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Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres
No ano passado, recebi um convite para conhecer alguns presídios femininos na Alemanha –em Berlim e em Frankfurt– e ver como funciona a política prisional do país.
Em Berlim, de cara, me surpreendi com o prédio de um deles: sem muros altíssimos e guardas armados na porta. Dava pra ver grades nas janelas e uma porta pesada. Ali ficam mulheres, inclusive transgênero, encarceradas principalmente por tráfico de drogas. Poucos meses antes, a posse de maconha tinha sido liberada em Berlim, mas a cidade enfrenta problemas com drogas como heroína.
Os administradores da prisão não são alheios a esse fato –lá, existe um programa de distribuição de agulhas esterilizadas para evitar que as presas se contaminem com HIV e hepatite. Existe um reconhecimento de que as drogas circulam na prisão e a melhor estratégia é tentar mitigar o impacto na saúde.
Nessa unidade, conversei com algumas mulheres encarceradas. Insegurança e brigas entre detentas não é um assunto entre elas, que comentaram sobre tédio e questões de saúde mental.
No segundo presídio que visitei, em Frankfurt, o clima era mais pesado. A unidade era cercada por muros altos, cheios de arame farpado, e muitas partes estavam separadas por grades e portões. Há um prédio separado do principal onde ficam detentas com filhos. As guardas, sempre mulheres, não usam uniforme, uma norma adotada pensado nas crianças.
É diferente do cenário dos presídios brasileiros, com celas superlotadas e presas relatando não conseguir acessar itens como absorventes. Somos um dos países que mais prende mulheres.
Li por aqui
Falando em presídios, a repórter Angela Boldrini conta como é comer em um restaurante premiado de Londres que fica… numa prisão. Os detentos são os funcionários do local, no bairro de Brixton, no sul da capital inglesa. Tudo faz parte de um projeto de ressocialização –e parece dar certo. As taxas de reincidência são menores entre os detentos que passam pelo programa.
Também quero recomendar
Você já deve ter ouvido falar da “cara de Ozempic”. O comentário, com fundos maldosos de julgamento do corpo alheio, é direcionado àquelas pessoas cuja aparência parece ter mudado de repente por causa da perda de peso acelerada. Para a professora americana Michelle Lelwica, que pesquisa a relação entre magreza e a ideia de devoção, as canetas emagrecedoras detonam a ideia de que para ser magro, você precisa se esforçar . O que ela diz é que, agora, essa ideia moralista de que só é magro quem merece é, no mínimo, sacudida.
noticia por : UOL