POLÍCIA

Análise: Moratória da soja é tentativa de sabotar produção brasileira; europeus continuam com postura colonizadora e cínica

APARECIDO CARMO

DO REPÓRTERMT

O jornalista e analista Onofre Ribeiro destaca, em avaliação para o RepórterMT, sobre a moratória da carne e da soja, que a medida ocorre para tentar sabotar o comércio de produtos oriundos do Brasil no mercado internacional, já que a agricultura europeia está em declínio. Para ele, os europeus permanecem com a mesma postura “colonizadora e cínica”, pensando primeiro nos seus próprios interesses sem nenhuma consideração com os demais países do mundo.

“Os europeus são cruéis, sempre foram. Destruíram a África, destruíram a Índia, destruíram a Ásia, destruíram as Américas. Então eles estão destruindo de novo, como fizeram no século 19”, aponta.

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A moratória da soja e da carne é um acordo firmado entre o governo brasileiro, empresas e ongs internacionais que prevê a criação de restrições à exportação de produtos agrícolas brasileiros oriundos de áreas desmatadas a partir de 2008. O problema é que a legislação brasileira permite desmatamento em algumas situações, mas por causa da moratória, mesmo quando o desmatamento é legal o produtor pode ser punido, o que gera preocupações em toda a cadeia de produção do principal setor da economia.

“Os europeus são cruéis, sempre foram. Destruíram a África, destruíram a Índia, destruíram a Ásia, destruíram as Américas. Então eles estão destruindo de novo, como fizeram no século 19”,

Para Onofre Ribeiro, isso é fruto da falta de capacidade dos produtores europeus em competir com a produção brasileira.

“A agricultura francesa, por exemplo, só é viável se for com fortíssimos incentivos: máquinas à custo quase zero, sem juros e com desconto, parcelado a longo prazo e eles nunca pagam a máquina porque a cada dois anos troca, tudo por conta de incentivo fiscal; óleo diesel com incentivo, fertilizantes com incentivo, tudo com desconto. E, no final, o governo compra a produção por um preço que justifica. É melhor até nem vender para ninguém porque o governo compra”, explica Onofre.

Esse cenário, conforme o analista, se arrasta há algum tempo. Basta lembrar que há mais de 25 anos está em negociação um tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, mas por conta dos interesses econômicos especialmente da França, as negociações não tiveram o resultado esperado.

A guerra da Rússia contra Ucrânia, contudo, evidenciou o declínio da produção agrícola europeia. A Ucrânia era o maior produtor de grãos do continente, com uma produção de cerca de 40 milhões de toneladas. De um dia para o outro o país viu os seus portos sendo controlados pela Rússia. Além disso, a resposta imediata dos países ocidentais foi impor sanções contra o país governado por Vladimir Putin, mas a Europa ainda era dependente do gás russo, o que foi usado como retaliação pelo apoio à Ucrânia no conflito.

“Com as sanções impostas à Rússia após a guerra da Ucrânia, a Alemanha, por exemplo, está fechando um absurdo de empresas e a França também e não tem energia. Então o governo não tem a energia, não tem produção, não tem imposto, não tem subsidio”, explica o analista.

Nesse cenário, os produtores europeus se viram amedrontados com a possibilidade de perderem espaço no mercado. Manifestações realizadas nas grandes cidades europeias se tornaram comuns, com desfiles de tratores e lixo sendo jogado em frente aos prédios públicos, o que aumenta a pressão sobre os governantes, que dependem do apoio popular para permanecer no poder.

“Agora não, agora começou a criar uma força política. Essa frente política vai acabar se juntando com a de outros estados e aí há uma força política para enfrentar a pressão europeia”

Reação

Onofre Ribeiro considera que o evento realizado na última terça-feira (29) pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE) para discutir a moratória da soja e da carne é o primeiro passo em direção da formação de uma coalização regional em prol dos interesses dos produtores brasileiros.

O evento, realizado em Cuiabá, foi resultado de uma articulação entre o TCE, a Assembleia Legislativa, o Governo do Estado, Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e entidades como a Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).

“A força política de Mato Grosso se reuniu para discutir o assunto e criar uma frente política, porque até então o que nós temos aqui é o agricultor reclamando. Mas fica só nisso e essa reclamaçãozinha não sai da lavoura. Agora não, agora começou a criar uma força política. Essa frente política vai acabar se juntando com a de outros estados e aí há uma força política para enfrentar a pressão europeia”, avalia Onofre.

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Essa pressão nova que surge das forças políticas dos estados, na visão de Onofre, deve encontrar eco no Congresso Nacional, que é por natureza mais suscetível às pressões populares. Mas, para o analista, o Governo Federal não vai mudar sua postura e vai continuar atendendo as demandas da agenda ambientalista da esquerda europeia.

“O presidente Lula fecha com o presidente (da França, Emmanuel) Macron. O Lula defende a política esquerdista ambiental europeia, representada pela França. Ele viajou o ano passado inteiro fechando acordos comerciais contrários aos interesses do Brasil. Então nós vamos ter um problema aí, uma corrente de forças regionais contra uma corrente nacional. Aí é um cabo de guerra e vamos ver quem é que tem mais força”, pontua.

 

Nesse cenário, os produtores europeus se viram amedrontados com a possibilidade de perderem espaço no mercado. Manifestações realizadas nas grandes cidades europeias se tornaram comuns, com desfiles de tratores e lixo sendo jogado em frente aos prédios públicos, o que aumenta a pressão sobre os governantes, que dependem do apoio popular para permanecer no poder.

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FONTE : ReporterMT

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