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O que é a 'arma fantasma' que polícia acredita ter sido usada em morte do CEO Brian Thompson nos EUA

A pistola preta supostamente recuperada de Luigi Mangione, o suspeito preso em conexão com a morte de um executivo de uma seguradora de saúde nos Estados Unidos, parece ser uma “arma fantasma” —uma arma de fogo que pode ser montada em casa—, segundo investigadores.

Autoridades disseram que o dispositivo pode ter sido feito usando uma impressora 3D. Mas isso ainda precisa ser confirmado em testes com especialistas em balística.

O assassinato do CEO da United Healthcare, Brian Thompson, mais uma vez chamou a atenção para essa polêmica arma, que é um problema que preocupa cada vez mais os ativistas antiarmas no país.

O QUE É UMA ARMA FANTASMA?

As armas fantasmas têm esse apelido porque são potencialmente indetectáveis. Elas podem ser montadas em casa por meio de kits com peças de armas, e não estão marcadas com números de série.

A arma supostamente carregada por Mangione em sua mochila parece ser um típico exemplo, segundo as informações disponíveis até o momento. O mandado de prisão descreve o artefato como uma “pistola semiautomática com o que parece ser um receptor impresso em 3D com um slide de metal e silenciador”.

A polícia disse que a arma é capaz de disparar projéteis de 9 mm, e é compatível com o tipo de arma usada no assassinato fatal de Thompson em Nova York na semana passada.

O governo Joe Biden —que quer regulamentar armas de fogo— descreve as armas fantasmas como sendo “ridiculamente fáceis” de montar.

Até agosto de 2023, qualquer pessoa com acesso à internet podia comprar legalmente e sem verificação de antecedentes criminais muitas das peças necessárias para fabricar uma arma. Tutoriais online demonstram como encaixar as peças em uma arma de fogo totalmente funcional em menos de uma hora.

QUAL É A ESCALA DESSE PROBLEMA?

Especialistas consideram as armas fantasmas o problema de segurança de armas que mais cresce no país. Elas têm sido cada vez mais usadas em episódios envolvendo atiradores.

De acordo com dados do ATF (Departamento de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos), 20 mil armas que podem ser consideradas fantasmas foram encontradas pela polícia em investigações criminais em 2022 —um aumento de dez vezes em relação a 2016.

As autoridades dizem que, sem números de série, é virtualmente impossível rastrear traficantes que estão vendendo essas armas ilegalmente para menores ou pessoas sem licenças.

Uma ex-autoridade do governo dos EUA informou à BBC que duvida que a opinião das pessoas sobre armas mude com a morte de Thompson.

“As armas fantasmas são um fator novo em um país muito complicado e violento”, disse à BBC Juliette Kayyem, ex-secretária adjunta de políticas do Departamento de Segurança Interna.

O governo considera que é “muito difícil” restringir a arma de fogo, afirmou Kayyem.

Mais de 48 mil pessoas foram mortas por armas de fogo em geral nos EUA em 2022, de acordo com os CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) espalhados pelo país.

COMO ELAS SÃO REGULADAS?

O assassinato trouxe à tona novamente o debate sobre armas fantasmas —que o governo Biden tentou regulamentar dizendo que deveriam ser tratadas da mesma forma que as armas de fogo disponíveis comercialmente.

Os fabricantes de kits de armas fantasmas agora precisam incluir números de série em seus produtos e realizar verificações de antecedentes dos compradores.

Em outubro, a Suprema Corte dos EUA sinalizou sua disposição de cumprir a lei, que foi contestada por grupos de direitos de armas, dizendo que as autoridades haviam ultrapassado os limites da legislação preexistente.

Uma decisão que confirme a nova regulamentação marcaria uma mudança de posição para a Suprema Corte, que tem uma maioria conservadora e é cética em relação às regulamentações de armas.

Sobre armas de forma mais ampla, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se posicionou como um defensor ferrenho da segunda emenda da constituição americana, que concede aos cidadãos o direito de portar armas. No início deste ano, ele disse ser um dos melhores amigos da NRA (National Rifle Association)— um dos grupos pró-armas mais atuantes dos EUA.

Texto publicado originalmente aqui

noticia por : UOL

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