MULHER

Ex-líder da Assembleia Geral diz que sem paridade de gênero, sistema internacional perderá força

Nenhuma economia ou sistema pode funcionar sem a participação e inclusão das mulheres. E ao se observar o poder de decisão delas na política internacional, pode-se constatar que ainda existe um longo caminho para chegar aos ideais 50:50 de presença de homens e mulheres em postos de comando.

A declaração é da entrevistada desta semana do Podcast ONU News, María Fernanda Espinosa.

María Fernanda Espinosa: “Existe um ambiente internacional que não favorece direitos das mulheres”

Níveis mais altos

Ex-presidente da Assembleia Geral, ela foi a primeira latino-americana a ocupar o cargo, a quarta da história da ONU e, até o momento, a última.

Nessa conversa com a ONU News, a também ex-ministra das Relações Exteriores do Equador lembra da postura feminista do secretário-geral António Guterres, que planeja alcançar paridade de gênero até 2028 em todos os níveis da organização.

Confira a entrevista na íntegra: “Existe um ambiente internacional que não favorece os direitos das mulheres”, diz ex-presidente da Assembleia Geral | | ONU News

Para María Fernanda Espinosa, é hora de levar essa promessa para o mundo porque todos ganham com a igualdade de gênero: comunidades, países, economias e sistemas internacionais.

“Não é apenas uma questão de números, embora os números importem, é uma questão de qualidade: o que contribuímos para os sistemas democráticos, o que contribuímos para a economia, muitas inviabilizadas no trabalho de cuidados, por exemplo, o que contribuímos no direito internacional.   

As pessoas esquecem que muitas das mãos que escreveram a Carta das Nações Unidas eram mãos femininas. E isso não deve ser esquecido. Uma das primeiras presidentes da Assembleia Geral das Nações Unidas, Vijaya Lakshmi Pandit, irmã de Nehru, porque foi uma grande revolução no sistema internacional e é uma pena que, em 78 anos, apenas quatro mulheres tenham presidido a Assembleia.  

A organização que tenho a honra de presidir está fazendo um apelo aos Estados e pedindo que além da rotatividade regional na presidência da Assembleia Geral, deve haver alternância de gênero. Queremos ver mais mulheres no sistema internacional, mais mulheres tomando decisões nos níveis mais altos.”

A Amazônia Legal envolve nove estados brasileiros, que concentram cerca de 60% da Floresta Amazônica

Antonio Cruz/Agência Brasil

A Amazônia Legal envolve nove estados brasileiros, que concentram cerca de 60% da Floresta Amazônica

Amazônia é fundamental para saúde do planeta

No Podcast ONU News, María Fernanda Espinosa falou de sua trajetória também como ministra da Cultura e da Defesa no Equador. 

A poeta e autora de cinco livros lembrou ainda do contato com a língua portuguesa durante seu mestrado, no qual se especializou em estudos da Amazônia. O Podcast perguntou a ela como combater a atual onda de criminalidade e proteger a floresta.

“Eu acredito que a questão da Amazônia é uma das questões mais importantes do mundo, por quê? Porque a Amazônia é um grande sistema que equilibra a dinâmica global, não só dos oito países que compõem a bacia amazônica, mas também a regulação dos ciclos das águas, dos grandes repositórios e a diversidade biológica do planeta estão na Amazônia.  

Uma riqueza cultural gigantesca, centenas de povos indígenas habitando a Amazônia. A Amazônia não é um espaço vazio, é um espaço habitado, geralmente habitado por populações que vivem em condições de pobreza e extrema pobreza, e por povos indígenas que devem ter seus direitos individuais e coletivos plenamente respeitados.  

Então, a questão amazônica, embora os países que compõem a bacia sejam soberanos nas decisões que tomam sobre a Amazônia, a Amazônia também é uma responsabilidade comum e compartilhada mundialmente. 

Temos visto com grande interesse o presidente [Gustavo] Petro, o presidente [Luiz Inácio da Silva] Lula, convocando uma cúpula amazônica, porque a Amazônia exige um modelo de desenvolvimento diferente, baseado no uso inteligente da natureza em benefício das populações amazônicas e um sistema compensatório global que reconhece os serviços ambientais e ecológicos prestados pela Amazônia.”

Presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, assinando o livro de condolências após mortes causadas pelo ciclone Idai por Moçambique.

Presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, assinando o livro de condolências após mortes causadas pelo ciclone Idai por Moçambique.

Estratégia para avançar poder das mulheres

Atualmente, a ex-presidente da Assembleia Geral da ONU dirige a entidade Global Women Leaders, fundada e presidida pela ex-chanceler da Argentina, Susana Malcorra. Ex-chefes de Estado e Governo e ex-ministras e Secretárias de Estado também participam do grupo que atua em 41 países.

“De que falamos? Estratégia. Como chegar lá, como influenciar, como transformar, quem fala com quem, quais são os problemas da humanidade, a preocupação que temos com o Afeganistão e a preocupação das mulheres no Afeganistão, das mulheres em todos os países em conflito armado e como podemos influenciar para garantir que as mulheres sejam atores de seu próprio futuro, agentes de seu próprio futuro e não vítimas de violência. 

O trabalho é longo, mas é empolgante. E quando nos reunimos, bem, acho que o mundo deve tremer um pouco porque usamos o poder e a influência que podemos ter para tornar o mundo mais igualitário, mais pacífico e um mundo melhor, não só para nós, mas para as gerações futuras.”

Em setembro, Espinosa deve retornar à ONU trazendo a segunda parte de um relatório sobre o progresso de mulheres em sistemas multilaterais. A primeira parte do documento foi entregue ao secretário-geral, António Guterres, em meados deste mês.

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FONTE : News.UN

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