O deputado federal reeleito Otoni de Paula (MDB-RJ) criticou duramente o presidente Jair Bolsonaro (PL) pela postura que ele assumiu após a derrota nas urnas para Lula (PT).
Vale destacar que, Otoni também é pastor e um dos aliados mais assíduos do presidente Bolsonaro.
As declarações do parlamentar foram dadas em entrevista a um portal de notícias. O pastor disse que Bolsonaro não tem o direito de ficar em silêncio enquanto apoiadores acampam há 40 dias em quartéis, afirmando que a atitude do chefe do Executivo “beira a covardia”.
O deputado também aconselhou os manifestantes que estão acampados em frente aos quartéis a voltarem para casa, afirmando que eles irão ser presos a mando do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
“Eu sempre fui um aliado do presidente Bolsonaro que teve coragem de desentoar em alguns momentos. Assim como agora subi à tribuna essa semana para pedir ao presidente Bolsonaro que tome uma decisão e que comunique essa decisão ao seu povo. Seja ela qual for. Mesmo que seja a mais triste e dolorosa, de que nada será feito”, disse Otoni de Paula ao Jornal da Cidade Online.
“Mas o silêncio do presidente, e pior do que o silêncio do presidente, as frases enigmáticas, as fotos enigmáticas… isso tudo está fazendo tão mal ao nosso povo que chega a beirar uma covardia, uma manipulação do povo”, completou.
“Pessoas estão se divorciando, estão com crise no casamento porque resolveram acampar mais de 40 dias na frente de quartéis. Temos brasileiros que perderam o emprego, que estão em situação lamentável, movidos pelo amor à pátria e pela confiança ao presidente da República. Ele não tem o direito de estar em silêncio ou de liberar frases enigmáticas. O presidente precisa falar claramente ao seu povo. Se ele não fizer isso, sairá pequeno. Sofrerá a maior derrota de todas, que não será a das urnas, porque nas urnas, ele ainda saiu grande demais, com um capital político maravilhoso. Mas, se não parar de blefar, aí sim sua derrota terá sido avassaladora”, disse.
O parlamentar disse também que, quando encontrou Bolsonaro dias após a derrota, já sabia que nada seria feito.
“Eu o encontrei muito abatido, já com aquela ferida na perna, e estava psicologicamente muito abatido. Naquele momento, tive a certeza de que nada seria feito. É óbvio que o que pude conversar com o presidente, eu não posso dizer aqui, e seria leviano da minha parte dizer que ouvi dele que nada seria feito, mas eu cheguei a essa conclusão”, disse Otoni de Paula.