O papel social que os evangélicos vêm desempenhando no Brasil há décadas é algo já bastante reconhecido pela sociedade, não por acaso tem recebido o destaque, também, de profissionais da imprensa secular, como a jornalista da Folha de S. Paulo Anna Virginia Balloussier.
Autora do livro recém-lançado “Púlpito: fé, poder e Brasil dos evangélicos”, a comunicadora que desde 2010 vem cobrindo temas relativos ao mundo cristão, sociedade e política, concedeu uma entrevista onde destacou algumas questões que lhe chamaram a atenção ao longo desses anos.
A principal dessas questões, aparentemente, é o grande impacto comunitário causado pelo trabalho social dos evangélicos, algo que tem se revelado mediante a ausência do poder público, por exemplo, na lida com temas como a violência doméstica e o abuso de drogas.
“Geralmente a mulher é a primeira que entra para a igreja. E aí ela leva o marido que, muitas vezes, podia beber demais; há vários casos de violência doméstica, que depois de beber, o marido batia na mulher”, disse a autora à Revista Comunhão.
Após a entrada na igreja, a família adquire outra perspectiva de vida, seguindo princípios e valores que ajudam na lida com os problemas. Segundo a jornalista da Folha de S. Paulo, essa é uma realidade que a Igreja Católica, além do Estado, tem deixado a desejar.
“Quando a família se converte – não que seja tudo cor-de-rosa – mas de repente você tem a ideia de prosperidade diferente, a comunidade arranja [emprego] para quem está desempregado, ou consegue cesta básica, ou um tipo de suporte que o Estado, muitas vezes, falha em dar; e, a igreja católica, que já foi muito forte nessa área, tem sido negligente”, disse ela.
Atuação política
Outro ponto destacado pela jornalista da Folha de S. Paulo é o da participação política dos evangélicos brasileiros, algo que tem se intensificado a cada eleição, com um número cada vez maior de lideranças religiosas e instituições do segmento envolvidas no apoio aos candidatos.
Para Balloussier, esse contexto faz parte do processo democrático e reflete o cenário de franco crescimento dos evangélicos no país. “A ideia de que o evangélico não deve participar me parece um pouco estranha e até antidemocrática”, disse ela.
“É legítimo que qualquer grupo organizado lute pelas suas bandeiras, lute pelas suas visões de mundo. […] Eu diria que se você está jogando dentro das regras do jogo democrático, essa posição religiosa não só é bem-vinda, como é parte do jogo democrático”, concluiu.
FONTE : Gospel Mais