GOSPEL

Cultura quer confinar o cristianismo às 4 paredes da Igreja, alerta Voddie Baucham

Nas duas últimas décadas, as ferramentas da cultura secular para marginalizar a mensagem bíblica mudaram. No começo dos anos 2000, o humanismo era a grande ameaça, e agora, nos anos 2020, é o neomarxismo. O pastor Voddie Baucham, porém, diz que o inimigo é o mesmo: “No final das contas, é a mesma coisa”.

O ataque à verdade apresentada na Bíblia vem sendo intensificado, e boa parte dos esforços do pastor Voddie Baucham é alertar aos irmãos na fé e aos colegas de ministério sobre como a relativização se infiltrou no meio da Igreja de Cristo:

“A ideia de que ou não existe verdade ou que a verdade é uma construção social”, diz ele, se tornou quase que universal, com os fatos pouco importando: “Em ambos os casos, o cristianismo, e realmente qualquer outro que proclame que existe uma verdade absoluta, torna-se inimigo da ideologia do dia”.

Baucham publicou, em 2004, o livro The Ever-Loving Truth: Can Faith Survive in a Post-Christian Culture? (“A verdade sempre amorosa: a fé pode sobreviver em uma cultura pós-cristã?”, em tradução livre) falando sobre como o humanismo secular tentava enfraquecer a contundência da mensagem bíblica. Agora, o livro foi atualizado com conteúdo sobre o marxismo cultural, e a nova versão será lançada em setembro.

De acordo com o portal The Christian Post, Baucham traça paralelos no livro entre as experiências da Igreja primitiva na Roma pré-cristã e os desafios atuais, destacando a pressão para se conformar às ideologias predominantes e evitar contestar as normas culturais vigentes:

“Na Igreja primitiva, havia essa pressão para se conformar às ideologias religiosas da época. Havia uma pressão que dizia: ‘Tudo bem se você praticar o cristianismo; seu cristianismo simplesmente não pode interferir em nossa religião romana’. Hoje, vemos a mesma coisa. As pessoas estão dizendo: ‘Escute, eu não tenho nenhum problema com o cristianismo em si, contanto que o cristianismo permaneça dentro das quatro paredes da igreja e não tente se impor à cultura mais ampla’. Se esse cristianismo permanece dentro das quatro paredes da igreja, o cristianismo não o impede de se curvar aos ídolos do dia”, conceituou.

“No minuto em que seu cristianismo faz com que você se oponha ao casamento entre pessoas do mesmo sexo ou faça com que você se oponha ao aborto, ou faça com que você se oponha aos chamados ‘cuidados de afirmação de gênero’ e assim por diante, essas coisas que realmente são os ídolos da cultura atual – quando o seu cristianismo entra nesse reino, é nesse minuto que você experimenta as várias formas de oposição e potencialmente perseguição”, acrescentou.

No mundo do século XXI, que o pastor define como era pós-cristã, apenas certas versões enfraquecidas do cristianismo são “aceitáveis”, como o “evangelho social diluído, o banco de alimentos e o tipo de versão do cristianismo do tipo de ativista político de esquerda”.

“Essas coisas sempre foram boas porque removem a ofensa do Evangelho. Uma vez que a ofensa do Evangelho está lá, então, de repente, estamos fora da cena”, pontuou, lembrando que a cultura vem moldando a compreensão de mundo e vida no Ocidente há muito tempo, e dessa forma, constrangendo os cristãos a não a confrontarem.

O resultado prático disso é que os cristãos no Ocidente, no século XXI, não sabem como reagir ou transitar em um mundo onde a verdade bíblica não é mais a influência dominante, mas percebidas como detestáveis: “Não sabemos como responder. Realmente não sabemos o que fazer. Não sabemos jogar quando não é no nosso estádio”, disse.

“Não temos ideia de como abordar as pessoas e a cultura quando nossas suposições não apenas não são mais dominantes, mas são percebidas como vis e completamente detestáveis por nossa cultura. Temos a tendência de recuar e ser pegos desprevenidos”, lamentou Baucham.

Grande parte do problema decorre de dentro da própria igreja moderna, já que muitos pastores têm contribuído para o desafio, afastando-se dos fundamentos do Evangelho para reunir pessoas com base em pontos em comum não essenciais:

“Começamos a construir igrejas – e, na verdade, uso esse termo livremente porque, em muitos casos, não são igrejas – e reunimos pessoas com base em pontos em comum que não eram centrados no Evangelho. Reunimos pessoas porque gostávamos do mesmo tipo de música ou estávamos na mesma classe social. Tínhamos essas coisas como nosso alicerce em vez de ter o Evangelho como nosso alicerce”.

O desprezo das universidades

Um dos maiores culpados pela remoção da verdade bíblica da sociedade, na visão de Baucham, são as universidades e instituições de ensino superior. No livro a ser relançado, o pastor destaca a necessidade de os cristãos estarem atentos aos preconceitos presentes na academia, um ambiente que ele disse não apenas promover agendas ímpias, mas “desprezar” o Evangelho:

“Não apenas a Academia despreza o Evangelho, mas a Academia também despreza a cosmovisão bíblica de forma mais ampla. Por exemplo, se você é uma pessoa que acredita que existe um Deus que criou o mundo – esqueça a Terra Jovem, apenas uma pessoa que acredita que Deus criou o mundo – você não merece respirar, muito menos se chamar de acadêmico. A Academia não apenas despreza o Evangelho, mas também uma cosmovisão cristã, uma cosmologia cristã, uma moralidade cristã”, enfatizou.

Os acadêmicos agem como se o ambiente universitário fosse a “igreja da era moderna”, em referência à Idade Média: “A Academia é onde encontramos os padres da era moderna. A Academia é onde você vai para experimentar os sacramentos da era moderna. É a igreja da cosmovisão secular humanista, pós-moderna e neomarxista. O cristianismo bíblico está em total oposição a essa religião em particular e a esses porteiros”.

À luz dessa realidade, os crentes devem estabelecer limites claros, como os primeiros apóstolos. E isso, segundo ele, começa com os cristãos do Ocidente reconhecendo que seu domínio histórico e influência cultural foram notáveis, mas não a norma em toda a história cristã.

“Temos que reconhecer que fizemos uma grande corrida. E precisamos louvar a Deus por isso e orar para que essa grande corrida não acabe completamente, mas precisamos reconhecê-la pelo que é. Precisamos reconhecer que essa oposição não significa que fizemos algo errado. Um dos equívocos é que vivemos essa grande corrida porque fomos de alguma forma incomuns, especiais e notáveis. E nós não somos; não somos mais piedosos, não somos mais especiais, não somos mais notáveis do que as pessoas que vivem em lugares onde são perseguidos e onde o Evangelho nunca realmente criou raízes ou se firmou. Estamos apenas providencialmente colocados neste cenário particular. Temos que remover essa noção de que de alguma forma fomos ótimos e merecemos o favor que recebemos”, exortou.

O inevitável confronto

Baucham incentiva os cristãos a se prepararem para a oposição que enfrentarão em uma cultura pós-cristã, sabendo no que acreditam e estando prontos para defender sua fé e também enfrentar as consequências de permanecerem firmes em suas crenças, mesmo que isso signifique repercussões desagradáveis.

O pastor, que publicou o livro Família Guiada pela Fé (2011) falando sobre como criar filhos para andarem com Deus, afirmou que parte dos esforços de rejeição à influência da cultura moderna sobre a Igreja envolve a responsabilidade de criar filhos para conhecerem e temerem ao Senhor:

“Precisamos tirar nossos filhos das escolas públicas”, disse, citando Lucas 6:40. “Temos muitas pessoas entrando em guerra com o sistema escolar hoje por causa das coisas que vemos que são ultrajantes. Mas houve coisas ultrajantes que não víamos há décadas, e isso é apenas a ponta do iceberg. Precisamos levar a sério não apenas o discipulado de nossos filhos em termos de ensinar-lhes o que assim diz o Senhor, mas também levar a sério o discipulado de nossos filhos em termos de dar-lhes uma educação cristã completa, banhada em uma cosmovisão cristã para que possam ser preparados para enfrentar esta cultura em vez de serem batizados nela”.

A verdade bíblica nunca muda, independentemente das mudanças na cultura: “Minha esperança é sempre que as pessoas vejam, ouçam e encontrem a pessoa e a obra de Jesus Cristo, e que vejam as poderosas implicações e aplicações da verdade do Evangelho no que escrevo”, declarou.

“Espero despertar algumas pessoas que precisam ser despertadas neste momento, encorajar algumas pessoas que precisam ser encorajadas e lembradas de que existem centenas de profetas que não dobraram os joelhos a Baal, fortalecer e capacitar aqueles que estão dispostos a permanecer no meio desta oposição”, encerrou Baucham.


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FONTE : Gospel Mais

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