Antonio Araujo/Mapa
Ministro da Agricultura não comentou declarações de servidor exonerado.
APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O ex-diretor executivo de Operações e Abastecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos, exonerado nesta terça-feira (25), afirma que a sua demissão foi injusta, “que escorregou numa casca de banana” por apenas cumprir ordens do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Thiago dos Santos era o responsável pelos leilões da Conab e foi indicado para o cargo por Neri Geller, demitido do cargo de Secretário de Política Agrícola no Ministério da Agricultura e Pecuária, em razão das irregularidades identificadas no leilão. Das quatro empresas vitoriosas no certame, nenhuma tinha experiência de atuação no ramo arrozeiro. Antes de ocupar o cargo na Conab, Thiago foi assessor parlamentar de Neri na Câmara Federal.
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“Fizemos o que o ministro (Fávaro) mandou e colocamos no papel. Foi muita fala política e menos fala técnica. O ministro determinou R$ 5 o quilo, abaixo do preço de paridade. Isso tirou outros participantes da concorrência. Não tenho participação nenhuma. Só escrevi o que o governo falou através do Ministério da Agricultura. Apesar dos leilões não serem supervisionados pelo ministério, ele (Fávaro) trouxe para o gabinete dele esse assunto”, disse Thiago ao jornal O Globo.
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Conforme Thiago, os técnicos da Conab defendiam que os valores iniciais do quilo do arroz ficassem entre R$ 5,50 e R$ 5,80. A imposição de Fávaro para que o valor fosse menor afastou as empresas que poderiam se interessas no negócio.
O leilão foi anulado depois que a imprensa divulgou que três empresas vencedoras do leilão foram representadas por Robson Luiz de Almeida França, que trabalhou com Geller na Câmara dos Deputados entre 2019 e 2020. França também é sócio do filho de Neri Geller, Marcelo Piccini Geller, na empresa GF Business, criada em agosto de 2023 e voltada para o agronegócio. Enquanto esteve no gabinete de Geller na Câmara Federal, França atuou ao lado de Thiago dos Santos.
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Na semana passada, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o leilão foi cancelado por causa de uma “falcatrua numa empresa”.
“Se a operação tivesse sido feita como os técnicos da Conab determinaram, não teria como dar errado. Foi uma casca de banana que escorreguei e que não fui eu que coloquei. Me sinto totalmente injustiçado, porque não participei de nada até momento do leilão”, disse Thiago.
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“Quem determinou as regras de como seria não fui eu, e não deixaram o leilão seguir. Interromperam antes do final. Foi um assunto muito politizado. Não vou colocar culpa em ninguém”, acrescentou.
A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar as irregularidades. Procurado pela reportagem de O Globo, Fávaro não quis comentar as declarações de Thiago dos Santos.
FONTE : ReporterMT