Da Redação – Olhar Direto – Max Aguiar
Os atestados apresentados pela defesa da adolescente de 14 anos, que matou Isabele Guimarães Ramos, com um disparo supostamente acidental, no condomínio de luxo Alphaville, em Cuiabá, mostram que a menor tem dificuldades em lidar com o ocorrido, tendo crises de choro, vômitos e dificuldade para lembrar dos fatos. Os documentos serviram como base para pedir que ela não participe da reconstituição, que acontece nesta terça-feira (18).
Conforme relatório psicológico, a adolescente tem apresentado sintomas de sofrimento de ordem psicológica e física desde a ocorrência dos fatos. A mãe dela relatou que nas duas primeiras semanas após a morte de Isabele, sua filha apresentou estado emocional exacerbado, com episódios de vômitos, falta de ar, batimento cardíaco acelerado, medo, sono perturbado e crises de choro.
“Em atendimentos com a adolescente, foi observado introversão, com dificuldades de falar sobre os fatos ocorridos, visto que esses promovem sofrimento, porém, conseguiu relatar suas emoções. Quando entrevistada sobre seu estado emocional em seu dia a dia, após a ocorrência dos fatos, foi possível observar sintomas de ansiedade e estresse”, diz trecho do documento.
Entre os sintomas observados estão: preocupação, com pensamentos de perigo e de que algo terrível ainda possa acontecer; dificuldades de lembrar-se de detalhes dos fatos ocorridos; evitação de situações, lugares e lembranças que promovem a ansiedade, inquietação e facilmente assustada; estado de medo, ansioso e oscilação do estado emocional, sendo ora triste, com medo, chorosa, ora estável; cansaço fácil, dor de cabeça, batimento cardíaco acelerado, tontura, vertigem, náusea, dificuldades para engolir e dificuldades com o sono e qualidade de sono, quando não está sob medicação.
A participação da adolescente, conforme o relatório psicológico, poderia fazer com que ela sofresse crises de ansiedade, pânico, bloqueio, crises de choro e tremores, trazendo interferência negativa para sua saúde.
A menor recebeu “diagnóstico de Reação Aguda ao Estresse na data do exame pelo fato dos sintomas estarem presentes há menos de 30 dias desde o evento estressor, já que períodos de evolução maior caracterizariam Transtorno de Estresse Pós-Traumático, situação possível de ocorrer dependendo da evolução e persistência dos sintomas nas próximas semanas”.
A Polícia Civil de Mato Grosso e Perícia Técnica e Identificação Oficial (Politec) realizam a partir das 18h30 desta terça-feira (18), a reconstituição da morte de Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, ocorrida no dia 12 de julho, no Condomínio Alphaville, em Cuiabá. Na reprodução será verificada se a versão da adolescente é possível e compatível com os laudos da perícia. O acesso ao local será permitido apenas aos servidores da Segurança Pública.
A reconstituição será realizada por meio da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA) e da Delegacia dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cuiabá (Deddica), com objetivo de esclarecer qualquer dúvida que ainda exista na investigação quanto às versões apresentadas.
Serão reproduzidos cada movimento efetuado pelas partes, para apontar a compatibilidade das versões apresentadas na investigação. Após a reconstituição, os delegados que presidem o inquérito irão analisar se serão necessários novos depoimentos.
O delegado Wagner Bassi estima que a conclusão do inquérito deva ocorrer em dez dias após a elaboração do laudo pericial da reprodução. Este prazo pode variar de acordo com a complexidade do ato.