Durante a visita ao Brasil, a partir desta terça-feira (26), o presidente da França, Emmanuel Macron, deve discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva temas como o acordo entre Mercosul e União Europeia e os conflitos entre Israel e o grupo terrorista Hamas e entre Ucrânia e Rússia. Acordos de cooperação e ações estratégicas de defesa também vão ser tema da reunião dos dois.
Sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, a embaixadora Maria Laura Escorel de Moraes, que atua como secretária de Europa e América do Norte, disse que houve uma pausa nas negociações, mas que o processo não foi suspenso.
“Essa pausa se dá em função das eleições no parlamento europeu. É um momento em que os técnicos continuam se falando, dos dois lados. Há um entendimento muito bom entre os dois lados, mas na prática há uma pausa para aguardar a eleição”, disse.
Macron é um dos presidentes europeus mais críticos ao acordo entre Mercosul-União Europeia. A avaliação dele é de que as negociações podem afetar negativamente a competitividade dos franceses em relação aos sul-americanos, principalmente, na questão agrícola. As negociações devem ser retomadas neste segundo semestre, e a expectativa do lado brasileiro é de que haja uma conclusão ainda neste ano.
Maria Laura destacou que o tratado é discutido entre o Mercosul e a comissão europeia. “Não é com países da União Europeia individualmente. E a maioria dos países é favorável ao acordo”, respondeu a secretária quando questionada sobre as declarações críticas de Macron ao tema.
“É uma pausa, e assim que as novas autoridades forem eleitas, tanto da Comissão Europeia quanto do conselho europeu e do parlamento europeu, a negociação continuará.”
Recentemente, Lula comentou sobre o posicionamento da França e as críticas de Macron.
Combustível nuclear
Como mostrou o R7, Lula deve conversar com Macron sobre uma possível cooperação na oferta de combustível do primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear. O equipamento é desenvolvido pela Marinha brasileira e vai receber o nome de Álvaro Alberto, em homenagem ao patrono da ciência, tecnologia e inovação da Marinha. A previsão de entrega é até 2033.
O submarino armado com propulsão nuclear passou a ser oficialmente projetado em 2008, com a assinatura do Prosub (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), criado por meio de parceria estabelecida entre Brasil e França.
O decreto que estabeleceu o programa prevê que o apoio francês ao Brasil será restrito à concepção e à construção “da parte não-nuclear” do submarino.
Os dois países cogitam renegociar esse trecho do decreto. “Nós acreditamos que, sim, que é uma área em que talvez houvesse uma resistência no passado, mas hoje já há conversas sobre essa possibilidade, de que a França coopere conosco, inclusive, nesse aspecto à luz da energia nuclear, do combustível nuclear”, afirmou a embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores.
Para proteger os 8,5 mil quilômetros de costa, a Marinha investe na expansão da força naval e no desenvolvimento da indústria de defesa. Parte essencial desse investimento é o Prosub. O programa contempla três projetos:
• construção da infraestrutura industrial e operacional;
• construção e operação de quatro submarinos da classe Riachuelo (que pode realizar operações de ataque, esclarecimento e especiais); e
• construção e operação do primeiro submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear.
O presidente francês desembarca em Belém (PA) nesta terça-feira (26) e segue no dia seguinte para Itaguaí (RJ), onde participa ao lado de Lula do lançamento ao mar do Tonelero, um submarino convencional com propulsão diesel-elétrica.
O equipamento, construído pelo Prosub, tem 71 metros de comprimento e possui deslocamento submerso de 1.870 toneladas. Depois de colocado na água, será submetido a teste para avaliar as condições de estabilidade no mar e os sistemas de navegação e combate.
noticia por : R7.com