Menos de dois meses após a invasão russa, no ano passado, William Hartung, pesquisador sênior do Quincy Institute for Responsible Statecraft, destacou a forma como tais conflitos beneficiam a indústria bélica, escrevendo para o portal independente TomDispatch que “a guerra na Ucrânia constituirá, de fato, uma benção para empresas como a Raytheon e a Lockheed Martin”.
“Em primeiro lugar, haverá contratos de reabastecimento de armas como o míssil antiaéreo Stinger da Raytheon e o míssil antitanque Javelin produzido pela Raytheon/Lockheed Martin, já fornecidos por Washington à Ucrânia aos milhares“, explicou. “A maior fonte de lucros, no entanto, virá dos aumentos garantidos pós-conflito nos gastos com segurança nacional aqui e na Europa, justificados, pelo menos em parte, pela invasão russa e pelo desastre que se seguiu.”
Em dezembro passado, na Forbes, Hartung advertiu sobre a possibilidade da guerra Rússia-Ucrânia ser usada para uma expansão permanente indústria de armas:
“Os planos que têm sido apresentados até o momento incluem a construção de novas fábricas de armamentos, um drástico aumento na produção de munições, armas anti-tanque e outros sistemas, e a flexibilização da supervisão para a aquisição de armas. Essas mudanças implicarão em um custo que, ao longo do tempo, chegará a dezenas de bilhões de dólares acima dos planejamentos de gastos atuais, e possivelmente mais – muito mais.
Este esforço para expandir rapidamente o tamanho e o alcance do complexo militar-industrial é desnecessário e insensato. A pressa em fazê-lo, ao mesmo tempo que se reduzem as garantias existentes contra o desperdício e a má utilização de recursos, implica no risco de promover a manipulação de preços e a produção abaixo dos padrões, ao mesmo tempo que se imobilizam fundos que poderiam ser utilizados de forma mais eficaz em outras prioridades urgentes.”
Os preços do petróleo também subiram na segunda-feira, em resposta à violência no Oriente Médio. A Associated Press explicou que “a área do conflito não possui uma grande produção petrolífera, mas os receios de que os combates possam afetar a política em torno do mercado do petróleo fizeram com que o barril de petróleo americano subisse 4,1%, para 86,16 dólares. O petróleo Brent, o padrão internacional, subiu 3,9%, para 87,91 dólares por barril”.
(*) Tradução de Raul Chiliani
noticia por : UOL