Santoro frisou que, mesmo se a oposição conseguir chegar ao poder na Venezuela, as projeções apontam para uma governabilidade difícil, uma vez que os parlamentares ligados a Maduro compõem a maioria do Congresso.
Essa eleição foi aquela na qual a oposição esteve mais mobilizada, forte e presente. Isso mostra uma mudança política muito significativa dentro da Venezuela. Mas também havia uma preocupação muito grande sobre Maduro rejeitar o resultado, como de fato tem acontecido.
Será que Maduro consegue se manter no poder apesar dos resultados eleitorais por meio de fraude e do apoio dos militares? Infelizmente, esse risco é muito grande. Maduro tem um controle muito forte dos militares, das Forças Armadas e da polícia, e uma disposição de utilizar esses aparatos repressivos contra os manifestantes da oposição.
Qual seria o desfecho positivo? De que a combinação de uma pressão internacional, com a própria mobilização da oposição dentro da Venezuela, levasse a uma transição pacífica de volta ao regime democrático. Isso já aconteceu em muitos países, inclusive aqui mesmo na América Latina. É possível um regime autoritário abrir mão do poder por meio de uma eleição.
Caso a oposição consiga de fato assumir a presidência na Venezuela, teria que lidar com um parlamento majoritariamente chavista, assim como a maior parte dos governadores estaduais. Não seria uma eleição na qual a oposição levaria tudo. Isso pode ser algo favorável ao chavismo, que ainda teria algumas salvaguardas para aceitar essa transição. Maurício Santoro, cientista político
Sakamoto: Maduro abraça Trump para defender a si mesmo de fraude eleitoral
noticia por : UOL