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Feminicídio é tragédia global de proporções pandêmicas, alerta relator da ONU

O feminicídio é uma tragédia global de proporções pandêmica e os países estão falhando no dever de proteger as vítimas de violência de gênero, afirma especialista de direitos humanos da ONU.

O relator especial sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias, Morris Tidball-Binz, explica que todos os anos, dezenas de milhares de meninas e mulheres, incluindo mulheres trans, são mortas em todo o mundo por causa de seu gênero.

O feminicídio na América Latina foi tema de um encontro de alto nível na Assembleia Geral

ONU Mulheres/Dzilam Mendez

O feminicídio na América Latina foi tema de um encontro de alto nível na Assembleia Geral

Crimes relacionados ao gênero

O especialista adiciona que muitas outras correm risco de morrer devido à violência de gênero porque os Estados falham em proteger efetivamente a vida das vítimas e garantir sua segurança.

Em seu relatório para a Assembleia Geral, Tidball-Binz afirmou que os assassinatos com base no gênero constituem uma manifestação extrema e generalizada de formas existentes de violência de gênero. 

Investigação e prevenção do feminicídio

Como especialista, ele apresentou padrões e melhores práticas para a investigação do feminicídio, a fim de combater a impunidade, proporcionar justiça às vítimas e suas famílias, além de contribuir para a prevenção.

Morris Tidball-Binz afirma que centenas de mulheres estão no corredor da morte em muitos países devido a práticas de processos judiciais e sentenças com preconceito de gênero.

Ele pediu aos Estados que cumpram suas obrigações e intensifiquem os esforços para investigar e erradicar o feminicídio.

O relator especial afirmou que o uso de uma perspectiva de gênero e protocolos específicos na investigação dos assassinatos de mulheres e meninas permite que essas mortes sejam identificadas, documentadas e contadas como feminicídios.

Assim, a verdade, justiça e reparação para as vítimas e suas famílias pode ser garantida, bem como a coleta e análise de dados mais precisas para informar investigações e fortalecer a prevenção.

Parede na Cidade do México com a mensagem "Chega de feminicídios” em graffiti contra assassinatos motivados pelo gênero

Parede na Cidade do México com a mensagem “Chega de feminicídios” em graffiti contra assassinatos motivados pelo gênero

Responsabilização

Segundo ele, os atos são em sua maioria, mas não exclusivamente, cometidos por parceiros ou ex-parceiros, e muitas vezes escapam à responsabilização, frequentemente devido à falta de investigação adequada.

Tidball-Binz pede aos Estados que promulguem medidas legais e administrativas para proteger os direitos de mulheres e meninas, incluindo aquelas cuja expressão ou identidade de gênero é feminina, aplicando uma perspectiva de gênero em complementaridade com uma abordagem interseccional.

Ele ressaltou que crenças, costumes, tradições ou religiões locais não devem ser invocados para limitar os direitos de mulheres e meninas ou como defesa contra uma acusação de feminicídio.

Violação do direito à vida

Segundo Morris Tidball-Binz, o dever de investigar qualquer morte potencialmente ilegal, incluindo o feminicídio, faz parte do direito internacional e a falha em fazê-lo pode constituir uma violação do direito à vida.

O relatório identifica as melhores práticas globais que se mostraram eficazes no combate ao feminicídio, bem como padrões para investigar tais crimes. 

As recomendações do relator especial fornecem um roteiro prático e baseado em evidências para prevenir e erradicar o feminicídio em todo o mundo.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.

FONTE : News.UN

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