POLÍCIA

Prefeitura retoma administração de miniestádio utilizado pelo CV para lavar dinheiro

DO REPÓRTERMT

A Prefeitura de Cuiabá deve revogar a cessão do miniestádio do Jardim Florianópolis, que foi reformado e estava sendo utilizado pelas lideranças do Comando Vermelho investigadas no âmbito da Operação Apito Final, por crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A recomendação é da 11ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa da Capital e do Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco).

Conforme mostraram as investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), a Polícia Civil identificou que desde outubro do ano passado, o espaço público havia sido cedido pela Prefeitura para o grupo criminoso ligado ao Comando Vermelho e era usado para difundir e promover Paulo Winter Farias Paelo, o “W. T.”, apontado como o tesoureiro da facção. Desde aquela época, o local passou a ser chamado de “Arena Floripa”.

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“Entre as condutas criminosas praticadas estão a promoção de atos assistencialistas para inserir a organização criminosa no meio da sociedade. É clara a intenção da facção criminosa de se aproximar da comunidade daquele bairro, especialmente das crianças, visando difundir a ideologia do crime e da violência”, assinalou o delegado Rafael Scatolon, responsável pela investigação.

No documento que foi encaminhado à Prefeitura de Cuiabá e à Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, é solicitado que a administração municipal remova todos os sinais, símbolos e marcadores que façam referência ao time “Amigos W. T.”, controlado por Paulo Winter Farias Paelo e que é usado como fachada para a prática criminosa do Comando Vermelho.

Segundo a Polícia Civil, o time foi constituído e é mantido com a finalidade clara e exclusiva de lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

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“Que imediatamente retome a posse do imóvel para que o Município não permita mais o acesso de nenhuma dessas pessoas envolvidas nas investigações que apuram fatos gravíssimos. E que em cinco dias sejam retirados todos os sinais, símbolos e marcadores do espaço público que está com o time de futebol”, cita trecho da recomendação.

O miniestádio foi pichado com frases e nomes do time de Paulo Witer, em cores que fazem alusão à facção criminosa. O local era utilizado para treinamentos e disputas de jogos amadores, inclusive do “Peladão”.

Reprodução

miniestádio do jardim florianópolis amigos wt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“O estádio, embora seja um espaço do poder público, aparentemente atende apenas aos interesses do investigado, que fez, inclusive, a abertura de pessoa jurídica relacionada ao seu time de futebol. WT é um amante do futebol, então ele queria esbanjar seu poderio financeiro construindo essa arena e fazendo ali, talvez, escolinhas de futebol, para continuar lavando o dinheiro”, observou o delegado Gustavo Belão, da GCCO.

Na semana passada, a Prefeitura de Cuiabá disse que era falsa a informação de que haveria “uma suposta ‘parceria’ entre um grupo criminoso e a gestão da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Empresa Cuiabana de Zeladoria e Serviços Urbanos (Limpurb)”. A nota prossegue dizendo que a gestão municipal ou a Limpurb não realizou ou autorizou que fosse realizada nenhuma obra no miniestádio do Jardim Florianópolis.

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Facção tinha outra “arena” em construção

Além do uso do espaço público no Jardim Florianópolis, o Comando Vermelho começou a construir um centro esportivo no Jardim Umuarama, também na capital, um dos empreendimentos do líder criminoso que tinham Andrew Nickolas Marques dos Santos como “testa de ferro”. O espaço, que era chamado pelos criminosos de “Arena Vip”, ocuparia 10 lotes residenciais com a construção de dois campos de futebol, academia, lojas e lanchonetes.

Andrew, também preso na operação Apito Final, foi identificado como peça fundamental para a organização criminosa chefiada por Paulo Witer, sendo um dos responsáveis pela compra e venda de imóveis e veículos para mascarar a movimentação do dinheiro de WT.

 

Reprodução

amigos wt miniestádio do jardim florianópolis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conforme os delegados, a construção da Arena Vip também foi financiada com o dinheiro do tráfico e tinha o objetivo de dar aparência lícita aos valores obtidos pela organização.

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A operação Apito Final foi deflagrada no dia 02 de abril, com a finalidade de descapitalizar a organização criminosa e cumprir 54 ordens judiciais que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, identificado como tesoureiro da facção e responsável pelo tráfico de drogas na região do Jardim Florianópolis.

A investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado apurou que, no período de dois anos, a organização movimentou R$ 65 milhões em bens móveis e imóveis adquiridos para lavar o dinheiro da facção. Além dos imóveis e veículos de luxo, as transações incluíram a criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.

FONTE : ReporterMT

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