MUNDO

A polêmica proibição a evento da ultradireita em Bruxelas

Kir, um socialista filho de imigrantes turcos, afirmou ainda que a extrema direita – que deve aumentar sua bancada no Parlamento Europeu nas próximas eleições europeias – não era bem-vinda na cidade.

Entre os principais oradores da conferência NatCon sobre “conservadorismo nacional” estavam o populista de direita e eurocético britânico Nigel Farage e a ex-ministra do Interior do Reino Unido Suella Braverman.

O primeiro ministro da Hungria, Viktor Orban, cujo governo se tornou uma espécie de modelo para a ultradireita global, iria discursar no segundo dia do evento, nesta quarta-feira.

Dificuldades para reservar local

Nesta terça, o discurso de Farage ocorria em meio a rumores de que o evento poderia ser encerrado a qualquer momento. Pouco depois, Braverman subiu ao palco enquanto a polícia informava os organizadores sobre a ordem para que a conferência fosse suspensa.

O pré-candidato à Presidência da França, o ultradireitista Eric Zemmour, foi impedido de entrar no local, onde faria um discurso sobre imigração.

Desde a sexta-feira da semana passada, os organizadores da NatCon já vinham enfrentando problemas para conseguir um local para o evento, após a sala que eles haviam alugado em Bruxelas cancelar abruptamente a reserva, alegando pressões políticas.

Depois disso, a conferência foi transferida às pressas para um hotel no bairro de Bruxelas que abriga as instituições da UE, mas o local cancelou o evento na segunda-feira à noite, temendo possíveis distúrbios.

Questão de “liberdade de expressão”?

Farage, um dos principais articuladores do Brexit, disse que a proibição ao evento era algo “monstruoso” que lembrava o “velho estilo comunista, onde se você não concorda comigo, você tem de ser banido, tem de ser impedido”.

Orban, que participará de uma cúpula de líderes da União Europeia (UE) em Bruxelas a partir desta quarta-feira, prometeu não desistir do evento e fez fortes críticas às autoridades da capital belga. “Acho que eles não podiam mais aceitar a liberdade de expressão”, afirmou em postagem na rede social X.

A premiê ultradireitista da Itália, Giorgia Meloni, criticou o que chamou de “opressão odiosa da liberdade de expressão”.

Mas, não foram somente as lideranças ultradireitistas que criticaram a decisão do prefeito de Saint-Josse.

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, classificou a medida como “inaceitável” e lembrou que a Constituição da Bélgica assegura a liberdade de expressão. “Banir encontros políticos é inconstitucional. Ponto final”, afirmou o liberal democrata em postagem no X.

Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que a decisão do prefeito é “extremamente problemática”.

Liberdade “dentro dos limites da lei”

Mesmo com a proibição, a conferência prosseguiu durante a tarde com algumas interrupções, com a polícia evitando adotar ação para forçar os participantes a deixarem o local, mas bloqueando a entrada de quem chegasse ao evento.

Os organizadores disseram que vão acionar a Justiça contra a proibição. Ainda não estava claro se o evento permanecerá cancelado nesta quarta-feira ou se será realizado em outro local.

A Liga dos Direitos Humanos da Bélgica, uma das organizações que se opunha ao evento da ultradireita, afirmou em nota divulgada antes da proibição que “a liberdade de expressão deve valer para todos, de fato, dentro dos limites da lei, mas isso não significa que tenhamos que abrir nosso lar para a extrema direita”.

noticia por : UOL

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