Depositou seu futuro nas mãos de sua milícia parlamentar. “Temos certeza que em 2026 muita coisa vai mudar. O Parlamento vai de fato nos garantir a lisura das eleições, e temos certeza que atingiremos o objetivo que é de todos nós”.
Menos de 24 horas depois do depoimento de Ramagem à Polícia Federal no inquérito sobre a Abin paralela, Bolsonaro incluiu o cúmplice no enredo ficcional do complô. “O Ramagem, delegado da Polícia Federal que eu conheci na transição de 2018, já começa a pagar um preço alto pela sua ousadia de querer pensar, sonhar e administrar uma cidade com respeito, com honradez e com orgulho”.
Na política, como na vida, todo mundo deve raciocinar com hipóteses. Das mais amplas às mais específicas. Levando-se o raciocínio de Bolsonaro às ultimas consequências, a melhor das hipóteses para ele é a de que tornou-se mesmo vítima de um complô da Polícia Federal, do delator Mauro Cid, dos chefes militares que refugaram a minuta do golpe e do Supremo para fazer de um ex-presidente limpinho um criminoso contumaz.
A pior das hipóteses é que, alheio à evidência de que tudo o que está na cara não pode ser uma conspiração da lei das probabilidades contra um inocente, Bolsonaro demora a se dar conta de que o cerco criminal está prestes a convertê-lo de investigado em réu e, no limite, em condenado a passar uma temporada na cadeia.
Diante de tais hipóteses Bolsonaro tem duas alternativas: ou continua trafegando no universo da Terra plana ou percebe que um palanque não é o lugar mais adequado para que um delinquente obtenha argumentos sólidos capazes de retirá-lo da condição de um condenado esperando na fila para acontecer.
noticia por : UOL