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Cacique mato-grossense Arnaldo Tserewoe falou no Congresso nessa terça-feira, 24
RAFAEL COSTA
DO REPÓRTERMT
O cacique mato-grossense Arnaldo Tserewoe criticou a atuação de ONGs (Organizações Não Governamentais) em aldeias indígenas, afirmando que se trata de uma “grande mentira” a informação de que ONGs estão auxiliando índios em Mato Grosso, “em ações de caráter social”. A declaração foi dada nesta terça-feira (24), durante depoimento do indígena à CPI das ONGs que atuam na Amazônia, em andamento no Senado Federal.
“As ONGs que vem dizer que estão levando benefícios para nossas aldeias é tudo mentira. A gente sente ver a nossa comunidade passando dificuldade, nossas crianças, aonde estão aplicando essas verbas? Porque não existem!. Não existe responsabilidade fiscal destas ONGs para aplicar estes recursos em prol da sociedade indigena brasileira”, disse.
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“Nós estamos vindo aqui buscar apoio e dizer a comissão que busque o apoio para as aldeias. É muito fácil buscar o entendimento com a nossa Fundação Nacional do índio (FUNAI) para ver como nosso povo sobrevive. É muito triste. É um apelo que faço aos senhores. Ajudem aos povos indígenas deste país. O que mais se fala é que não tem orçamento. É muito difícil para nosso povo.”
Os caciques Graziano Aedzane Pronhopa e Arnaldo Tsererowe estiveram no Senado para prestar depoimento aos senadores e esclarecer a realidade dos indígenas em Mato Grosso. Ambos compareceram a convite do senador Mauro Carvalho (União Brasil), que elogiou a capacidade de organização e trabalho dos indígenas. “Sem apoio de ONGs ou terceiros, estão conseguindo produzir milho e algodão com muita eficiência numa área de 20 hectares”, declarou o senador mato-grossense.
Os indígenas criticaram a atuação de ONGs em Mato Grosso, afirmando que muitas são pautadas por meros discursos e não adotam ações corretas para manter uma linha de desenvolvimento econômico e social. “Muitos indígenas tem apoio do Estado de Mato Grosso para produzir e trabalhar. Muitas ONGs fazem discurso mas não desenvolvem ações. Atraem indígenas para protestos em Brasília, mas efetivamente não estão auxiliando indígenas”, disse.
O senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) declarou que, em sua avaliação, o Brasil deve avaliar o que fazer com terras já pertencentes aos indígenas, ao invés de discutir expansão de propriedades. “O indígena tem terras valiosas mas é proibido de explorar o solo e subsolo, de explorar plantação de grãos e a mineração. Os indíos não querem fome, miséria e pobreza. Querem produzir para garantirem seu próprio sustento”, declarou.
Os parlamentares que integram a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a atuação de ONGs (Organizações Não Governamentais) na Amazônia estarão em Mato Grosso na sexta-feira (26) para acompanhar o trabalho dos indígenas do Haliti-Paresi em Chapada dos Parecis, localizado em Campo Novo dos Parecis (401 km de Cuiabá).
FONTE : ReporterMT