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Décima edição do Coala Festival traz mistura de nostalgia com novidade

A sexta-feira de Coala Festival, primeiro dia da comemoração de dez anos do evento, foi uma mistura de nostalgia com novidade. Os shows do festival, que tem o line-up focado em artistas brasileiros, ativaram a memória afetiva do público majoritariamente jovem e adesivado com fotos e slogans do candidato à prefeitura paulistana Guilherme Boulos.

No palco principal, depois de Silvia Machete e a banda Boca Livre, Lenine tomou o espaço para apresentar o show do álbum “Olho de Peixe” (1993), em parceria com o percussionista Marcos Suzano.

“Olho de Peixe” não é um disco que inclui os maiores sucessos de Lenine, mas é um que o próprio já disse que mudou a trajetória de sua carreira. Dá para entender por quê: o trabalho com Suzano mistura o ritmo frenético do percussionista com o jeito de tocar particular de Lenine, usando o violão e, às vezes, a própria voz, quase como se fosse mais instrumento de percussão.

O coro ficou tímido até ele chegar nas três faixas finais, que seriam parte do seu disco seguinte “O Dia Em que Faremos Contato” (1996), entre elas “Hoje Eu Quero Sair Só”, mas o show foi bem recebido pelo público, que dançou ao som de todas as faixas do disco tocado na íntegra.

Também foi um bom lembrete de como o Coala é uma boa chance de ver shows únicos e exclusivos de discos e artistas que marcaram a música brasileira.

Também foi assim com o show do 14 Bis com participação de Beto Guedes e Flávio Venturini, que tocaram clássicos da turma de Minas Gerais como “Canção da América”, de Milton Nascimento, no auditório do Memorial da América Latina.

O festival também faz isso por meio de encontros, que podem ser intrageracionais —como foi o caso de, por exemplo, Gal Costa com Tim Bernardes e Rubel— ou não, como neste ano foram Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes.

A dupla puxou pelos hits mais antigos de ambos —teve “Devolva-Me”, “O Pulso Ainda Pulsa”, “Fico Assim Sem Você”, “A Casa é Sua” e “Velha Infância.”

A nostalgia dos dois puxou a nostalgia que estava por vir d’O Terno, que encerrou a sexta-feira de Coala com o último show da história da banda.

O trio paulistano tem 15 anos de história, e 13 desde que explodiu na MTV com o clipe de “66”. Sua própria música já evoca certa nostalgia. O rock dos anos 1980 —do que fez parte Os Mulheres Negras, do pai de Tim Bernardes, Mauricio Pereira— e a MPB dos 1960 e 1970 estão presentes de modo vívido no som do grupo.

O show teve um tom de despedida. Tim avisou para que a plateia gesticulasse pedidos de músicas, e atendeu a demanda de um fã que pediu “Eu Vou”, do álbum “Atrás/Além” de 2019, além de brincar que tocaria um cover de “Wonderwall, do recém-reformado Oasis.

Com quatro discos de estúdio, o repertório da banda mesclou quase todos os trabalhos, com exceção do primeiro álbum “66”, conseguindo agradar aos fãs de qualquer época. O último álbum foi “Atrás/Além” e, segundo Tim contou no show, um seguinte só não aconteceu pelo desequilíbrio causado pela pandemia e o isolamento social.

No fim, a banda acaba se encaixando no conceito que o Coala parece trazer neste ano —shows que acontecerão só uma única, ou última, vez.

No primeiro dia da comemoração de seus dez anos de existência, o Coala Festival prova que sua presença dentre os grandes festivais de música de São Paulo é não apenas essencial, mas excepcional.

noticia por : UOL

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