O fim da campanha presidencial de Joe Biden foi marcado, no domingo, por um anúncio que pegou até mesmo seus aliados mais próximos de surpresa.
Num editorial, o New York Times destacou que o experiente político americano fez o que Donald Trump jamais faria: colocar os interesses da nação como prioridade, e não os seus.
Ele estava isolado. Politicamente e fisicamente, ao se recuperar da covid-19 em sua casa de praia, na costa de Delaware.
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Analistas destacam que pesou para a decisão de Biden ser confrontado por números que mostravam que sua permanência poderia afetar as eleições e as chances dos Democratas no Senado e Câmara de Deputados.
É fato que o encerramento melancólico de sua candidatura transforma a corrida presidencial e marcará sua carreira. Mas não se pode ignorar o papel de Biden na defesa do Estado de Direito e da democracia no Brasil.
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Para diplomatas brasileiros, se Trump tivesse continuado no poder em um segundo mandato, a história do Brasil poderia ter sido outra.
O centro da preocupação de Biden era o eco que um golpe da extrema direita poderia ter em seu próprio país, principalmente depois das cenas da invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Em julho de 2022, uma reunião entre os chefes da pasta de Defesa do Brasil e dos EUA sinalizou aos militares em Brasília que eles não teriam o respaldo de Washington sob o comando de Biden, caso optassem por uma aventura golpista.
Fontes que estiveram naquela sala relembram como o tom usado pelos representantes de Biden foi claro: as instituições democráticas brasileiras eram sólidas.
Ou seja, não haveria qualquer tipo de apoio a uma ofensiva por parte dos militares brasileiros em relação ao questionamento contra a democracia no país.
Dias antes, o então presidente Jair Bolsonaro havia usado um encontro com embaixadores estrangeiros em Brasília para atacar as urnas eletrônicas e questionar o processo eleitoral no Brasil.
Naquele momento, o governo recebia uma série de visitas do mais alto escalão do governo americano, incluindo o chefe da CIA (agência de inteligência dos EUA) e a cúpula da Segurança Nacional.
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Mais de um ano após os atos de 8 de janeiro, diplomatas admitem que a pressão discreta por parte de Biden ajudou a mandar um recado aos militares brasileiros.
O recado era simples: um golpe poderia até ocorrer. Mas o dia seguinte do novo regime traria custos elevados para aqueles no poder.
Sem o apoio de membros da Otan, restariam ao eventual novo governo golpista alianças com párias internacionais e regimes isolados dispostos a usar o Brasil para fortalecer posições contra os EUA.
Bonnie Cash – 12.abr.2024/Reuters
noticia por : UOL