MUNDO

Jabuti na árvore 2: Campos Neto, o ET "autônomo" e preferido da oposição

Tudo isso se perdeu. Assim como se ignora a história. Desde a criação do regime de metas de inflação, em 1999, a taxa ficou na casa dos 3%, ou abaixo, apenas em 2006 (3,14%), 2017 (2,9%) e 2018 (3,75%). Três vezes em 25 anos. O desemprego nestes anos, respectivamente, foi de 8,4%, 12,7% e 12,3%. Hoje, é de 7,4%, com a inflação acima do centro da meta, mas dentro da banda. E, dados os sinais do “ET Autônomo”, é bem possível que se interrompa o ciclo de queda da Selic. O centro impossível da meta se torna o instrumento para a manutenção dos juros nas alturas. E então se grita: “Cortem gastos!”

“Olhem o Reinaldo contra o corte…” Eu não. Mas entendo que tanto os gastos como as receitas são números que derivam de uma equação política. Tomem-se os casos da desoneração da folha de pagamentos dos tais 17 setores e prefeituras e da MP que disciplinava a compensação dos créditos de PIS/Cofins. O berreiro é técnico? Uma ova!

Como é que se faz um debate decente sobre corte de gastos quando grassa a indecência na elisão de receitas? E, convenham, no mais das vezes, o que se deixa de arrecadar não beneficia os pobrezinhos que dependem de serviços do Estado para ter uma vida menos miserável.

O Bank of America, que entende de economia mais do que eu, minha tia e os editorialistas anônimos do catastrofismo, prevê um crescimento da economia de 2,7% neste ano, na contramão do terrorismo “duzmercáduz”. Em entrevista à Folha, o chefe de economia para Brasil e estratégia para América Latina, David Beker, afirma:
“No ano passado, um dos principais erros do mercado foi imaginar que a inflação só desaceleraria na hora que você tivesse deterioração do emprego. Óbvio que a inflação de serviços caiu menos do que o índice cheio, mas você teve uma desaceleração com desemprego extremamente baixo. A conclusão é que a economia pode conviver com esse mercado de trabalho forte.”

E ainda:
“A gente precisa de um superávit primário para permitir a estabilização da dívida. A discussão é sempre sobre a velocidade que esse movimento vai acontecer. No ano passado, o mercado estava muito cético com o fiscal, e a gente viu a quantidade de medidas que o ministro da Fazenda conseguiu aprovar no Congresso. A gente está na ponta de que vê o governo se esforçando para conseguir as receitas. A nossa expectativa é de leve déficit, mas eles estão muito próximos do cumprimento da meta.”

Vejam vocês! Suponho que Becker atue para que seu banco ganhe dinheiro. Longe da política, não se comporta como “cheerleader” da oposição, mesmo sem ter a obrigação da autonomia. Nestes tempos, dado o perfil “duzmercáduz”, é, ele sim, quase um ET.

noticia por : UOL

Facebook
WhatsApp
Email
Print
Visitas: 71 Hoje: 6 Total: 6875170

COMENTÁRIOS

Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores e não representam a opinião deste site.