A maluquice está no comando, é ela quem manda, pauta as manchetes, fornece assunto para conversa, conteúdo para quem precisa e cliques para quem monetiza.
Só como exemplo, nos últimos dias, todos os dias, desde que The Orange Man tomou posse, só deu ele nas primeiras páginas, em todos os sites, redes e lugares, parecendo —para os de minha geração— que o “homem mais poderoso do mundo” estava jogando “War” com algum objetivo do tipo: “Europa, Oceania e mais um continente à sua escolha”. Só que era algo, aparentemente, mais sério. Uma mistura bizarra e perigosa de política externa anacrônica com insanidade.
Mas também pode ser que não. Existe a hipótese real de que nada possa ser real. O velho Donald parece gostar de usar a tática que adolescentes ou alguns maridos utilizam: pedir o impossível para tentar ganhar o que realmente quer ou o que der.
“Mãe, posso ir com o Enzo e a Carol na boca de fumo? É pertinho”, ou “Querida, hoje vou numa suruba junto com o Chuleba e o Tonico, ok?”. Diante da estupefação e reação estrepitosamente contrária, vem o recuo imediato: “Não precisa ficar nervosa… Posso pelo menos ir, rapidinho, no barzinho aqui do lado, com meus amigos?”.
Entendeu a semelhança das estratégias? Mas por que diabos um quase octogenário, com o dinheiro e poder que tem, se dedicaria a esses joguinhos idiotas? Talvez porque ele seja um… idiota! Afinal, o cara não consegue nem escolher uma tintura de cabelo melhorzinha. Porém, o mais provável é o que os idiotas sejamos nós.
Os que o seguem e se mobilizam porque o amam, podem até ser questionados e analisados sobre o porquê desse amor, mas a explicação está dada. Já os que o seguem porque o odeiam e são pautados obsessivamente por ele são muito mais difíceis de explicar e entender.
O que importa é que Donald Dick já aprendeu há muito tempo que tudo que for bizarrice que ele falar, fizer ou ameaçar fazer, vai botar, literalmente, todo o planeta em polvorosa. Dá até para imaginar o prazer que o velhote sente.
Outra maluquice que conseguiu seu espaço na semana, foi o fuzilamento virtual de Karla Sofía Gascón, a atriz espanhola e trans, que concorre ao Oscar da sua categoria. O que aconteceu é que arqueólogos de Twitter —uma atividade que tem a função social de ocupar desocupados— descobriram que a moça, no passado (não sei dizer em que gênero e/ou etnia “elu” estava na época), tinha feito postagens “islamofóbiques”, “racistes” e “preconceituoses”.
Isso deflagrou um fenômeno astronômico raro: a colisão de causas celestiais. De um lado, os que acusavam a trans de islamofóbica e outras fobias, do outro, os que acusavam de transfóbicos aqueles que acusavam a trans de ser tudofóbica.
Doideira, né? Pois é, mas é isso, fazer o quê? O negócio é ir em frente, porque só chato se diverte reclamando, e seguir os sábios conselhos do filósofo porto-riquenho, Ricky Martin: “Livin’ la vida loca”.
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noticia por : UOL