2024 pode terminar sendo o ano mais quente já registrado. Um novo boletim do Copernicus identificou que a temperatura média global nos primeiros 10 meses deste ano ficou 0,71ºC acima daquela registrada entre 1991 e 2020. Essa é a anomalia mais alta para esse período. A previsão é que o ano termine como o mais quente já registrado. A temperatura média global dos últimos 12 meses (novembro de 2023 – outubro de 2024) foi 0,74°C acima da média de 1991 a 2020 e cerca de 1,62°C acima da média do período pré-industrial (1850-1900).
A temperatura global chegou ao limite daquela prevista no Acordo de Paris, um dos principais tratados internacionais sobre as mudanças climáticas. O Copernicus prevê que o ano termine com um aumento da temperatura global maior que 1,55ºC em relação ao nível pré-industrial. O Acordo de Paris, assinado em 2015, previa que as nações unissem esforços para que a temperatura global não atingisse um aumento de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. O valor seria necessário para mitigar as consequências do aquecimento global. No ano passado, no entanto,a média de aumento da temperatura global foi de 1,48ºC.
Outubro de 2024 foi o 15º mês num período de 16 meses em que a temperatura média global excedeu 1,5°C. O valor registrado foi de 1,65°C acima do nível pré-industrial. Este é o segundo outubro mais quente da história, ficando atrás apenas de outubro do ano passado.
A temperatura do mar também se manteve alta. O Pacífico equatorial oriental e central tiveram temperaturas abaixo da média, indicando a chegada das condições do La Niña, um fenômeno de resfriamento das temperaturas da superfície das águas. No entanto, em outras regiões, as temperaturas estiveram elevadas “anormalmente”, como aponta o relatório.
Para o climatologista e colunista do UOL Carlos Nobre, os dados são graves e preocupantes. Segundo ele, a ciência ainda está tentando explicar o aumento acelerado da temperatura média global e procurando mecanismos que façam esses valores diminuírem.
É muito preocupante. Se a temperatura permanecer [elevada] em 2025 e 2026, provavelmente ela não reduzirá novamente, e teríamos atingido as metas do Acordo de Paris, o que seria muito grave. O Acordo de Paris estabelece que se deve reduzir emissões de carbono até 2030 e zerar as emissões líquidas até 2050. Mas se atingirmos 1,5ºC ano que vem, essas metas fariam a temperatura chegar em 2050 muito acima de 2ºC. Teremos que zerar as emissões muito antes de 2050.
Carlos Nobre, climatologista
noticia por : UOL