BRASIL

Férias escolares desafiam pais que trabalham home office

Criatividade e organização são as ferramentas principais dessas mães que precisam conciliar a rotina de trabalho com o recesso dos filhos

Jogos, passeios de bicicleta e programas diferentes. Essas são as estratégias adotadas pela fotógrafa Nayara Monteiro que, com as férias escolares dos três filhos, tem que conciliar o trabalho home office e a função de mãe do Lorenzo, de 4 anos, do Antônio, de 8, e da Maria Valentina, de 11 anos. “Tenho um home estúdio, então trabalho em casa. Eu sempre atendo meus clientes na parte da tarde, que é o horário que os meninos estão na escola. Com as férias, eu acabo não atendendo tanto cliente e sempre tiro um tempo de recesso com eles também”, compartilha a moradora de Sobradinho DF.

Para pais e mães que, assim como Nayara, trabalham em casa, o final e o início de ano é sempre um momento de fazer ajustes na rotina. Além de organizar metas, projetos e objetivos, é necessário equilibrar a agenda de trabalho com as crianças, que passam o dia todo em casa e acabam demandando mais tempo e atenção. “Com certeza, esse momento é um desafio, principalmente para mim, que sou autônoma e preciso trabalhar. Geralmente, nas férias, eles querem atenção e querem sair, o que é justo, afinal é o momento que eles tanto esperam no ano. Por isso, eu evito atender e foco mais na parte das edições de fotos”, explica a fotógrafa.

Como esse não é o primeiro ano que Nayara lida com o período de férias escolares, o processo de planejamento para dar conta de tudo começa bem antes das crianças entrarem de recesso. Como comenta a autônoma, o final do ano é um dos períodos mais cheios na agenda de quem trabalha com fotografia, e por isso a organização é sua ferramenta principal. “Eu sempre faço ensaios natalinos no final do ano, e isso lota a minha agenda e deixa tudo bem corrido. Como eu sei que eles entram de férias em dezembro, sempre inicio os ensaios de Natal em novembro, para conseguir terminar, no máximo, até dia 20, e depois tirar um tempo de férias com eles também”, revela. “Minha agenda é baseada na deles”, acrescentou Nayara.

Por ser um período desafiador e cansativo, é essencial ter uma rede de apoio e, felizmente, a fotógrafa tem com quem contar. Daniel, seu marido, que é empresário e gerencia uma loja em Planaltina DF, sempre ajuda e procura entreter as crianças nos momentos em que está em casa, e às vezes, até, leva o Antônio para gastar energia no seu trabalho. “Ele gosta de ir para lá, de ver o pai trabalhando e mudar um pouco de ambiente”, conta Nayara. Os três filhos do casal são crianças super ativas e por isso, sempre que possível, eles procuram formas de mantê-los ocupados. “Tenho o meu pai, que tem piscina em casa e as crianças amam ir pra lá. Como ele mora longe, não consigo ir sempre, mas nessas férias estou tentando ir mais vezes para os meninos se divertirem”, compartilha.

Mesmo que isso não aconteça diariamente, é de grande ajuda poder chamar alguém para fazer uma atividade com os filhos enquanto o trabalho está demandando uma entrega maior. Segundo Nayara, por mais que a rotina esteja adaptada, ainda há serviços para serem entregues esse mês. “Estou com edições para entregar, então faço algumas na parte da manhã e atendo apenas ensaios mais urgentes e que não podem esperar -newborn e parto, por exemplo-“, conta. Nayara enfatiza ainda que, por ser mais velha, Maria Valentina acaba compreendendo a rotina da mãe e a ajuda muito com os irmãos mais novos, o que é de grande valia nesses momentos.

A realidade de Nayara, contudo, não é rara. A publicitária Maria Antônia, de 37 anos, também precisou se adaptar à agenda do pequeno Caetano, de 6 anos. “Ele, assim como a maioria das crianças, é muito ativo, e chego a pensar que ele acredita que o dia dele tenha mais 24 horas”, brinca. “Ele sempre pensa em mil brincadeiras e passeios, e quer fazer tudo no mesmo dia”, pontuou Maria. “É essencial aprendermos a preencher o tempo deles e dar toda atenção que eles merecem. Férias tem que ser divertido, e tem que ter momentos especiais”, acredita a moradora de Águas Claras.


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Por ser uma experiência que a publicitária já vive há alguns anos, ela procura montar um cronograma para todo o período de férias do filho, de modo que ela consiga trabalhar e atender às necessidades de Caetano. “No plano que faço tem recreação, brincadeiras e atividades para serem feitas tanto dentro quanto fora de casa. Por mais que, às vezes, surjam imprevistos, é sempre bom ter algo planejado para termos em mente mais ou menos como tudo irá funcionar”, explicou. “Aproveito o mês para ir com mais frequência ao parque, e sempre pesquiso eventos legais para crianças para poder levá-lo”, acrescentou.

Ao contrário de Nayara, Maria Antônia é mãe solo, e para dar conta de tudo, ela conta, apenas, com a irmã Letícia, única familiar que ela tem em Brasília. “Não sei se daria conta sem ela. A Letícia é meu porto seguro e meus braços esquerdo e direito”, brinca Maria. “Ela fica com o Caetano quando preciso e sempre que pode me acompanha nos passeios e atividades que faço com ele”, finaliza a freelancer.

Mais horas de trabalho

Caroline Gomes Menezes é mais uma no time das “super mães” do home office. A produtora de eventos contou ao JBr que, de fato, é uma missão difícil conciliar o emprego com a rotina de Lionel, de apenas 4 anos. “Tirar a atenção dele para alguma outra atividade que seja fora do nosso computador é o maior desafio. Às vezes, até as avós são acionadas, assim como as brinquedotecas de shoppings. O trabalho vai encaixando na programação quando não é hora de comer, tomar banho, trocar fralda ou até quando ele só quer um abraço”, compartilha.


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A moradora de Taguatinga menciona que dentre suas estratégias para o período das férias de Lionel, estão levá-lo na brinquedoteca do condomínio ou de algum shopping e, às vezes, recorrer às colônias de férias (day use). “Infelizmente a TV ou o celular são saídas emergenciais para conseguirmos fazer uma ligação sem ser interrompida. Ele quer atenção, quer que brinque, quer mexer no meu computador”, relata Carol. Por esse motivo, a produtora de eventos acaba por trabalhar no horário de almoço e estendendo o turno até tarde da noite. Nestes momentos, sua rede de apoio são seu esposo e as avós do pequeno Lionel.

Conforme detalha Caroline, ela começa o dia voltando toda a sua atenção ao filho. “Faço o café da manhã e brincamos até o horário de iniciar, por volta das 9h. Se vejo que ele está distraído com outra coisa, até tento começar mais cedo. Faço alguma atividade 10/15min e paro para escovar os dentes, ou ir preparando o almoço, ou trocar a fralda, ou dar banho”, relata. “O trabalho fica todo picado até a hora do almoço. Nesse intervalo da refeição, tento colocá-lo para tirar a soneca. Se não ele não dorme, volto para a correria de horas picadas até o jantar. Jantamos, dou o banho e fico com ele até dormir”, completou. É nesse horário que todo o trabalho que ficou para trás ao longo do dia, é cumprido. “Essa é a hora de compensar. Às vezes fico até meia-noite”, revela Carol.

noticia por : R7.com

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