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Entenda o papel dos 37 indiciados em trama golpista, segundo inquérito da PF

Com a derrubada do sigilo da investigação da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por uma suposta trama golpista em 2022, tornaram-se públicas as 884 páginas do relatório final do inquérito.

Abaixo, entenda o papel que teria sido desempenhado por cada um dos indiciados, segundo as conclusões da PF. As provas agora serão analisadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República), que decidirá se apresenta denúncia ou não.

Bolsonaro nega tentativa de golpe e, assim como outros indiciados, já disse ser alvo de perseguição.

O que diz a investigação da PF

1. Jair Bolsonaro, ex-presidente

  • “Planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva” dos atos que levariam ao golpe, que não se consumou por “circunstâncias alheias à sua vontade”
  • Disseminou narrativa falsa sobre as urnas eletrônicas, incitando apoiadores
  • Tinha conhecimento do plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes
  • Ajudou a elaborar a minuta de decreto golpista
  • Convocou e apresentou a minuta aos comandantes das Forças Armadas
  • Convenceu o general Estevam Theófilo, chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), a aderir ao golpe, diante da recusa do comandante do Exército

2. General Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice

  • Tentou obstruir as investigações
  • Aprovou plano de golpe em reunião com militares em sua casa, em 12 de novembro de 2022
  • Faria parte de gabinete de crise pós-golpe, liderado pelo general Augusto Heleno
  • Pressionou os comandantes da Aeronáutica e do Exército a aderirem ao plano, inclusive orientando militares a difundir ataques pessoais a eles e a seus familiares
  • Tentou ter acesso a informações sobre acordo de delação premiada de Mauro Cid

3. Valdemar Costa Neto, presidente do PL

  • Pediu “verificação extraordinária” das urnas eletrônicas à Justiça Eleitoral com base em relatório que sabia ser falso
  • Foi um dos responsáveis, junto a Bolsonaro, pela decisão de divulgar o relatório fraudulento
  • Pessoas que trabalhavam para o PL abasteciam influenciadores com fake news

4. General Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)

  • Incentivou narrativa falsa sobre as urnas eletrônicas
  • Tentou obstruir as investigações
  • Participou de reuniões para discutir o golpe
  • Seria o líder do gabinete de crise após o golpe
  • Aparece em anotações como envolvido na trama

5. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça

  • “Teve atuação relevante” na propagação da narrativa de fraude na urna eletrônica
  • Participou da confecção da minuta do decreto golpista, apreendida em sua casa em 10 de janeiro de 2023

6. General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa

  • Tratou o TSE como inimigo em reunião de ministros em 5 de julho de 2022
  • Emitiu nota dizendo que o ministério “não excluía a possibilidade da existência de fraude” nas urnas pós-resultados, para manter narrativa golpista
  • Tentou pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe em encontro no dia 14 de dezembro de 2022

7. Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha

  • Aderiu ao golpe e disponibilizou tropas para a ação
  • Orientação de Braga Netto era “difundir elogios” sobre ele, reconhecido como “patriota”, em oposição aos comandantes do Exército e Marinha que não aderiram

8. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin

  • Assessorou e municiou Bolsonaro com estratégias de ataques às instituições democráticas
  • Usou o cargo para determinar a produção de relatórios ilícitos para atacar o sistema eleitoral e o STF
  • Elaborou planos para tentar interferir em investigações da Polícia Federal

9. Felipe Garcia Martins, ex-assessor de Bolsonaro

  • “Atuou de forma proeminente na interlocução com juristas” para elaborar a minuta de decreto golpista, posteriormente apresentada a Bolsonaro
  • Faria parte do gabinete de crise após o golpe
  • “Forjou uma possível saída do Brasil” no final de 2022, segundo a PF, o que sua defesa nega

10. General Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência

  • “Teve atuação de extrema relevância no planejamento de golpe de Estado”
  • Foi o responsável pela elaboração do plano “Punhal Verde Amarelo”, para matar Lula, Alckmin e Moraes
  • Elaborou a minuta para a criação do gabinete de crise pós-golpe, do qual faria parte
  • Atuou como elo entre os líderes dos manifestantes golpistas instalados em frente ao Exército em Brasília e a Presidência
  • Continuou a incentivar os líderes dessas manifestações em 19 de dezembro, após o plano dar errado

11. Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

  • Identificado pela PF como o grande operador de Bolsonaro na trama golpista, atuando em diversos núcleos do grupo
  • Produziu e difundiu “estudos” sobre supostas inconsistências nas urnas produzidas antes de 2020, que embasaram pedido do PL para anular eleições
  • Participou de reunião na casa de Braga Netto em 12 de novembro de 2022, dias depois de o plano “Punhal Verde Amarelo” ser impresso
  • Articulou, a pedido de Bolsonaro, a “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro” e a disseminação de ataques contra os comandantes da Força que resistiam ao golpe
  • Acompanhou o monitoramento de Alexandre de Moraes, por mensagens trocadas com o indiciado Marcelo Câmara
  • No dia 8 de janeiro de 2023, recebeu fotos dos atos na Esplanada dos Ministérios de sua esposa, Gabriela Cid, e respondeu: “Se o EB [Exército Brasileiro] sair dos quarteis…e [é] para aderir”
  • Fechou acordo de delação premiada com a PF

Outros indiciados e suas atribuições, segundo a PF

12. Ailton Gonçalves Moraes Barros, integrante do núcleo responsável por incitar a adesão de militares ao golpe de Estado e difundir ataques pessoais aos militares que não aderissem os planos da organização criminosa, sob ordens de Braga Netto.

13. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército e um dos autores da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro”.

14. Amauri Feres Saad, advogado e um dos autores da minuta do golpe.

15. Anderson Lima de Moura, coronel do Exército e um dos autores da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa e Exército Brasileiro”.

16. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército, forneceu arquivos com informações falsas sobre as urnas eletrônicas para Fernando Cerimedo, que as utilizou para disseminar desinformação.

17. Bernardo Romão Correa Netto, coronel acusado de integrar núcleo responsável por incitar militares e atacar generais do Alto Comando do Exército.

18. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, representante do Instituto Voto Legal (IVL), disseminou teses de indícios de fraudes nas urnas eletrônicas que circulavam nas redes sociais.

19. Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército e um dos responsáveis pela elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.

20. Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva e assistente do comandante de operações terrestres do Exército (Coter), única ala da Força que aderiu à ideia golpista.

21. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), única ala da Força que aderiu à ideia golpista.

22. Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército, “teve atuação relevante nos atos desencadeados pelo

grupo no intento golpista”, segundo a PF, e auxiliou na escolha dos militares “kids pretos” que participariam de reunião para discutir plano.

23. Fernando Cerimedo, consultor político argentino que fez live divulgando informações falsas sobre as urnas eletrônicas durante as eleições de 2022.

24. Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército cedido à Abin, atuou sob o comando de Ramagem em ações visando criar informações inverídicas relacionadas aos ministros do STF.

25. Guilherme Marques de Almeida, militar lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter), burlou ordem judicial de bloqueio do conteúdo falso e disponibilizou material produzido por Fernando Cerimedo em servidores fora do país.

26. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército, participou da elaboração do plano “Copa 2022”, para monitorar e prender Moraes.

27. José Eduardo de Oliveira e Silva, padre da diocese de Osasco, participou da elaboração da minuta de golpe de Estado.

28. Laercio Vergililo, general da reserva, integrante do núcleo responsável por incitar a adesão de militares e difundir ataques pessoais aos que não aderissem aos planos.

29. Marcelo Bormevet, policial federal cedido à Abin, atuou sob o comando de Ramagem para criar informações inverídicas sobre ministros do STF.

30. Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor de Bolsonaro, responsável por passar informações a Mauro Cid sobre o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes.

31. Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército, atuava como assistente do comandante do Exército, general Freire Gomes, e exercia função estratégica para tentar influenciá-lo.

32. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, influenciador, empresário e neto do ex-presidente do período ditatorial João Figueiredo, divulgou informações falsas para incitar militares a se voltarem contra comandantes contra o golpe.

33. Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel e integrante do grupo “kids pretos”, apresentou o plano “Punhal Verde Amarelo” a Braga Netto junto a Mario Fernandes e atuou diretamente no monitoramento de Moraes em novembro e dezembro de 2022.

34. Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel lotado no Centro de Comunicação do Exército, foi um dos responsáveis pela elaboração da “Carta ao Comandante do Exército de Oficiais Superiores da Ativa do Exército Brasileiro”.

35. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel, foi um dos responsáveis por propagar e coletar assinaturas de militares para a carta.

36. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”, foi o responsável por repassar o conteúdo editado da live realizada pelo argentino Fernando Cerimedo contra as urnas eletrônicas.

37. Wladimir Matos Soares, policial federal, participou do plano “Punhal Verde Amarelo” para matar Lula, fornecendo informações privilegiadas relativas à segurança do hoje presidente.

noticia por : UOL

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