A presidente peruana, Dina Boluarte, se defendeu nesta sexta-feira perante o Ministério Público e disse que os relógios Rolex que usou na verdade pertencem a um amigo que os emprestou, em resposta a um inquérito sobre a suposta posse de relógios e joias não declarados. O inquérito pelo caso conhecido como ‘Rolexgate’, que abala seu já frágil governo, terminou após cinco horas e meia, quando Boluarte deixou a sede do Ministério Público sem falar com a imprensa.
Horas depois, a presidente fez uma declaração na qual afirmou que os três relógios Rolex pelos quais está sendo investigada não são dela, mas foram emprestados por um amigo próximo, governador regional e aliado político. “Devo reconhecer que foi um erro aceitar emprestados esses relógios do meu amigo Wilfredo Oscorima”, comentou, salientando já ter devolvido os relógios ao dono. “Tudo o que foi dito é falso”, enfatizou em relação às joias Cartier e Van Cleef, atribuídas a ela pelo Ministério Público.
O procurador-geral, Juan Carlos Villena, esteve encarregado da “tomada de declarações à presidenta da República”, conforme informou o Ministério Público. Os promotores pediram que a presidente apresentasse, se os tivesse, os objetos de valor não declarados como parte de seu patrimônio quando assumiu o cargo e que mostrasse os comprovantes de compra ou explicasse sua origem.
A investigação ocorre depois que a polícia revistou sua casa e o escritório presidencial em 30 de março em busca da suposta coleção, composta por pelo menos três relógios de luxo da marca Rolex, que a imprensa atribui a ela por meio de diversas fotografias publicadas nos últimos dias. Pequenos grupos de apoiadores e detratores se reuniram ao redor do perímetro do Ministério Público enquanto ela prestava depoimento.
“Mulheres unidas, jamais serão vencidas!, Dina resiste, Dina não está sozinha”, foram os slogans de cerca de cinquenta manifestantes, a maioria mulheres, em apoio à presidente. Mas nem todos os gritos foram amigáveis. “Dina, a prisão te espera”, clamava em voz alta outro pequeno grupo não muito distante.
O governo espera que o caso seja esclarecido com a versão oferecida por Boluarte e assim encerrar um escândalo que já provocou dois pedidos de impeachment da oposição parlamentar de esquerda, ambos rejeitados na quinta-feira pela maioria de direita do Congresso.
O Ministério Público pediu explicações sobre a origem de depósitos bancários de um milhão de sóis (cerca de R$ 1,35 milhão) em suas contas durante o período em que atuou como ministra entre 2021 e 2022. Também sobre “a posse de uma pulseira Cartier de US$ 56 mil e joias que teria usado em cerimônias que superam os US$ 500 mil”, como anunciou o procurador-geral Villena.
Com Boluarte, são seis os presidentes envolvidos em denúncias de corrupção desde o início do século 21. Desde 2016, o Peru teve seis presidentes.
noticia por : R7.com