GOSPEL

Cortes de pregação ajudam ou atrapalham na vida cristã? Pastor faz alerta

Os vídeos com cortes de pregação se tornaram muito comuns em plataformas de vídeo, e muitas igrejas ou pastores usam esse método para destacar um trecho impactante de um sermão maior para alcançar pessoas nas redes sociais. Porém, o pastor e escritor Cacau Marques fez um alerta sobre os riscos que essa abordagem oferece.

Cacau Marques é pastor batista e integrante do podcast de Rodrigo Bibo, o Bibotalk. Em sua conta no X, ele expressou suas preocupações sobre os efeitos que um trecho de um sermão, descontextualizado da exposição bíblica, pode trazer a quem os assiste:

“Eu tenho uma preocupação com a quantidade de cortes de pregação que são postadas nas redes de vídeo. Vou tentar explicar meu medo e vocês dizem se faz sentido. Em geral, os cortes de pregação que viralizam são de aplicações. Na homilética, a aplicação é totalmente dependente da exposição que a antecede. Quando você ouve uma pregação inteira, você deve se convencer da aplicação por causa da exposição que vem antes”, conceituou Cacau Marques.

Aprofundando um pouco mais sua explicação, o pastor frisou que – em uma situação normal de culto – “o pregador tem que mostrar pela exposição do texto que aquela aplicação faz sentido”.

Nesse sentido, uma verdade bíblica que está sendo pregada se torna algo com o qual a audiência se sente à vontade para concordar ou discordar, argumentou: “Quando você separa a aplicação da exposição, o julgamento da aplicação não é mais com base na fidelidade ao texto, mas se aquilo faz sentido pra você, se agrada seus ouvidos, se te emociona etc”.

“E isso faz com que os cortes da pregação caiam no mesmo campo dos cortes de coaches, de podcasts, de palestras, aulas etc. A conexão indissociável entre pregação e revelação é totalmente apagada. O corte torna-se apenas uma peça de retórica e não uma proclamação do Evangelho”, disse Cacau Marques.

Citando o caso de um palestrante que falava sobre paternidade e teve seus comentários associados indevidamente à fé cristã, o pastor avaliou que essa associação se deu por conta de outros fatores presentes no vídeo, e não a mensagem: “O cara não era pastor. Ele era um religioso sim, de outra religião, e ele nem falava como religioso, mas como um palestrante da área. A mera cenografia já levou as pessoas a entenderem aquilo como uma pregação, porque a estética fala mais do que a conexão bíblica”.

Para Marques, esse tipo de percepção estética acaba por “influenciar as pessoas até na maneira como elas ouvem as mensagens em suas igrejas”, o que seria agravado com os cortes de pregação: “A já pouca exigência de fundamentação bíblica pode ficar ainda mais enfraquecida. Pessoas devem ser contentar ainda mais com frases de efeito, fazendo ou não sentido bíblico”.

O pastor português e escritor Tiago Cavaco interagiu com a publicação e ponderou que, até mesmo um sermão inteiro publicado em uma plataforma de vídeo sobre algum grau de perda de sentido: “Concordo, mas sugiro um grão de sal. Qualquer excerto destacado é, pela sua natureza, uma descontextualização. Até um sermão completo, assentando numa ênfase particular, deixa de parte o ambiente global de onde veio. A nossa homilética precisa também de alguma teoria literária”, comentou.

FONTE : Gospel Mais

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