A produtora rural Elisângela Nepomuceno Zaha, de Jandaia do Sul (PR), apostou na prática sustentável de desidratação de frutas para criar um negócio promissor que acaba obter reconhecimento a nível estadual. Ela está entre os 19 produtores paranaenses vencedores do Prêmio Orgulho da Terra, que valoriza práticas sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e econômico. A cerimônia de entrega é nesta terça-feira (12), em Curitiba.
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Agricultora há 12 anos, Elisângela conta que começou a desidratar frutas para ofertar uma alimentação mais saudável para o filho caçula. Entretanto, ela enxergou a oportunidade de investir na técnica para expandir o negócio da família, que trabalha com o cultivo de frutas e hortaliças.
Elisângela começou a desidratar frutas para ofertar alimentação saudável ao filho caçula
“Comecei a fazer a desidratação para meu filho que tem três anos hoje. No aniversário de 1 ano, minha sogra sugeriu que eu fizesse um docinho natural, sem açúcar e ela teve ideia de oferecer frutas desidratadas. Minha sogra me deu o curso de presente e comecei a usar a técnica em casa. Conforme fui fazendo, muitas pessoas começaram a pedir para eu vender. Foi aí que vi a possibilidade de virar um negócio”, conta.
Elisângela e o marido Luiz Carlos Mariano Zaha decidiram investir no maquinário necessário para criar a agroindústria Lumi Vita. Atualmente eles trabalham com frutas desidratadas, laranja, mamão, kiwi, abacaxi, morango, melão, manga, caqui, pitaya, entre outras frutas. Os produtos são livres de glúten, lactose, corantes, conservantes e açúcar.
“A prática da desidratação me encantou, pois proporciona mais durabilidade ao produto. Poder levar a sua fruta favorita para comer a qualquer hora em qualquer lugar, poder oferecer um produto saudável e nutritivo aos nossos consumidores, foi tudo isso que me encantou na prática da desidratação”, destaca Elisângela.
Luiz Carlos acrescenta que a técnica é feita com energia renovável, que colabora com a sustentabilidade. “Nós conseguimos aproveitar tudo das frutas, desde as cascas até mesmo os resíduos viram compostagem para adubar as nossas plantações, com a desidratação aumentamos a durabilidade dos nossos produtos. Toda nossa produção e feita com sistema de energia solar e, com a nossa agroindústria, aumentamos a nossa renda familiar e também geramos empregos”, acrescenta Luiz Carlos.
Elisângela foi premiada na categoria agroindústria e, para ela, o prêmio é o reconhecimento do trabalho que nasceu da agricultura familiar. “Mostra que estamos no caminho certo, que todos os nossos esforços valeram a pena. Nos dá mais ânimo e vontade de melhorar e se aprimorar cada vez mais”, afirma.
Cerimônia de premiação em Curitiba
O técnico do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Adilson Dias Novaes, é o responsável pela assistência técnica na agroindústria do casal, desde a concepção do projeto, rotulagem, orientações de documentação adequada, junto aos órgãos competentes, oportunidades de participação de feiras, exposição e eventos organizados através da instituição.
“Além de ser um produto inovador, é uma agroindústria que se preocupa com a sustentabilidade, aproveitando os resíduos das frutas, como cascas, para fazer compostagem e posteriormente utilizar como adubo nas plantações da propriedade”, ressalta.
Atualmente a agroindústria está localizada em Jandaia do Sul, em uma área de 60 mil metros quadrados e uma loja em Maringá.
PREMIAÇÃO
A produtora de café, de Grandes Rios, Janaína Assad da Rocha, também vai receber a premiação nesta terça-feira (12). No total, 19 produtores foram escolhidos por uma comissão formada por representantes da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (FAEP-SENAR-PR), da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep). Eles escolheram entre 60 nomes indicados os mais representativos em cada segmento da agropecuária.
Para o diretor-presidente do IDR-Paraná, Richard Golba, o Prêmio Orgulho da Terra valoriza a sustentabilidade na agricultura. “As adversidades climáticas são cada vez mais frequentes. Excesso de chuvas ou secas prolongadas atrapalham a agricultura do País. Em muitas situações as ações humanas prejudicam o planeta. Mas o produtor rural consciente sabe fazer do jeito certo e produzir com responsabilidade ambiental. Ao premiarmos estes agricultores estamos mostrando o quanto isso é possível e incentivando que, cada vez mais, produtores adotem as boas práticas que aliam lucratividade e sustentabilidade”, afirma.
O Orgulho da Terra também tem papel fundamental ao valorizar a organização dos produtores em cooperativas, que têm papel fundamental no fortalecimento das comunidades, promovendo o desenvolvimento econômico e social de forma coletiva, destaca José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar. “Nos sentimos privilegiados em poder fazer parte desta iniciativa importante para o agronegócio paranaense”.
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noticia por : UOL