VARIEDADES

Dois cientistas católicos históricos que vale a pena conhecer

Em seu novo livro, Science at the Doorstep to God (“A ciência na soleira de Deus”, em trad. livre), o Pe. Robert Spitzer mostra que novas descobertas nas ciências físicas apontam para a existência de Deus. Essa nova e revolucionária evidência da existência de Deus faz o ateísmo parecer mais tolo do que nunca. Já efetivamente refutado através dos argumentos racionais da filosofia e das evidências da história, o ateísmo agora está sendo desmascarado pelas ciências físicas.

Embora essas novas descobertas na ciência possam surpreender os ateus, elas não deveriam ser surpresa para os católicos. A Igreja sempre insistiu na união inexorável e no casamento indissolúvel entre fé e razão. É por isso que G. K. Chesterton nos lembra que a Igreja Católica é a “única instituição contínua e inteligente que tem refletido sobre o pensamento por dois mil anos”.

Essa também é a razão pela qual a Igreja Católica produziu alguns dos maiores cientistas que já existiram. Esses cientistas podem não ser conhecidos pelos católicos, ou, se são conhecidos como cientistas, podem não ser reconhecidos como cientistas católicos. Sendo assim, vamos olhar para uma dupla dinâmica de grandes cientistas que deveriam ser conhecidos — e cujo catolicismo deveria ser conhecido.

Niels Steensen (1638-1686)

Foi um cientista dinamarquês, mais conhecido como Nicolau Steno, a forma latinizada de seu nome. Um verdadeiro gênio e pioneiro em vários ramos da ciência, ele fez contribuições fundamentais para o estudo da anatomia, paleontologia, geologia e cristalografia. Criado como luterano, seu estudo de teologia, especialmente os escritos dos primeiros padres da Igreja, levou à sua conversão à fé católica. Ele foi ordenado sacerdote e, em 1667, foi nomeado bispo pelo Papa Inocêncio XI.

Sua contribuição para novas descobertas na ciência é tão importante que ele é considerado efetivamente o fundador pioneiro da ciência da geologia e, particularmente, do ramo da geologia conhecido como estratigrafia. Tal é seu lugar fundamental na história da ciência que metade dos vinte artigos em um livro recentemente publicado, The Revolution in Geology from the Renaissance to the Enlightenment (“A revolução na geologia da Renascença ao Iluminismo”, em trad. livre), focam no lugar preeminente de Steno como o “fundador do pensamento geológico moderno”.

Além de seu trabalho científico, Steno viveu uma vida boa e santa. Como bispo, ele trabalhou incansavelmente para combater o impacto nocivo da Reforma no norte da Europa. Ele viveu uma vida rigorosamente ascética de oração e jejum, vendendo seus bens pessoais para dar aos pobres. Foi beatificado por São João Paulo II em 1988.

Maria Gaetana Agnesi (1718-1799)

Foi uma matemática e, portanto, não, estritamente falando, uma cientista (a matemática pura sendo mais semelhante à filosofia da metafísica do que às ciências puramente físicas). No entanto, ela se encaixa muito confortavelmente na companhia dos cientistas católicos que devemos conhecer.

Nascida em Milão, foi reconhecida como uma criança prodígio. Ela falava italiano e francês aos cinco anos de idade e havia adicionado outras cinco línguas aos onze anos: alemão, grego, hebraico, latim e espanhol. Foi, no entanto, no campo da matemática que ela é mais conhecida e mais justamente celebrada. Ela foi a primeira mulher a escrever um manual de matemática e a primeira pessoa a escrever um livro didático discutindo tanto cálculo diferencial quanto integral.

Ela também foi a primeira mulher a ser nomeada professora de matemática quando, em 1750, foi nomeada para a Universidade de Bolonha pelo Papa Bento XIV. Vale também notar que Bento XIV foi responsável pela nomeação de outra mulher cientista, Laura Bassi, para cargos na Universidade de Bolonha. Com essas nomeações históricas, podemos considerar Bento XIV e o papado como pioneiros não celebrados do autêntico feminismo.

Assim como Nicolau Steno, Maria Gaetana Agnesi foi uma católica devota que viveu uma vida verdadeiramente inspiradora de santidade. Como Steno, ela estudou teologia, especialmente os primeiros padres da Igreja, e se dedicou a trabalhar com os pobres, os sem-teto e os doentes. Ela fundou a Opera Pia Trivulzio, um lar para idosos, tornando-se sua diretora e vivendo lá com as freiras que administravam o lar. Ela vendeu seus bens e pediu dinheiro para ajudá-la em seu trabalho com os pobres. Morreu tão pobre quanto aqueles a quem serviu, sendo enterrada em uma cova comum de indigentes.

Enquanto a vida de Maria Gaetana Agnesi seja um paralelo notável com a de Nicolau Steno, ela nunca foi formalmente reconhecida pela Igreja no sentido de uma causa para sua canonização ser iniciada. Ela é, portanto, uma heroína não celebrada até mesmo em relação à Igreja. Por que isso, alguém pode perguntar? Há algo em sua vida que é problemático? Ou isso é simplesmente um pecado de omissão aguardando retificação?

De qualquer forma, sempre foi uma prática de devoção dos fiéis orar pela intercessão daqueles que consideram santos e no Céu. É somente através de tais orações que um culto se desenvolve, o que leva à abertura de uma causa de canonização. Sendo assim, como um ato de devoção, vamos pedir tanto a Nicolau Steno quanto a Maria Gaetana Agnesi, cientistas, servos dos pobres e heróis não celebrados da cristandade, que orem por nós.

©2024 The Imaginative Conservative. Publicado com permissão. Original em inglês.

noticia por : Gazeta do Povo

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