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IBGE passa por transformação que nem sempre é bem compreendida, diz Pochmann

Em meio a uma crise com servidores, o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcio Pochmann, afirmou nesta segunda-feira (27) que o órgão passa por uma transformação que “nem sempre é bem compreendida”.

“O IBGE vem passando por uma transformação importante, nem sempre bem compreendida, mas uma transformação talvez somente comparável àquela que se vislumbrou a partir da década de 1930”, disse o economista.

“É através de um esforço integrado e articulado que o IBGE vai dar um salto para fornecer informações precisas, mais precisas inclusive do que [o órgão] vem fazendo ao longo do seu período histórico, que permitam de forma mais ágil e consistente o monitoramento, os subsídios para as políticas públicas”, acrescentou.

A declaração ocorreu durante o lançamento do plano de trabalho do instituto em 2025. A cerimônia ocorreu em Belém.

A instituição chegou a anunciar a presença de Pochmann no evento na capital do Pará, mas ele discursou por meio de uma chamada de vídeo.

“Infelizmente, por motivos de força maior, de saúde, não tive condições de me deslocar a tempo, pelas oportunidades de deslocamento que temos no Brasil, e poder estar de forma presencial junto a todos neste momento muito importante”, afirmou o presidente.

A crise no IBGE explodiu com a realização de protestos da entidade sindical de servidores, a Assibge, desde setembro do ano passado.

A turbulência aumentou neste mês de janeiro, quando quatro diretores entregaram seus cargos. Divergências com a gestão Pochmann estariam por trás do quadro.

A criação de uma fundação de apoio ao IBGE, a IBGE+, é considerada pivô do conflito. Os servidores argumentam que a estrutura foi desenhada de modo silencioso, sem a consulta ao corpo técnico.

O estatuto da IBGE+ possibilita a realização de trabalhos para organizações privadas, o que também motiva críticas dentro do instituto.

O diretor-executivo e um membro do conselho curador da fundação pediram exoneração, segundo portarias divulgadas na semana passada.

A gestão Pochmann disse no dia 15 de janeiro que a fundação é “alvo de forte campanha de desinformação por, possivelmente, evidenciar conflitos de interesses privados existentes dentro do IBGE”.

No mesmo comunicado, a presidência condenou o que chamou de “ataques” de servidores, ex-funcionários e instituições sindicais, afirmando que os grupos divulgam “mentiras” sobre o órgão.

O texto gerou revolta entre os técnicos. Em resposta, uma carta assinada por coordenadores e gerentes de pesquisas afirmou que o clima no instituto está “deteriorado” e que as lideranças encontram “sérias dificuldades” para realizar suas funções.

Além de contestarem a criação da fundação, os pesquisadores também cobram mais diálogo em decisões que impactam a rotina do IBGE, como o fim do modelo integral de trabalho remoto.

Pochmann não chegou a citar abertamente a criação da IBGE+ em seu discurso nesta segunda-feira.

Em um trecho final da fala, o presidente fez elogios ao corpo técnico ao mencionar a “qualidade inquestionável” dos servidores.

O presidente ainda apontou que o instituto segue metodologias em sintonia com padrões internacionais e tem confiabilidade construída ao longo do tempo.

“Isso se manterá intocável, e teremos muito rapidamente informações inovadoras a partir do salto tecnológico, da inovação que o IBGE vem fazendo”, disse.

Pochmann ainda fez um agradecimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento). O economista foi indicado por Lula à presidência do IBGE, que está vinculado à pasta comandada por Tebet.

A crise dos últimos meses tem servido de munição para perfis contrários a Lula colocarem em dúvida os dados do instituto nas redes sociais, apontando uma suposta manipulação dos números a favor do governo.

A teoria é descartada por fontes que acompanham o órgão e que destacam a qualidade técnica dos trabalhos desenvolvidos.

noticia por : UOL

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