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China retalia com tarifas sobre produtos dos EUA após Trump impor novas taxas

A China impôs nesta terça-feira (4) tarifas sobre importações dos EUA em uma resposta rápida às novas tarifas sobre produtos chineses, renovando uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, enquanto o presidente Donald Trump busca punir o país adversário por não interromper o fluxo de drogas ilícitas.

A tarifa adicional de 10% de Trump sobre todas as importações chinesas para os EUA entrou em vigor nesta terça.

Em poucos minutos, o Ministério das Finanças da China anunciou que imporia taxas de 15% para carvão e GNL dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As novas tarifas sobre as exportações dos EUA começarão no dia 10 de fevereiro, informou o ministério.

Separadamente, o Ministério do Comércio da China e a Administração de Alfândegas disseram que o país está impondo controles de exportação sobre tungstênio, telúrio, rutênio, molibdênio e itens relacionados ao rutênio para “salvaguardar os interesses de segurança nacional”.

Na segunda-feira, Trump suspendeu sua ameaça de tarifas de 25% sobre o México e o Canadá no último minuto, concordando com uma pausa de 30 dias em troca de concessões sobre controle de fronteiras e combate ao crime com os dois países vizinhos.

Mas não houve o mesmo alívio para a China, e um porta-voz da Casa Branca disse que Trump não falaria com o presidente chinês Xi Jinping.

Durante seu primeiro mandato, em 2018, Trump iniciou uma brutal guerra comercial de dois anos com a China devido ao enorme superávit comercial dos EUA com o país, com tarifas de retaliação sobre centenas de bilhões de dólares em mercadorias, desestabilizando cadeias de suprimentos globais e prejudicando a economia mundial.

Para encerrar essa guerra comercial, a China concordou em 2020 em gastar um adicional de US$ 200 bilhões por ano em produtos dos EUA, mas o plano foi prejudicado pela pandemia e o déficit comercial anual aumentou para US$ 361 bilhões, de acordo com dados das alfândegas chinesas divulgados no mês passado.

“A guerra comercial está nos estágios iniciais, então a probabilidade de mais tarifas é alta”, disse a Oxford Economics em uma nota ao rebaixar sua previsão de crescimento econômico da China.

Trump alertou que poderia aumentar ainda mais as tarifas sobre a China, a menos que Pequim contenha o fluxo de fentanil, um opioide mortal, para os Estados Unidos.

“A China, esperançosamente, vai parar de nos enviar fentanil, e se não o fizerem, as tarifas vão aumentar substancialmente”, disse na segunda-feira (3).

A China chamou o fentanil de problema dos Estados Unidos e disse que contestaria as tarifas na Organização Mundial do Comércio e tomaria outras contramedidas, mas também deixou a porta aberta para negociações.

Houve alívio em Ottawa e na Cidade do México, assim como nos mercados financeiros globais, após os acordos para evitar as pesadas tarifas sobre o Canadá e o México.

Tanto o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau como a presidente mexicana Claudia Sheinbaum disseram que concordaram em reforçar os esforços de fiscalização nas fronteiras em resposta à exigência de Trump de reprimir a imigração e o tráfico de drogas. Isso suspenderia as tarifas de 25% que entrariam em vigor nesta terça-feira por 30 dias.

O Canadá concordou em implantar novas tecnologias e pessoal ao longo de sua fronteira com os Estados Unidos e lançar esforços cooperativos para combater o crime organizado, o tráfico de fentanil e a lavagem de dinheiro.

O México concordou em reforçar sua fronteira norte com 10 mil membros da Guarda Nacional para conter o fluxo de migração ilegal e drogas.

Os Estados Unidos também se comprometeram a impedir o tráfico de armas de alto calibre para o México, disse Sheinbaum.

“Como presidente, é minha responsabilidade garantir a segurança de todos os americanos, e estou fazendo exatamente isso. Estou muito satisfeito com este resultado inicial”, disse Trump nas redes sociais.

Após conversar por telefone com ambos os líderes, Trump disse que tentaria negociar acordos econômicos ao longo do próximo mês com os dois maiores parceiros comerciais dos EUA, cujas economias se tornaram intimamente interligadas com os Estados Unidos desde que um acordo de livre comércio histórico foi firmado na década de 1990.

O dólar canadense subiu anteriormente após cair para seu nível mais baixo em mais de duas décadas. A notícia também impulsionou os futuros dos índices de ações dos EUA após um dia de perdas em Wall Street e fez os preços do petróleo caírem.

Grupos industriais, temendo cadeias de suprimento interrompidas, saudaram a pausa.

“Isso é uma notícia muito encorajadora”, disse Chris Davison, que lidera um grupo comercial de produtores canadenses de canola. “Temos uma indústria altamente integrada que beneficia ambos os países.”

Trump sugeriu no domingo que a União Europeia, composta por 27 nações, seria seu próximo alvo, mas não disse quando.

Líderes da UE em uma cúpula informal em Bruxelas na segunda-feira disseram que a Europa está preparada para retaliar se os EUA impuserem tarifas, mas também pediram negociação. Os EUA são o maior parceiro comercial e de investimento da UE.

Trump insinuou que a Grã-Bretanha, que deixou a UE em 2020, poderia ser poupada das tarifas.

O presidente americano reconheceu no fim de semana que suas tarifas poderiam causar alguma dor de curto prazo para os consumidores dos EUA, mas diz que são necessárias para conter a imigração e o tráfico de narcóticos e estimular as indústrias domésticas.

As tarifas, conforme planejado originalmente, cobririam quase metade de todas as importações dos EUA e exigiriam que os Estados Unidos mais que dobrassem sua própria produção manufatureira para cobrir a lacuna –uma tarefa inviável no curto prazo, escreveram analistas.

Outros analistas disseram que as tarifas poderiam lançar o Canadá e o México em recessão e desencadear um alta inflação, crescimento estagnado e desemprego elevado.

noticia por : UOL

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