BRASIL

Desigualdade de gênero: Maternidade e preconceito barram ascensão de mulheres a cargos de liderança


A discrepância de representação feminina em altos cargos de liderança é um tema amplamente discutido na atualidade. Gabriela Lotta, doutora em ciência política e vice-presidente do conselho da República.org, explanou sobre esta questão em entrevista recente. Segundo a especialista, o motivo da disparidade anda de mãos dadas com a discriminação de gênero e um dos grandes desafios enfrentados pelas mulheres: a maternidade.

Nesses postos de liderança, muitas vezes a indicação ocorre por intermédio político. Esta rede do poder, fortemente masculina, em alguns casos alimenta o preconceito contra mulheres e consequentemente os altos cargos são majoritariamente ocupados por homens. As mulheres, mesmo as mais qualificadas, acabam sendo deixadas para segundo plano devido ao estereótipo de que não conseguirão se dedicar inteiramente devido às responsabilidades da maternidade.

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Por que a maternidade impacta a progressão profissional das mulheres?

“Quando estas mulheres alcançam posições de poder e também são mães, muitas vezes são prejudicadas. Durante a licença-maternidade elas precisam ser substituídas e quando retornam, os horários são mais restritos devido ao acúmulo de trabalho doméstico”, explica Gabriela Lotta. Esta circunstância acaba incentivando a indicação de homens, perpetuando um ciclo de desigualdade.

Foto: Reprodução/contee

A feminização das “profissões do cuidado”

Lotta também aborda outro fator nessa equação: as mulheres ocupam majoritariamente, no serviço público, aquelas que ela denomina de “profissões do cuidado”, como professoras, as quais normalmente pagam os menores salários. Segundo a pesquisadora, os salários iniciais nessas profissões mal alcançam R$4 mil, muito contrastantes com cargos mais promissores financeiramente, como procuradores e juízes, que começam a carreira com salários de aproximadamente R$20 mil.

Como combater a desigualdade de gênero no ambiente profissional?

Para a doutora Gabriela Lotta, a implementação de cotas afirmativas para mulheres nos concursos e investimento na formação de lideranças femininas são caminhos possíveis para abater a desigualdade.

Este cenário de disparidade pode ser observado em outras esferas, como na diplomacia. Segundo dados do Itamaraty, das 213 unidades diplomáticas do Brasil ao redor do mundo, apenas em 34 as mulheres ocupam cargos de chefia.

Irene Vida Gala, subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo, declara que a política externa brasileira precisa atender aos anseios de sua população, e não apenas de uma elite branca e masculina.

noticia por : R7.com

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