Se você tem acne, é muito possível que já tenha se aproximado – e até usado – um produto com ácido glicólico. Mas ele vai muito além dessa indicação e, na verdade, há uma série de razões para considerar o seu uso na pele – ele pode ajudar com poros entupidos, manchas escuras causadas pelo sol, melhorar a superfície cutânea, dentre outros benefícios.
“Mas antes de adicionar um limpador de ácido glicólico ou um creme de tratamento a sua rotina diária, é importante entender como esse esfoliante funciona exatamente e as melhores maneiras de usá-lo. O ácido glicólico faz parte de um grupo de compostos químicos chamados alfa-hidroxiácidos (ou AHAs). Os alfa-hidroxiácidos dissolvem as ligações que prendem as células mortas e opacas na superfície da pele. Essas células então se desprendem suavemente, revelando uma pele mais lisa e brilhante por baixo”, explica Lilian Brasileiro, médica membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Os AHAs, incluindo os ácidos glicólico e láctico, são solúveis em água (dissolvem-se em água), o que torna seus poderes descamativos mais eficazes na camada superior da pele. “É exatamente por isso que eles ajudam a resolver problemas superficiais, como linhas finas, hiperpigmentação e cravos pretos. Eles são diferentes dos beta-hidroxiácidos ou BHAs (um exemplo comum é o ácido salicílico), que são solúveis em óleo e, portanto, capazes de passar pela oleosidade natural da pele e penetrar mais profundamente nos poros para desobstruí-los”, explica Lilian Brasileiro. De todos os AHAs, o ácido glicólico é composto pelas menores moléculas. “Isso significa que pode penetrar mais facilmente na superfície da pele, o que pode torná-lo mais eficaz como esfoliante”, acrescenta a médica.
Dentre os principais benefícios de adicionar ácido glicólico à rotina de cuidados com a pele está o de deixar a pele mais lisa. “É por isso que ele está presente em peelings químicos e esfoliantes. Há até tratamentos em clínica que usam soluções contendo esse ácido. É o caso do Hydrafacial, procedimento que combina em uma de suas etapas o ácido glicólico com o ácido salicílico para limpar, revitalizar, hidratar, purificar o tecido cutâneo e ainda desobstruir os poros”, explica a médica.
“Quando falamos em peelings, o nível de esfoliação depende da concentração de ácido glicólico. Na maioria das formulações de venda livre, a porcentagem varia de 5 a 10%. Os peelings químicos feitos no consultório médico, por outro lado, costumam ter 30% ou mais, razão pela qual os tratamentos profissionais têm maior probabilidade de causar descamação”, diz a médica. Com produtos caseiros, manter uma concentração de 10% ou menos pode ajudar a prevenir a inflamação, de acordo com Lilian Brasileiro.
Por ser tão eficaz na remoção da camada superior da pele, o ácido glicólico também pode ser benéfico para eliminar manchas e diminuir os poros. “A esfoliação química pode ajudar as pessoas com acne, limpando as células mortas da pele e os resíduos que obstruem os poros. Sua capacidade de acelerar a renovação do tecido superficial ajuda a tratar as hiperpigmentações, na medida em que remove o excesso de pigmento”, explica Lilian.
“Em alguns casos, porém, pode ter o efeito oposto. Especialmente se você tem tendência à hiperpigmentação (um problema comum em pessoas com tons de pele castanhos médios a escuros, por exemplo, porque o corpo já produz melanina extra, o que pode causar manchas escuras), o ácido glicólico pode piorar o problema, principalmente em altas concentrações, o que pode causar inflamação e desencadear hiperpigmentação”, diz a médica. “Já para pacientes que tem manchas, mas apresentam sensibilidade na pele, podemos recomendar o uso de uma a duas vezes por semana, para manter a pele mais calma”, diz Lilian.
Outro benefício é agir no espessamento da pele, já que o ácido glicólico é referendado pela ciência como um ingrediente que ajuda a produzir colágeno. “Essencialmente, quando o ácido glicólico remove a camada superior das células mortas, células novas e saudáveis entram em ação para substituí-las. E uma pele mais espessa e cheia de colágeno pode ajudar a proporcionar aquela suavidade e elasticidade facial que você acabou de obter”, diz a médica.
Mas atenção, nada de sair combinando o ácido glicólico com qualquer ingrediente. “Retinol, por exemplo, é um ingrediente ativo que você provavelmente não deveria misturar com ácido glicólico ao mesmo tempo, já que essa combinação super forte pode causar ardência e descamação irritantes. Como ambos os ingredientes ajudam a eliminar camadas de células mortas, usá-los juntos pode danificar muito a barreira da pele e causar aspereza e irritação, especialmente se você tiver pele sensível. A recomendação tem que ser médica”, alerta Lilian.
Para incluir na rotina, ainda vale a pena usá-lo apenas antes de dormir, e não de manhã, antes de sair, por exemplo. “Os produtos de ácido glicólico deveriam ter ‘alertas de queimadura solar’, pois podem torná-lo mais sensível aos raios UV. É por isso que toda vez que usar um produto com esse ingrediente à noite, no dia seguinte é necessário limpar a pele e aplicar um protetor solar de “amplo espectro” com FPS 30 no mínimo (o que é sempre uma ideia inteligente, quer você aplique ácido glicólico ou não)”, destaca a médica.
Falando em sensibilidade, é possível minimizar os efeitos potencialmente irritantes e secantes do ácido glicólico combinando-o com um hidratante. “Se o produto glicólico for um sérum, você vai aplicá-lo na pele limpa antes de hidratar. Se for um hidratante, aplique depois de um sérum hidratante”, sugere. “E caso você não se dê bem com esse ingrediente, fique tranquilo, o médico poderá indicar outras substâncias”, finaliza.
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Fonte: Mulher
FONTE : MatoGrossoNews