MULHER

Estudo aponta que maioria das vítimas de feminicídio morreu em casa e nunca registrou boletim de ocorrência

Débora Siqueira | Sesp-MT

Relatório técnico produzido pela Superintendência de Observatório de Segurança Pública analisou os 62 casos de feminicídio em Mato Grosso no ano passado apontou que 74% dos casos o local do assassinato foi dentro da própria residência, enquanto 16% foram em via pública. Outro dado que chama a atenção é que 79% das vítimas não possuíam registros anteriores de violência doméstica, ou seja, nunca tinham feito boletim de ocorrência contra o agressor. Apenas 13% tinham registros de ameaça, porte de arma ou vias de fato.

Das 62 vítimas de feminicídio, 10 tinham medida protetiva, enquanto que 52 não eram assistidas por medida protetiva, seja porque não fizeram boletim de ocorrência ou porque não foram amparadas pelo direito pela Justiça.

A arma branca – facas ou outros meios cortantes – foi o principal meio empregado na prática do crime, 43 mulheres morreram dessa forma. Outras 11 foram mortas por arma de fogo e cinco pela força muscular e 3 casos por outros meios. A maioria das mortes foram nos finais de semana, pela madrugada.

As vítimas, em sua maioria, tinham idade de 25 a 45 anos, sendo que 42 casos a motivação para o crime foi passional, seguido por sexual e outros. A maioria dos assassinatos ocorreram no interior e 5 foram em Cuiabá.

O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, destacou que apesar do crescimento do registro de casos de violência doméstica, é necessário que as mulheres procurem a delegacia no primeiro sinal de ameaça.

“É muito difícil qualquer ação para um crime dentro do seio familiar, geralmente de madrugada, sem que alguém possa ouvir, e sem a comunicação da vítima da violência que padecia. Acredito que não é só a violência que está aumentando pela pandemia, mas que as mulheres têm comunicado mais e procurado a polícia”, destacou o secretário.

Bustamante diz ainda que os dados de feminicídio só não são maiores porque as mulheres têm feito boletins de ocorrência. “Temos muito mais registros de violência doméstica dos que roubos na baixada cuiabana. É mais do que o dobro de roubos. Contudo, em casos a ameaça à vida, a mulher deve buscar imediatamente a polícia e denunciar o agressor”.

O secretário destaca que a violência doméstica é mais do que um problema de segurança pública, mas cultural e social. “Muitas vezes perdoar a agressão paga-se com a vida, esconder uma violência, não colocar o caso sob a governabilidade das autoridades de segurança por vergonha ou por acreditar que não vai se repetir, também é perigoso. Por isso, a gente reforça para que denunciem para que a polícia, o Ministério Público, Defensoria e o Poder Judiciário possam agir”.

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