Da Redação – Pr. GEZIEL COSTA
Israel é um termo conhecido mundialmente, cuja semântica mais precisa o apresenta como uma Nação, mas poucos conhecem o seu início ou sabem todo o contexto espiritual que nele está inserido. Como os demais povos, os israelitas não foram constituídos a partir de um vácuo. A nação forte e tão confrontada que vemos ou ouvimos falar hoje, por meio dos noticiários, foi criada a partir de uma promessa feita a um homem a mais de 2 mil anos. Deus escolheu Abraão para suscitarpara si um povo e a esse povo Ele chamou de Israel. Esse é o grande diferencial. Israel nasceu no coração de Deus, Ele mesmo a planejou, edificou, sustentou e ainda tem sustentado.
Após a queda do homem no Éden, a humanidade necessitava ser religada a Deus. A partir desse pressuposto o Senhor, com sua infinita sabedoria e presciência, traça um plano de redenção para as suas criaturas. Para que o seu propósito se cumprisse foi preciso a escolha e separação de um povo pelo qual o Salvador do mundo pudesse se originar. Com esse motivo principal Deus aparece ao Patriarca Abraão e o faz a ele três grandes promessas: de fazer dele uma grande nação; e que dará a terra de Canaã a sua semente; e que toda as nações do mundo seriam abençoadas por intermédio dele. O presente trabalho tratará sobre esses assuntos e foi dividido em três capítulos.
No capítulo I, intitulado de “ Abraão e o chamado de Deus, será apresentada como se deu o chamado de Deus ao patriarca. As promessas que Deus fez a ele e como elas foram se cumprindo no decorrer das páginas do livro de Gênesis, os fatores que determinaram a criação da Nação de Israel e os desafios enfrentados por Abraão e seu filho Isaque.
No capítulo II, uma terra para morar, é exposto oscomo Deus cumpriu em Moisés e Josué, mais uma das promessas feitas a Abraão. Desde a saída do Egito, guiados por Moisés, o povo marcha rumo a Terra Prometida. Em Josué, guerreiro de Deus, a conquista da terra é verdadeiramente conciliada.
E por fim, o capítulo III chamado “ uma benção para todos os povos” é apresentado Jesus Cristo, osalvador do mundo, que era descendente de Abraão. Ele veio para salvar todas as pessoas do pecado. Sua morte e ressurreição abençoa pessoas em todo mundo e nele se cumpriu a promessa feita a Abraão.
O Senhor disse a Abrão: ‘Sai da tuaterra, da tua parentela e da casa doteu pai e vai para a terra que eu temostrarei. Eu farei de ti um grandepovo, eu te abençoarei,engrandecerei teu nome; sê umabênção! Abençoarei os que teabençoarem e amaldiçoarei aqueleque te amaldiçoar. Por ti serãoabençoados todos os povos da terra’ (Gn 12,1-3).
Em Ur dos Caldeus, localizado na Mesopotâmia, vivia um homem chamado Terá e sua família, dentre seus filhos um chamado Abrão (Gn 11,27). Abrão teve dois irmãos: Naor e Arã, que foi o pai de Ló. Após a morte de Arã (Gn 11,28), Terah, seu pai, migrou com seus dois filhos, noras e neto para a cidade de Harã e aí morreu com 205 anos (Gn 11,31-32).
De acordo com Alexandre (2014, p.13)
O ambiente em Ur era intensamente idólatra e degenerado. Eles adoravam o fogo, o sol, a lua e a deusa da fertilidade, havendo em seus rituais a prática de orgias e prostituição. “Sin”, o deus-lua, era o padroeiro desta cidade.
Deus chamou abraão do meio da idolatria de Ur do Caldeus, ele não conhecia o verdadeiro Deus e não havia feito nada para merecer conhecê-lo, mas, em sua graça, Deus o chamou.
O ser humano conhecia, desde Adão, o verdadeiro Deus, mas mesmo assim recusou-se a lhe servi, adorare dar graças pela sua bondade e provisão, colocando idolos em seu lugar. A idolatria do povo os levou a imoralidade e á indecência, e não demorou para que os homens se tornassem tão corrompidos a ponto de Deus desistir deles. Então Deus chama Abraão para começar de novo, agora ele escolhe um homem para dar inicio a sua nação, seu povo escolhido.
O Senhor vê algo de especial nesse jovem casal, Abrão e Sarai. Eles eram um casal improvável e nada promissor, pois. Sarai era estéril. Mas mesmo assim Deus os chama a abandonar esse ambiente pecaminoso para dar início, através deles, a um novo capítulo na história da raça humana.
O Senhor diz a Abraão “sai” da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai. Para atender a essas ordenações Abraão teve que romper laços importantes como: abandonar sua própria nação, seus familiares, seus laços maternos. Deus sabia da importância que isso tem na vida de alguém e estava provando Abraão. Ele deveria deixar tudo e ter para si só o horizonte a frente, devia partir na noite escura, rumo ao desconhecido, sem possibilidade de retorno, acreditando unicamente na Palavra do Senhor. A resposta de Abraão vem logo em seguida (Gn 12,4) “ Partiu Abraão, como Deus lhe ordenara”.
Matthew Henry (2008) coloca que:
Abraão não apresenta resistências a Deus, nem indica as suas fraquezas e dificuldades para a missão para a qual é chamado, também não demonstra dúvidas com relação à missão que lhe é apresentada, nem busca negociar condições (Gn 18,22-33). Ele responde com total confiança por meio do seu gesto de partir. Isso significa, para Abraão, abandonar aquilo que é seguro e ir para um lugar distante e desconhecido, algo que só é possível de ser visto aos olhos da fé: confiar na Palavra do Senhor. Ele se põe a caminho: “Abrãao partiu, como lhe disse o Senhor”
Então com a idade de 75 anos Abraão mudou-se de Harã com todos os seus bens, junto com Sara, sua mulher, e Ló, seu sobrinho. Chegaram à Canãa onde fixou-se onde estavam os cananeus. Primeiro em Siquém, e até ao carvalho de Moré, depois próximo a Betel e Ai. Por causa da fome que assolava a região emigrou para o Egito.
ALEXANDRE (2014, p.14) coloca que
Abrão, diante dessa prova, desobedece a Deus e vai para o Egito, pois lá o Nilo fornecia água em abundância para o gado e as plantações. No Egito ele passa por situações muito difíceis. Depois ele sai do Egito, se separa de Ló e passa a habitar em Canaã, de onde não deveria ter saído.
Abraão e Sara não eram perfeitos, mas de um modo geral, sua caminhada sempre foi baseada na fé que eles depositavam em Deus. Quando Abraão desobedecia a Deus ele sempre sofreu por isso e sempre foi levado ao arrependimento. Deus estava sempre pronto a perdoá-lo, reforçando as promessas feitas a ele.
Warren W. Wiersbe (2009) assevera que:
Ao estudar a vida de Abraão e Sara, você verá o que é fé e como andar pela fé. Descobrirá que, quando você confia no Senhor, nenhuma provação é impossível de vencer e nenhum fracasso é permanente.
Abraão confiou em Deus por toda sua vida, mas quando sua idade vai se aproximando aos 100 anos, ele começa a se preocupar e questionar as promessas de Deus, a sua idade e a de sua mulher Sara já estão avançadas, como então o Senhor faria dele pai de uma grande nação? Como dele sairia a nação maior que as inumeráveis estrelas do céu e areia do mar?
1.2 A Promessa da Dencendência
Abrãao se estabelece definitavamente em Hebrom e o tempo foi passando, a promessa parecia tão distante e tão impossivel que ele começa a se preocupar com o cumprimento das promessas feitas por Deus, pois já era avançado de idade e ainda não tinha filhos.
Ele diz
“Ó Senhor Deus, que me darás, visto que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: A mim não me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro. ”(Gn.15:2,3).
Apesar de Abraão querer ajudar a Deus para o cumprimento da promessa, esse não era os planos de Deus e ele rejeita essa decisão de Abraão, dizendo a ele que ele teria um filho com sua esposa Sara e que sua descendência seria inumerável.
Como assevera Matthew Henry (2008)
O Senhor levou Abrão para fora, e mostrou-lhe as estrelas (esta visão deve ter ocorrido muito cedo, antes do raiar do dia), e então lhe disse: Assim será a tua semente, tão numerosa. As estrelas parecem incontáveis para um olho comum: Abrão temia não ter nenhum filho, mas Deus lhe garantiu que os descendentes dos seus lombos seriam tantos que não poderiam ser contados.
Apesar de acreditar nas promessas de Deus, Abraão e Sara cometiam muitos erros na tentativa de prover meios para as promessas se realizarem. Sara, vacilando em sua fé, propõe dar ao seu marido uma de suas escravas, Agar, egípcia, a fim de que está lhe desse um filho. Mas como esse não era o plano de Deus, quando a escrava engravidou, desprezou a sua senhora e vangloriou-se de que os seus filhos seriam um dia os herdeiros de Abraão. Os erros de Abraão e Sara só trouxeram para eles sofrimentos, e o nascimento de um filho ilegítimo, Ismael. Porém o Senhor não tinha nenhuma intenção de fazer de Ismael o descendente da promessa. Sua promessa envolvia não só Abraão, mas Sara também, e o filho da promessa seria filho dos dois apesar das circunstâncias serem impossível “Existe alguma coisa impossível para o Senhor?
Quando o Senhor reafirma a promessa de um filho a Abraão e Sara, a reação foi o riso, pois a idade dos dois eram muito avançadas.Sara havia carregado consigo o fardo da esterilidade durante muitos anos. Aliás, um fardo extremamente pesado naquela cultura e naquela época. Era dificil para ela acreditar que teria um filho, ela não havia conseguido depois de tantos anos que viveu como esposa de Abraão. Então a promessas de um filho a uma mulher de 90 anos estéril e a um homem de 100 anos parecia mesmo impossivel.
1.3 Isaque
Isaque nasce! Nem a esterilidade nem a idade avançada dos pais, foi empecilho para o cumprimento das promessas de Deus feitas a Abraão e a Sara. Seu nome segundo o Dicionario Biblico Wycliffe significa “ele ri”, ‘‘aquele que ri” ou simplesmente “riso”.
Deus trouxe ao rosto de seu pais o riso, que agora era de felicidade, não de descrédito, agora, toda a sua vergonha havia se extinguido. Abraão e Sara estavam se regozijando com a chegada de seu filho. Contudo, o nascimento de Isaque envolvia muito mais do que a alegria dos pais, pois significava o cumprimento da promessa de Deus.
O Senhor estava em “Isaque” cumprindo o que havia prometido fazer a Abraão “Uma grande nação que abençoaria o mundo todo” (Gn 12:1-3); e, em várias ocasiões, prometera que daria a terra de Canaã aos descendentes de Abraão (Gn 1 7:7) e que os multiplicaria grandemente (Gn 13:15-1 7). Abraão seria o pai do herdeiro prometido (Gn 15:4), e Sara (não Agar), a mãe (Gn 17:19; 18:9-15). O nascimento de Isaque lembra que, a seu modo e a seu tempo, Deus cumpre suas promessas. Apesar de seus lapsos ocasionais, Abraão e Sara criam em Deus, e o Senhor honrou sua fé (Hb 11:8-11).
Disse ele ao servo mais velho de sua casa, que era o responsável por tudo quanto tinha: “Ponha a mão debaixo da minha coxa e jure pelo Senhor, o Deus dos céus e o Deus da terra, que não buscará mulher para meu filho entre as filhas dos cananeus, no meio dos quais estou vivendo, mas irá à minha terra e buscará entre os meus parentes uma mulher para meu filho Isaque“.(Gênesis 24, 2;3;4)
Abraão antes de morrer, fez de Isaque seu único herdeiro. Ele também ansiava ver seu filho casado, Sara já havia morrido e não pode ver a ascendência de seu filho. Por isso, ele envia seu servo mais velho, a procurar uma esposa digna para o seu filho. O futuro da promessa que Deus fizera a Abraão estava agora nas mãos de Isaque, então ele não queria que seu filho se casasse com uma mulher pagã, ela deveria vim de uma família de Deus e ter crescido no meio de sua parentela.
Deus escolhe Rebeca, uma noiva virgem, para ser aquela que daria continuidade a descendência de Abraão. Ela toma uma grande decisão ao escolher deixar tudo que tinha para ir se casar com um homem a qual nunca vira. Isaque era um peregrino sem casa estabelecida, mas oque que ela ouviu sobre ele a convenceu deixa tudo e ir.
Sua escolha não poderia ter sido melhor, o noivo a esperava ao entardecer. Sua fé foi recompensada, ela ganhou o amor de seu esposo e compartilhou dos seus bens, e o mais relevante, tornou-se uma parte importante dos planos de Deus.
Rebeca, como sua sogra, também era estéril. Deus novamente usava um casal improvável para seus planos. Mas Isaque confiava em Deus, e orando intercede ao Senhor por sua esposa “O Senhor respondeu à sua oração, e Rebeca, sua mulher, engravidou. ” (Gn. 25, 21). Dentro do ventre de Rebeca havia duas nações e o Senhor disse a Isaque “Duas nações estão em seu ventre; já desde as suas entranhas dois povos se separarão; um deles será mais forte que o outro, mas o mais velho servirá ao mais novo”.
O destino dos filhos de Isaque e Rebeca já estavam traçados desde o ventre. Nasce Esaú e Jacó grudado em seu calcanhar, e como o Senhor tinha dito, Jacó o mais novo rouba a benção de seu irmão mais velho e foge.
Gusso (2003) assevera que:
Jacó depois de roubar a bênção que Isaque Iria dar para Esaú precisou fugir para não ser morto pelo seu irmão. Passou vários anos na região de Harã de onde voltou rico, com esposas e filhos (Gn 28-33). Na volta, depois de fazer as pazes com seu irmão, procurou se estabelecer em Siquém onde comprou uma propriedade, provavelmente com a intenção de fixar residência naquela região.
O livro de Gênesis, encontramos toda narrativa histórica da descendência de Jacó, que mais tarde teve o seu nome mudado para Israel. Jacó teve ao todo 12 filhos homens, cujos nomes são: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Dã, Naftali, Gade, Aser, José, Benjamim. Dos filhos de Jacó, e dos dois netos adotados por Jacó, filhos de José: Manassés e Efraim nasce as dozes tribos de Israel. Jacó e seus filhos fogem da fome e agora vivem na terra do Egito, na qual José é governador. Mas o tempo passa e a bondade demostrada pelos estrangeiros, quando José ainda era vivo, se dissipa e o povo de Deus é visto agora como uma ameaça.
Durante 400 anos, os descendentes de Jacó tornaram-se muito numerosos no Egito. Temendo que os hebreus, como eram chamados pelos estrangeiros, se tornassem muito poderosos, o Faraó oprimiu-os, forçando-os a trabalhos penosos de construção e plantio. Ordenou ainda que os recém-nascidos israelenses fossem mortos assim que nascessem. Moisés era uma dessas crianças, e foi encontrado em um cesto, em meio a vegetação, e pelos desígnios de Deus, foi encontrado e adotado pela filha do Faraó, sendo designado seus cuidados a uma criada israelita, a verdadeira mãe de Moisés.
A filha do faraó descera ao Nilo para tomar banho. Enquanto isso as suas servas andavam pela margem do rio. Nisso viu o cesto entre os juncos e mandou sua criada apanhá-lo. Ao abri-lo viu um bebê chorando. Ficou com pena dele e disse: “Este menino é dos hebreus”. Então a irmã do menino aproximou-se e perguntou à filha do faraó: “A senhora quer que eu vá chamar uma mulher dos hebreus para amamentar e criar o menino? “”Quero”, respondeu ela. E a moça foi chamar a mãe do menino. Então a filha do faraó disse à mulher: “Leve este menino e amamente-o para mim, e eu lhe pagarei por isso”. A mulher levou o menino e o amamentou. (Êxodo 2:5-9)
Moisés passou 40 anos no Egito. Ele estudou e trabalhou para Faraó por um longo tempo. Um homem criado pela elite egípcia não parecia ser o homem que Deus escolheria para libertação de Israel. Porém Deus sempre tem seus planos, apesar de ter sido criado por egípcios Moisés sabia que era um hebreu, não um egípcio, e não podia evitar se identificar com o sofrimento de seu povo.
Em um certo dia ele toma a corajosa decisão de defender seus irmãos israelitas, matando um oficial egípcio. Faraó descobre e o procura para matar, a sua única opção é fugir. Moisés fugiu para a terra de Midiãonde viveu mais 40 anos como fugitivo, na terra dos midianitas ele recebe a visita de Deus convocando-o para voltar ao Egito, e resgatar o seu povo, e guiá-los a terra prometida.
Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egito o meu povo, os israelitas”. (Êxodo 3:9,10)
Deus declara guerra contra o Egito e seu líder Faraó. Moisés e Arão se levantam e vão perante ele com uma só mensagem “Deixe meu povo ir, ou vai se arrepender! ” Porém Faraó não dá ouvido as ordens dadas pelo Senhor, Moisés e Arão já haviam tratado com o Faraó durante meses, mas o rei não estava disposto a obedecer a Deus nem mesmo a reconhecer sua autoridade. Por isso, o Egito é ferido com as dez pragas, que levou o povo egípcio a pagar um alto preço pela dureza do coração de seu líder.
Os hebreus são finalmente libertos começando daí sua caminhada para a terra prometida. Durante 40 anos, Moisés e o povo israelita viveram no deserto, e durante este período foi composto, sob a palavra de Deus, o Torá, um livro com os fundamentos do povo judeu, que inclui os dez mandamentos.
Moisés o líder outrora tímido, confrontou Faraó repetidamente e, finalmente venceu o Faraó e toda a força do Egito, pela fé que ele depositou no Deus vivo, que era o Deus de Jacó, Isaque e Abraão. Ele foi uma parte muito importante na conquista da Terra que Deus a muitos anos antes dele havia prometido aos descendentes de Abraão.
2.1 Josué
Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. (Josué 1:2)
Com a morte de Moisés, Josué se transforma em líder militar dos israelitas e dá início a conquista da terra prometida. Josué era um general extraordinário e um homem muito corajoso, ele confiava que Deus sempre lhe daria vitória. Coube a ele liderar o exército israelita para a tomada da cidade de Jericó em 1406 a.C., próxima ao Mar Morto, às margens do rio Jordão. Jericó era uma cidade estratégica no plano de Josué para conquistar Canãa. Depois de tomá-la ele poderia atravessar a terra dividida, sendo bem mais fácil derrotar primeiro as cidades do Sul e, depois as do Norte. Depois das setes voltas e do toque das buzinas, Jericó foi conquistada e todos os seus habitantes foram mortos, gerando desespero a outras cidades da terra de Canaã. Assim começava a campanha israelita pela conquista da Terra Prometida.
Warren W. Wiersbe (2009) coloca que;
O plano de Deus para a conquista de Jericó parecia um tanto maluco, mas funcionou. A sabedoria de Deus está muito acima da nossa…, e ele tem prazer em usar pessoas e planos que parecem loucos para o mundo… quer seja Josué e as trombetas, Gideão com suas tochas e jarros, ou Davi com sua funda. Deus se deleita em usar o que é fraco e o que parece louco para derrotar seus inimigos e glorificar seu nome.
Segue-se a conquista de Ai, uma batalha marcada por muitas baixas israelitas, e pela astúcia de seu líder, que ao ver seu exército cansado pela dura caminhada, simulou uma retirada, quando os canaanitas atacaram foram surpreendidos por uma força israelita que permanecia escondida, foram aniquilados. Era importante para os israelitas a conquista desta cidade, pois elas representavam o domínio sobre as montanhas da Judeia, serviriam como proteção natural ao seu exército.
Josué era um líder estratégico, porém sua verdadeira sabedoria vinha do Senhor. Depois de muitas guerras contra várias cidades, o Senhor trouxe finalmente a vitória de Israel e a conquista de toda terra que Deus havia prometido a Abraão. Josué completa com sucesso, as vezes cometendo alguns erros, a missão de conquistar a terra e controlar seus inimigos.
Assim Josué tomou toda esta terra, conforme a tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos filhos de Israel, conforme as suas divisões, segundo as suas tribos; e a terra descansou da guerra.(Josué 11:23)
Josué começa uma nova missão, que envolvia agora a divisão dessa terra. Restava-lhe dividir a terra de modo que cada tribo se apropriasse de sua herança e desfruta-se do que Deus lhes havia dado. A promessa estava cumprida! Os israelitas herdaram a terra, eram donos dela agora. Deus somente requereu deles como “aluguel” a obediência. Enquanto o povo o honrasse, adorasse e o obedecessem, ele os abençoaria, tornaria suas terras férteis e eles teriam paz com os seus vizinhos. Infelizmente não foi isso que aconteceu, pois nos livros posteriores da Bíblia Sagrada, vemos o povo se rebelando contra Deus e profanando sua terra. Deus teve que disciplina-los e novamente vemos eles sendo cativos, agora pela Babilônia.
“Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12,3)
A promessa de Gênesis (12,3) feita a Abraão, é sem dúvida a mais importante dentre todas as outras. Deus estava traçando um caminho pela descendência de Abraão para que o Salvador do mundo nascesse nessa terra, e através dele as famílias, culturas e nações seriam alcançadas e abençoadas com a salvação.
O Antigo testamento (AT) foi um livro de promessas, muitas cumpridas nele mesmo, porém o Novo Testamento é, por sua vez, um livro do cumprimento delas. Mateus, Marcos e João, discípulos de Cristo, relatam em seus escritos sinóticos o nascimento do Redentor prometido por Deus no AT, Jesus Cristo. Mateus enfatiza em seus escritos a genealogia de Jesus Cristo, ele tinha como proposito mostrar que Jesus cumpriu as promessas do AT. Ele traça um caminho de Abraão a Jesus para mostrar que Ele era o descendente de Abraão que seria a benção para todos os moradores da terra.
Matthew Henry assevera
As profecias do Antigo Testamento tiveram a sua consumação em nosso Senhor Jesus, através do qual fica claro que este era aquele que deveria vir, e que nós não devemos procurar por nenhum outro; porque este é aquele sobre qual todos os profetas deram testemunho.
Jesus é o cumprimento de uma promessa feita não somente a Abraão, mais também uma promessa pós Adâmica, onde após o pecado original, foi prometido um salvador que iria trazer salvação a toda humanidade.
Em seu “curto” ministério de 3 anos em Israel, Jesus pregou a respeito do Reino dos Céus, muitos não compreendiam isso, acreditavam que ele poderia ser o libertador que tanto aguardavam, que tiraria o povo de Israel do domínio opressor do império romano. Muitos ansiavam por um libertador, um político ou realmente um rei com poderio militar terrestre, o qual poderia tira-los desse domínio.
Mas Jesus veio ao mundo numa temática diferente, nasceu numa manjedoura, foi durante toda sua vida pobre, foi carpinteiro, trabalhou com seu pai humano ajudando-o na carpintaria. De certa forma ele tinha um perfil ou estereótipo que não fosse condizente com a necessidade ansiada por aquele povo. Porém Jesus rompeu barreiras, e desfez paradigmas, trouxe uma nova luz ao povo judeu, que já estava totalmente tomado pelas forças opressoras, que não viam mais uma forma de se libertarem. Mas Jesus veio trazer libertação, cura e melhor de tudo salvação!
Jesus trouxe esperança a aqueles que se viam perdidos e sem rumo, grandes operações de milagres em seu ministério, já mostravam o que viria depois Dele. Jesus cumprira cabalmente seu ministério terreno, sabemos então que a promessa feita a Abraão que todos seriam benditos através de sua semente mais uma vez se cumprira.
Após a morte de Jesus e posteriormente a sua ressuscitação e ascensão aos céus, vemos seus discípulos levando o evangelho e a história do povo hebreu até os confins da terra. A promessa ainda de se tornariam uma grande nação, e seriam como as estrelas do céu não tinha cessado.
Os judeus foram expulsos de Jerusalém, da agora Palestina, no ano 70 d.C., “O povo de Israel viveu nos territórios de Judá e Israel períodos alternados de independência e jugo (assírio, babilônico, persa, grego, romano), até a definitiva expulsão pelos romanos e a destruição do segundo Templo, em 70 d.C.”. (ALEXANDRE, 2007, p.53)
Uma passagem do texto do historiador Werner Keller nos conduz ao pensamento sobre a resistência e resiliência deste povo.
Nenhum povo sofreu uma história como a dos descendentes do povo bíblico na sua dispersão. O cenário do curso seguido pelo seu destino é a Terra inteira, do Próximo Oriente, do Egito e da África até à Europa e América, assim como até a Índia e a China. Tal como na era bíblica, depois da sua expulsão da terra dos patriarcas, quando a sua ´casa de serviço´ era o mundo inteiro, o povo judeu teve de sofrer as mais duras provas. Somente algumas escassas horas felizes interrompem as épocas da mais profunda dor. Porém, apesar de todos os sofrimentos e misérias, sem Estado nem território próprio, sem proteção, sem poder e sem justiça, este povo resiste a todos os tormentos e catástrofes, firme na sua fé em Deus, que nem as ameaças da morte conseguem debilitar. E sobrevive a tudo. (KELLER, A história do povo judeu, 1966)
Em 638 d.C. Israel está sob o domínio árabe muçulmano, que “dividiam” a terra com o povo judeu sob algumas condições. Os anos seguintes foram de muita luta para a permanência na terra prometida. Nem sempre os judeus tiveram sucesso em seus intentos. Entre 1517 a 1917 Israel esteve sobre o domínio Otomano, que chegou ao fim por meio das forças britânicas. Vários tratados e acordos foram iniciado com o intuito de dividir a terra Santa entre judeus e árabes, mas sem sucesso. Após o holocausto, a situação ficou um pouco mais favorável para os judeus depois de tanta crueldade imposta.
Terminada a Segunda Guerra Mundial, os povos contemplaram estarrecidos a libertação, pelos aliados, dos campos de extermínio da Alemanha Nazista, onde foram mortos 6 milhões de judeus. O “Mundo livre”, liderado pelos EUA, sentiu-se em “dívida moral” para com os judeus, o que fortaleceu o sionismo. Além disso, milhares de judeus deslocados de suas pátrias de origem, acalentavam um grande sonho: morar no seu próprio país. .(ALEXANDRE (org.), 2007, p.58).
O sonho então, em parte, é realizado e o povo judeu ganha o direito de retornar para a sua terra.
Em 14 de maio de 1948 o governo mandatário, britânico, partiu da Palestina e às 16 horas do mesmo dia, no museu de Tel Aviv, David Ben Gurion leu a proclamação da independência do Estado judaico e constituiu um governo provisório. Nesta declaração era ressaltado o direito histórico do povo judeu à terra de Israel. Direito ratificado pela resolução de partilha da ONU e com base neste direito foi proclamada a independência do Estado judeu, com o nome de MEDINAT ISRAEL, aberto à imigração judaica de todo o mundo.A população judaica na Teerade Israel era de 650.000 pessoas, formando uma comunidade organizada, com instituições políticas, sociais e econômicas bem desenvolvidas.(ALEXANDRE (org.), 2007, p.59).
Conflitos surgiram por causa da devolução da terra ao povo judeu e, até hoje, os noticiários relatam a guerra pela Terra Santa. E como a Bíblia informa, ainda haverá um processo para que a paz se estabeleça. Cristo virá e Ele mesmo guerreará por este povo que ainda continua sendo o povo de Deus, eleito, escolhido e amparado por Ele.