VARIEDADES

Viés político na cobertura da guerra Israel-Hamas: os assuntos que mais incomodam a esquerda e a direita

Foi a maior barrigada — termo jornalístico para a publicação
de informações incorretas — da imprensa ocidental desde o começo da guerra
Israel-Hamas no dia 7 de outubro, iniciada por um ataque do grupo terrorista a
civis. Na noite de terça-feira (17), respeitados veículos midiáticos como a BBC,
a CNN e o New York Times noticiaram que “Ataque israelense mata centenas
em hospital, dizem palestinos” — esta foi a manchete do NYT.

A alegação era de que um míssil israelense havia alvejado o
Hospital Al Ahli, uma instituição cristã, em Gaza, deixando “no mínimo 500
mortos”. Porém, como
noticiou a Gazeta do Povo
, fontes independentes não corroboravam
essa descrição, nem o número de mortos, e Israel contra-alegou que o
responsável era o grupo terrorista Jihad Islâmica, que com frequência trabalha
em sintonia com o Hamas. Imagens mostraram que o míssil se partiu no ar, uma
aparente falha, e que o hospital, se foi atingido, foi por estilhaços da arma.
Na manhã de quarta, os danos ao hospital pareciam localizados no estacionamento.

“Foi uma grande mentira” do New York Times, disse o
advogado de direitos humanos Hillel Neuer, no X. O jornal “simplesmente confiou
na organização terrorista Hamas”. Ele republicou uma ligação entre dois agentes
do Hamas que teria sido interceptada por Israel em que eles dizem “nunca vi um
míssil caindo assim, é por isso que estamos dizendo que pertence à Jihad Islâmica
Palestina”.

Na BBC, o tenente Jonathan Conricus, membro das forças
armadas israelenses, criticou a cobertura da emissora e o comportamento do
repórter que deu a notícia: “ele não esteve na área, ele não verificou por si
mesmo, está pegando informação do Hamas e exibindo como se fosse a verdade”.

Medindo o viés político na cobertura da guerra

Para dar um panorama mais amplo do viés político na
cobertura da guerra, selecionamos as notícias da primeira semana de combate
(7-14) que receberam a maior desproporção de atenção entre veículos de esquerda
ou de direita. O limiar de desequilíbrio foram notícias que tiveram menos de
20% de sua cobertura vindo da esquerda ou da direita. Confira no infográfico no
final da reportagem.

A metodologia de classificação política dos veículos é do
serviço de curadoria de mídia canadense Ground News. Por sua vez, o serviço se
baseia em três organizações independentes de monitoramento da imprensa: All
Sides
, com missão de “libertar as pessoas das bolhas dos filtros para que
possam entender o mundo melhor, e umas às outras”, com 37 funcionários listados
no LinkedIn; Ad Fontes Media, empresa de software do Colorado com 55
funcionários cujo slogan é “classificamos as notícias”; e Media Bias Fact
Check
, site que classifica jornais e revistas por viés político e
factualidade, admitindo algum grau de subjetividade, mas com métodos
transparentes como determinar o viés de cada veículo com base na forma como
omite informações e rotula políticos ou personalidades com crenças políticas
conhecidas.

A seleção da Gazeta do Povo listou 58 notícias ao
todo, publicadas originalmente em inglês, e a porcentagem de sua cobertura
feita por veículos de esquerda, de centro e de direita. Entre os cinco assuntos
que menos interessaram a direita, estão notícias como uma suposta contribuição
do X (antigo Twitter) para amplificar a desinformação na guerra, que interessa
mais à esquerda porque o dono da rede social, Elon Musk, se
tornou um crítico contundente do progressismo
e marxismo; um gesto positivo
do presidente americano Joe Biden de se encontrar com familiares dos reféns do
Hamas; e um pedido de proteção a civis feito pelo secretário de Estado
americano Antony Blinken.

Os assuntos que os veículos de esquerda buscaram ignorar,
comparativamente, parecem muito mais sérios. Na amostra do Ground News, nenhum
veículo de esquerda
quis publicar, no segundo dia de combate, as mensagens
mandadas por reféns do Hamas para parentes, ataques do Hezbollah, o
espancamento de um estudante israelense na Universidade Columbia (EUA), e a
publicação do movimento Black Lives Matter de Chicago que louvou o
ataque do Hamas com uma imagem de um parapente, forma de transporte usada pelos
terroristas no ataque ao festival de música, que deixou 260 mortos.

Também foi zero o número de jornais de esquerda que quiseram
tratar de e-mails vazados da CBC, emissora estatal canadense, que orientavam
repórteres a não chamar o Hamas de terrorista; e do caso do repórter da agência
Associated Press que foi afastado por excesso de viés contra Israel. A
esquerda também se interessou pouco pelo governador republicano da Flórida, Ron
DeSantis, mandando uma missão de resgate para cidadãos de seu estado, e pela
declaração do Hamas cedo no conflito de que teria reféns suficientes para
libertar seus combatentes das prisões de Israel.

Quanto aos assuntos que mais interessaram a cobertura de cada lado, os veículos de esquerda se interessaram muito por e-mails vazados do governo americano orientando diplomatas a não chamar por desescalada do conflito no momento e por civis palestinos na linha de tiro de Israel; e a direita noticiou sozinha, sem cobertura de centro, os casos de viés político pró-Hamas na imprensa, e fez mais de 70% da cobertura de pautas que tocassem nos reféns do Hamas ou de derrotas sofridas pelos militantes do grupo terrorista.

noticia por : Gazeta do Povo

Facebook
WhatsApp
Email
Print
Visitas: 183 Hoje: 6 Total: 7099738

COMENTÁRIOS

Todos os comentários são de responsabilidade dos seus autores e não representam a opinião deste site.