Apesar de ser uma época de festas e popularmente associada à felicidade, o mês de dezembro e a virada do ano também podem despertar ansiedade, melancolia e sensações de fracasso e frustração. É a chamada síndrome de fim de ano, ou também dezembrite.
O psicólogo Filipe Colombini, da Equipe AT, explica que a síndrome de fim de ano não se trata exatamente de um quadro clínico, nem faz parte da lista de doenças reconhecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas é sim uma constatação popular e cultural sobre um conjunto de sentimentos que surge, especificamente, de novembro a janeiro.
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À Agência Einstein, a psicóloga Julia Rigueiro Silva, do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma ainda que a síndrome de fim de ano pode afetar qualquer pessoa e é uma forma de nomear um estado emocional, seja por fazer um balanço do ano que está terminando, seja por trazer lembranças e lutos não elaborados.
O que pode desencadear o problema?
A psicóloga Katherine Sorroche afirma que os sintomas mais recorrentes nesta época incluem estresse elevado, ansiedade, exaustão, maior irritabilidade, melancolia, saudosismo e um forte sentimento de frustração. Quadros prévios de ansiedade e depressão também podem ser agravados.
E são várias as razões que explicam a síndrome de fim de ano. O encerramento do calendário leva geralmente a uma revisão das metas dos últimos 12 meses e, em muitos casos, à constatação que várias delas ficaram incompletas.
A mudança de ano também acaba sendo um momento de transição e de redefinição dessas metas, o que pode jogar pressão e temor pelo que está por vir diante de expectativas sobre trabalho, estudo, família, filhos, acúmulo de tarefas, sensação de vazio, solidão, falta de tempo, dificuldades de relacionamento e saúde financeira — e o equilíbrio entre esses e tantos outros aspectos da vida.
Por fim, o clima de celebração e as reuniões com familiares, amigos e colegas de trabalho, especialmente no Natal, podem revelar possíveis conflitos que não estejam bem digeridas.
“Frente à pressão social para que essa seja uma época de comemorações, de alegrias e de encontros, às vezes as pessoas precisam lidar com situações frustrantes e mal resolvidas”, diz a psicóloga Julia Rigueiro Silva à Agência Einstein.
“Muitas vezes, a rede familiar é a que invalida, julga e pune, intensificando sintomas em quem possui transtornos psiquiátricos”, afirma Filipe Colombini ao R7.
“Neste período, os sentimentos e as recordações ficam mais aflorados. As reuniões em família podem ativar o sentimento relacionado à perda e à memória afetiva de pessoas que já se foram”, complementa a especialista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Época marcada pelo estresse
Katherine Sorroche diz ainda que, segundo uma pesquisa realizada em 2019 pela Isma-Brasil (International Stress Management Association-Brasil), com a proximidade do fim de ano, o nível de estresse aumenta 75% em dezembro, em média.
O levantamento, feito com mais de 600 pessoas entre 25 e 55 anos, mostra que 75% delas ficam mais irritadas, 70% mais ansiosas, 80% sentem a tensão no corpo e 38% têm problemas para dormir.
Pelo fato da síndrome de fim de ano não se caracterizar como uma doença, não existe um tratamento específico para suas ocorrências.
No entanto, é importante esses sentimentos sejam validados, e que estratégias para lidar com eles sejam buscadas. Veja algumas sugestões dos profissionais ouvidos pelo R7:
• Busca de autoconhecimento por meio de apoio psicológico;
• Reflexão sobre os erros, de modo a compreendê-los, aceitá-los, entender suas causas e aprender com eles;
• Desenvolver e manter hábitos saudáveis, como uma rotina de sono adequada, alimentação saudável e prática de atividades físicas, preferencialmente ao ar livre;
• Exercitar o autocuidado e seus momentos de pausa, buscando atividades que te nutram emocionalmente;
• Ter ou buscar uma rede de apoio;
• Estabelecer compromissos pessoais para o próximo ano que sejam realistas e, principalmente, que tragam sentido, significado, satisfação e realização pessoal.
“A síndrome de final de ano tende a atingir pessoas que estão insatisfeitas e não realizadas em alguma área da vida: profissional, afetiva, financeira, saúde física, familiar, conjugal. Que tal reavaliar e estabelecer compromissos reais e firmes consigo para o próximo ano?”, finaliza Katherine.
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noticia por : R7.com