Cursino, a longa avenida que começa nas imediações do Ipiranga e segue por cerca de 8 km até o parque do Estado, nas costas do Jardim Botânico e do zoológico, dá nome também ao distrito da zona sul que hoje vive pequena revolução imobiliária.
Na sub-região da sul, onde também estão o Ipiranga e o Sacomã, não tem para ninguém: de acordo com os números do Secovi, o distrito do Cursino é o lugar em que mais foram comercializados imóveis nos últimos 12 meses.
A proximidade com as estações Santos-Imigrantes e Alto do Ipiranga, da linha 2 do metrô, e os carregados eixos de transporte, como a própria avenida do Cursino, a também comprida rua Vergueiro e a rua Santa Cruz são os grandes indutores do movimento.
Segundo a startup imobiliária Loft com base nos registros de ITBI (imposto sobre transação de bens imóveis), o distrito teve aumento de 4% no volume de imóveis vendidos na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2024 e o mesmo período do ano anterior. O preço do metro quadrado ficou estável no período, em R$ 4.035.
Mas há áreas em que o valor é bem maior. Na rua Jaguari ultrapassa os R$ 7.000; e na Delmira Ferreira, travessa da Santa Cruz, está em R$ 6.760. E, no caso de apartamentos novos, pode passar de R$ 11 mil nas quadras próximas do metrô.
Sem uma marca memorável —nem mesmo um bairro chamado Cursino—, a área ganhou nomes mais vendáveis.
Ao norte, perto da estação Santos-Imigrantes, a região virou Nova Klabin, em referência à Chácara Klabin, o vizinho afluente e ultra verticalizado.
A 400 metros dessa estação, a Setin constrói seu Smart Home Nova Klabin, com apartamentos de 49 m² a 69 m². O mote aqui é custo-benefício. Serviços dignos da Klabin, mas em versão pocket, com valores desde R$ 700 mil.
Ou, traduzindo: varanda gourmet, piscina semiolímpica, churrasqueira e outros features contemporâneos, como área de delivery e bicicletário, tudo numa torre única de 27 andares. O produto deve ser entregue no final de 2024 e restam cerca de 15% das unidades por comercializar.
Roberto Farias, diretor comercial da Setin, chama a Cursino de “região democrática”, influenciada especialmente por sua avenida principal. Ele vê nela usos múltiplos, do “segmento econômico financiado pelo Minha Casa, Minha Vida ao médio padrão nas proximidades do Ipiranga”.
Com base nas vendas do Nova Klabin, ele diz que 60% dos proprietários são da própria região e 10% de cidades do ABC.
Já a Trisul, que tem alguns projetos também no fronteiriço Ipiranga, fincou no distrito do Cursino o Elev Alto do Ipiranga. Ele está colado ao Smart Nova Klabin, mas para a Trisul a designação Nova Klabin orna melhor com o bairro do Ipiranga. Seu Nattur Nova Klabin fica na rua Huet Bacelar, mesma rua do Aquário de São Paulo. Ipiranga.
Folha Mercado
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Mas fiquemos no Cursino: num terreno de mais de 4.000 m², o Elev Alto do Ipiranga terá três torres de 20 andares e apartamentos de até 37 m². Com direito a varanda e dois quartos, mesmo nesse espaço compacto.
Nas imagens de computação gráfica, chamam atenção o paisagismo, a comprida piscina e a pequena quadra de tênis de praia com areia alvíssima.
Mais a sul do distrito já não é preciso usar artifícios de marketing. O bairro do Jardim da Saúde há tempos tem status próprio. É lá que a região começou a se urbanizar, com arruamento que se espelhava nos bairros-jardins do Pacaembu, Alto da Lapa e Jardins, concebidos pela Companhia City.
Nessa área há grande movimentação, mais do que imobiliária, turística. É que ali está um verdadeiro magneto de botequeiros, o Bar do Luiz Nozoie, no 1.210 da Cursino.
Seu Luiz morreu recentemente, em abril, e sua memória segue a ser celebrada no bar –que nos primórdios, nos anos 1960, atuou como sorveteria. Duas gerações de sua família, que há tempos dão expediente no boteco, seguem no timão, fazendo dessa verdadeira pérola paulistana razão mais do que suficiente para, quem sabe, cacifar um apê na Nova Klabin.
Mas seria um tanto limitador não olhar para a ponta sul do Cursino, justamente na área em torno do Parque do Estado, que os incorporadores já chamam de Novo Jardim Botânico.
Aproveitando-se da vista espetacular do parque –ao menos para os apartamentos voltados para a avenida–, surgem projetos para bolsos menos folgados, como o Gran Kazzas Botanic, previsto para julho de 2025, um produto do Grupo Kallas com 199 apartamentos de 37 m² a 41,95 m², com direito a coworking, minimercado e pet place nas áreas comuns. Dá para financiar pelo Minha Casa, Minha Vida e a menor unidade parte de cerca de R$ 233 mil.
A Econ também investe consideravelmente na região. No número 5.000 da Cursino cresce o complexo Alto do Jardim, quatro projetos distintos que somam 1.254 apartamentos em nove edifícios com itens de lazer num terreno de 48 mil m². No Aroeira, com apartamentos de 37 m², os preços começam em torno de R$ 252 mil.
noticia por : UOL