Apesar do frio, os primeiros grupos de Homo sapiens se aventuraram no noroeste da Europa há 45 mil anos, onde poderiam ter convivido com neandertais milhares de anos antes desta espécie desaparecer do continente, segundo estudos publicados nesta quarta-feira (31).
Até o momento não havia registros de vestígios tão antigos do homem moderno nesta região europeia.
A importante descoberta reformula o cenário da colonização do continente pelo Homo sapiens, que eventualmente substituiu as populações locais de neandertais, como todas as outras linhagens humanas arcaicas ao redor do mundo.
Na Europa, “este fenômeno de substituição se estendeu por vários milhares de anos, entre o Paleolítico Médio e o Paleolítico Superior”, explicou à AFP o paleoantropólogo Jean-Jacques Hublin, diretor do Departamento de Evolução Humana dos Instituto Max Planck em Leipzig, Alemanha, principal autor dos três estudos publicados na revista Nature.
Em uma primeira fase, os sapiens e os neandertais coexistiram, embora não se saiba exatamente onde nem como, uma vez que evidências arqueológicas revelaram a presença de culturas distintas em áreas geográficas bem definidas durante este período de transição.
No entanto, identificar estas culturas é um enigma devido à escassez de vestígios humanos. Os paleontólogos enfrentam, sobretudo, o mistério da cultura Lincombian-Ranisian-Jerzmanowician (LRJ).
Este período é definido pela utilização de um certo tipo de ferramenta de pedra esculpida, encontrada em diversos locais ao norte dos Alpes, da Inglaterra à Polônia. A LRJ existiu por aproximadamente quatro mil anos, entre 45 mil e 41 mil anos antes da era do Homo sapiens.
Uma equipe do Instituto Max Planck escavou um destes sítios em Ranis, Alemanha, entre 2016 e 2022, que já havia sido parcialmente explorado na década de 1930.
noticia por : UOL