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Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Neste ano tem eleições municipais. Em 2026 eleições para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais. Para nenhum desses cargos temos em Mato Grosso sucessores definidos ou pressupostos. Antes de entender isso, é preciso compreender como funcionava em tempos mais consistentes da política brasileira.
De 1946 até 1967 os partidos políticos eram muito consistentes e orgânicos. Começavam nos bairros com os subdiretórios, depois vinha o diretório municipal e, por fim, o diretório estadual e o nacional. O diretório nacional determinava todas as diretrizes do partido para o país inteiro. Era ocupado por dirigentes profundamente comprometidos com a filosofia do partido. Essa hierarquia terminava nos subdiretórios municipais.
Havia uma “fila” de sucessores. O partido indicava um candidato a prefeito, por exemplo, e mantinha a sua candidatura como um projeto definitivo do partido. O nome escolhido nascia das discussões internas do partido. Mesmo que houvessem brigas, eram resolvidas dentro do partido. Quando o nome fosse escolhido e referendado na convenção, não cabia mais discussões. E já se preparava o substituto desse para a próxima eleição.
Esse arranjo vinha mal e mal até 1997 na reeleição de Fernando Henrique Cardoso que permitiu a coligação geral e irrestrita de todos os partidos. Nascia ali o péssimo “presidencialismo de coalizão”. Um grupo de partidos não lança candidatos e acopla-se ao mais forte. Depois da eleição ocupa cargos e tira vantagens para políticos individualmente ou para grupos políticos e empresariais apoiadores. Morreram os partidos políticos!
Qual o efeito disso nas eleições? Cuiabá exemplifica muito bem. Nenhum partido orgânico vai disputar a eleição deste ano. Serão arranjos de grupos ou de um candidato com força econômica. Não haverá partido na disputa por prefeito e para 27 vereadores. Logo, morreu a representatividade popular.
Mas não é só em nível municipal. No estadual também. Como não há partido político orgânico que tenha formado o sucessor do governador Mauro Mendes, ele certamente sairá dos arranjos de grupos sem força partidária. Logo, corremos o risco de um casuísmo perigoso.
O mesmo se dirá da eleição presidencial. No municipal, no estadual e no nacional não há sucessores de partidos políticos representando tendências da sociedade. Quando existia aquela “escola de sucessores”, quem ocupava o cargo executivo ou legislativo, seguia a cartilha do partido que lhe exigia fidelidade permanente. Quase sempre para a vida toda! O mérito disso, é que havia sempre uma linha política partidária para o bem coletivo. Não a vontade exclusiva de eleitos sem partido e sem compromisso com o coletivo permanente! Longa estrada pela frente! Sem sucessores!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
FONTE : ReporterMT