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O que faz o dólar subir?
Por que o dólar chegou a R$ 5,26 nesta terça, no maior valor em mais de um ano?
É culpa do cenário externo, com a expectativa de adiamento do corte de juros nos EUA e o aumento das tensões no Oriente Médio, ou do ambiente interno, com o anúncio do governo que deixou o ajuste fiscal para a próxima gestão?
↳ Para os analistas do mercado, os dois têm peso na cotação da divisa.
Lá fora, dados mostram que a economia americana está mais forte que o esperado. Com isso, os juros devem demorar mais a cair, e os títulos do Tesouro dos EUA irão entregar um retorno maior aos investidores por mais tempo.
- As tensões políticas têm peso menor na cotação, mas contribuem com o aumento da aversão a risco entre investidores.
Aqui, a mudança da meta fiscal de 2025 de um superávit de 0,25% para déficit zero deixa clara a dificuldade do governo de fazer um ajuste fiscal e de estabilizar o crescimento da dívida pública (agora prevista só para depois de 2027).
- Na segunda, o dólar chegou a atingir a máxima do dia após a notícia de que o governo revisaria a meta.
↳ Para o ministro Fernando Haddad (Fazenda), “dois terços” da alta do dólar são de responsabilidade do que acontece no exterior.
“Está havendo uma reprecificação de ativos no mundo inteiro. Hoje, por exemplo, o peso mexicano está sofrendo mais do que o real brasileiro. Indonésia também”, disse a jornalistas em Washington (EUA).
- Desde a última quarta, porém, o real é a moeda que mais se desvaloriza ante o dólar na comparação com as principais divisas.
Questionado se o terço restante poderia ser atribuído à revisão da meta fiscal, o ministro disse que acredita que “precisamos explicar melhor” o que vai acontecer com as contas públicas brasileiras.
Haddad caracterizou o momento atual como uma “turbulência semanal”.
Foi também nesta semana que o BC divulgou que analistas do mercado elevaram a previsão da Selic pela primeira vez desde o fim de 2023. Agora, a expectativa mediana para a taxa no fim deste ano é de 9,13%, antes os 9% dos levantamentos anteriores.
Opinião | Vinicius Torres Freire: Não é crise, mas dólar nesse preço e juro maior aumentam risco de acidentes; leia coluna.
Atrás de R$ 35 bi para baixar conta de luz
Depois de ter rebaixado a tarifa da conta de luz no curto prazo em 5% com uma MP (medida provisória) da semana passada, agora o governo estuda o que fazer para aliviar a conta mais alta que o consumidor terá de pagar no futuro.
Entenda: o texto permite a antecipação de recursos que seriam pagos no futuro pela Eletrobras, privatizada em 2022, à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que custeia subsídios a consumidores e geradores de energia.
- Só que ele também reduz o ingresso de recursos na CDE no futuro —o que, sem revisão nos subsídios, gera pressão por reajustes para bancar a fatura dos próximos anos.
- Esse aumento a partir de 2029 será de 7%, segundo cálculos de agentes do setor.
- Membros do governo falam na necessidade de até R$ 35 bilhões anuais para a tarefa de segurar esse aumento futuro.
De onde virá o dinheiro? Uma das propostas é usar recursos do Orçamento, mas o tema gera resistência no Ministério da Fazenda.
Como realizar o sonho da casa própria
Sonho de boa parte dos brasileiros, a compra da casa própria envolve uma série de decisões: Qual o limite orçamentário? Financiar por quanto tempo? Como conseguir a melhor linha de crédito? Quando vale mais a pena alugar do que comprar?
Para ajudar a sanar essas e outras dúvidas sobre o assunto, a Folha lança, a partir de hoje, uma série de reportagens sobre o tema.
↳ Definir o orçamento:
- A renda total é primordial para estabelecer em qual linha de crédito o comprador se encaixa: se crédito imobiliário comum ou Minha Casa, Minha Vida, que tem incentivos do governo.
- Cuidado com os custos “escondidos”: as taxas adicionais envolvidas no processo de aquisição podem chegar a 10% do valor do imóvel.
↳ Alugar ou comprar? Vale considerar a regra de multiplicar o valor do aluguel mensal por 200 para comparar com o preço de compra do imóvel. Se o resultado for…
- Acima do preço do imóvel: comprar tende a ser mais vantajoso.
- Abaixo do valor: alugar pode ser mais econômico.
↳ O fator Selic: a taxa média de financiamento imobiliário nos bancos está em 12% ao ano, com a taxa básica de juros em 10,75% ao ano.
- Com a tendência de que o ciclo de corte seja mantido –ao menos por enquanto–, a expectativa da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) é de que os bancos cobrem em torno de 9% até dezembro.
– Como financiar um imóvel na planta?
– Quem tem direito ao financiamento pelo Minha Casa, Minha Vida?
– Quais são as regras para usar o FGTS no Minha Casa, Minha Vida?
- Veja aqui a resposta para essas e outras perguntas.
Primeiras impressões do Web Summit Rio
O Web Summit, principal evento de tecnologia da Europa, desembarcou no Brasil nesta semana para sua segunda edição.
A organização disse que o evento irá reunir um público maior neste ano que no ano passado –30 mil contra 21 mil– apesar de uma lista de palestrantes mais modesta em termos de renome internacional, como relata Pedro S. Teixeira.
Na área da inteligência artificial, que a organização destaca em sua divulgação, representantes locais de grandes empresas e de startups ligadas à ferramenta ganharam destaque.
Os destaques do primeiro dia:
↳ Grindr quer ir além do sexo e criar laços entre homens gays:
George Arison, CEO da plataforma, disse à Folha que o app não se limita a promover encontros de sexo casual.
- “Queremos que o Grindr também seja visto como um aplicativo social, em que as pessoas possam criar laços”, afirmou o executivo.
↳ Fundadores de startups debatem sobre avanços e perigos da IA:
Juan Pablo Ortega, cofundador e CEO da empresa de pagamentos colombiana Yuno, defendeu que a qualidade da tradução de conteúdo e serviços fornecida pela tecnologia permite que uma empresa da região possa competir a nível global como não era possível há alguns anos.
Xavier Anguera, cofundador da Elsa, uma plataforma com exercícios para a prática de inglês, citou a rápida evolução da tecnologia para defender o potencial dos dados sintéticos –a grosso modo, a ideia é que as plataformas de IA sejam treinadas com dados produzidos por máquinas, não por humanos, driblando informações pessoais e direitos autorais.
Aline Pezente, fundadora da brasileira Traive, que usa IA no campo, discordou da visão de Xavier. Ele disse que a tecnologia não consegue reproduzir uma capacidade humana de conseguir raciocinar logicamente a partir de uma quantidade mínima de dados disponíveis.
O jornalista viajou a convite do Web Summit Rio.
noticia por : UOL