresentado pré-Rio.

Análise feita pela Folha mostra que esta é uma tendência também observada em outros países que sediaram as Olimpíadas nas últimas décadas. Foram considerados dados da colocação geral, por medalhas de ouro, a partir de 1988 (em 1984 e 1980 houve boicotes de países).

A exemplo da França, é de se esperar que os países melhorem seu desempenho no ano em que sediam os Jogos, já que há vagas reservadas em mais modalidades. A França ficou em 8º em Tóquio-2020, e deve terminar os jogos de Paris em 5º.

Já os casos do Japão, algoz do Brasil nestes jogos, e da Grã-Bretanha mostram que o impulso da sede pode durar ao menos até o ciclo seguinte. Assim como o Brasil, Coreia do Sul e Espanha desaceleraram na segunda edição após serem sede.

A exceção mais clara é o caso da Grécia, que não foi capaz de manter legado olímpico depois de Atenas-2004, em parte devido à forte crise econômica que atingiu o país. Despencou da 15ª posição nos Jogos em que sediou para a 61ª na edição seguinte, e desde então não voltou ao patamar dos vinte primeiros colocados.

Os Estados Unidos também são um caso à parte, pois se consolidaram como o país que mais enviou atletas em todas as edições das Olimpíadas, independentemente de sediar ou não os jogos. A disputa pelo primeiro lugar no quadro de medalhas antes travada com União Soviética e Rússia, hoje se dá com a China.

MEDALHAS E FINAIS

Embora tenha ficado em uma colocação pior no quadro geral em Paris, o Brasil teve o segundo maior percentual de representantes em finais da sua história. Atletas que chegam até a 8ª posição, corte para as finais da maioria dos esportes, são diplomados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

Dados analisados até este sábado (10) mostram que 2,7% dos atletas até a 8ª colocação são brasileiros. O melhor resultado foi no Rio-2016, com 2,9%. Antes de sediar os jogos, o percentual sempre foi inferior a 1,7%.

Há também casos como o de Bárbara Domingues, que levou o país pela primeira vez a uma final da ginástica rítmica, mas terminou na décima posição, e de Miguel Hidalgo, que também ficou em décimo lugar na prova masculina de triatlo –melhor resultado do país nessa prova em Olimpíadas.

Em Paris, o Brasil igualou o total de três ouros que teve em Londres-1012, Pequim-2008 e Atlanta-1996. Ficou atrás dos sete ouros de Tóquio-2020 e Rio-2016, e dos cinco ouros de Atenas-2004.

Já o total de 20 medalhas de 2024 (três ouros, sete pratas e dez bronzes) é o segundo melhor alcançado, atrás apenas das 21 medalhas em Tóquio (sete ouros, seis pratas e oito bronzes). No Rio-2016 o Brasil conquistou 19 (sete ouros, seis pratas e seis bronzes), e 17 em Londres-2012 (três ouros, cinco pratas e nove bronzes).

O tamanho da delegação brasileira caiu em relação às duas edições anteriores dos jogos, voltando a patamar semelhante ao de Pequim-2008, segundo dados do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Depois do recorde de 465 atletas no Rio-2016, foram enviados 301 representantes a Tóquio-2020.

O Brasil começou os jogos de Paris com 274 atletas, mas teve algumas perdas por lesões e a expulsão da nadadora Ana Carolina Vieira por indisciplina. Nas Olimpíadas imediatamente anteriores à sede, o país enviou 259 atletas para Londres-2012, e 277 para Pequim-2008.

A grande novidade de Paris foi a composição de maioria feminina na delegação brasileira, com 153 mulheres e 121 homens. No quadro geral, a delegação feminina também teve mais sucesso que a masculina. Dos 20 pódios brasileiros, 12 foram conquistados por mulheres e um pela equipe mista do judô. Os três ouros brasileiros (no judô, ginástica e vôlei de praia) foram todos femininos.

noticia por : UOL

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