Quem viveu entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000 certamente deve se lembrar da internet discada, uma forma de se conectar à rede utilizando o seu telefone e que era bastante comum em diversos lugares do mundo, inclusive no Brasil.
Muitos ainda se lembram com saudades do período em que era preciso esperar até meia-noite para navegar na rede pagando menos, mas talvez o cenário seja um pouco diferente quando lembramos o quão barulhento era estabelecer uma conexão dessa forma.
Aliás, você já parou para pensar por que a internet discada era tão escandalosa? Falaremos sobre isso e alguns outros assuntos nas linhas a seguir. Acompanhe!
Por que a internet discada fazia barulho?
Que atire a primeira pedra quem nunca tentou acessar a internet escondido durante a semana após a meia-noite e acabou acordando o pai ou a mãe por conta daquele barulhinho inconfundível, que misturava chiados e outros ruídos.
De fato, uma das características mais marcantes da internet discada era o seu barulho durante a conexão com o provedor. O site norte-americano The Atlantic explica o que cada parte desse som significa.
Os primeiros barulhos que ouvíamos tinham relação com a simulação de uma chamada telefônica do modem tentando a conexão com a rede de telefonia. Depois dessa discagem, os sons cessavam por um momento e voltavam a acontecer posteriormente para definir parâmetros mais técnicos da conexão.
“Uma linha de telefone carrega uma pequena variação de frequências em que a maioria das conversações humanas ocorrem: entre 300 e 3.300 hertz. O modem funciona nesses limites ao criar som que as ondas possam carregar dados pelas linhas de telefone”, explicou o jornalista Gleinn Fleischman em um artigo escrito no New York Times em 1998.
Por fim, tínhamos o chiado, a parte mais escandalosa dessa sequência de sons cuja meta era encontrar a taxa de velocidade adequada para a conexão. Essa “canção”, inclusive, poderia mudar um pouco conforme a velocidade de comunicação do modem.
Após informar seu e-mail de acesso e senha, o processo de conexão da internet discada começava.Fonte: TecMundo/Reprodução
Quanto custava a internet discada?
Os usuários da internet discada podiam usar o serviço pagando apenas um pulso de ligação telefônica caso se conectasse entre 00h e 6h de segunda a sexta, ou das 14h do sábado até às 6h da segunda-feira, sem limite de tempo dentro desses períodos.
Caso utilizasse o serviço durante os dias da semana entre 6h01 e 23h59, era cobrado o preço de uma ligação telefônica a cada três minutos. Nos anos 2000, também era possível pagar por alguns planos que não ocupavam o telefone da sua casa, e posteriormente tivemos o advento da banda larga, garantindo mais velocidade para a navegação e também download ou upload de arquivos.
Qual era a velocidade da internet discada?
No início, a internet discada podia alcançar uma velocidade de 56,6 kbps, mas não era sempre que tínhamos a sorte de obter uma conexão “tão veloz”. Em alguns casos, ela ficava na casa de 20, 30 ou 40 kbps, especialmente em períodos mais congestionados.
Para se ter uma ideia, com essa velocidade de internet o download de uma música convencional (algo que hoje você obtém em questão de segundos) podia levar muitos minutos para terminar. Um vídeo de alguns segundos às vezes exigia a madrugada toda para ser obtido, e serviços de streaming sequer funcionariam corretamente com essa taxa de conexão.
Se a conexão banda larga não existisse, possivelmente essa pessoa estaria esperando por esse arquivo até hoje.Fonte: Reddit/TheBlackTalon
Posteriormente, alguns planos que se enquadravam como internet DSL (semelhante à internet discada, mas sem ocupar o telefone) conseguiam manter as taxas de conexão um pouco mais altas, mas apenas os serviços de banda larga que surgiram posteriormente conseguiam ir um pouco além, alcançando valores como 2 MB ou 10 MB em seus primórdios.
O que aconteceu com a internet discada?
A internet discada foi ficando obsoleta com o advento da banda larga e outros tipos de conexão mais recentes, como fibra ótica e rádio. Porém, ela não está extinta, já que os moradores de algumas regiões no Brasil ainda recorrem a ela para se manterem atualizados, enviar e-mails e verificar seus perfis em redes sociais.
Uma amostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, apontou que, em 2018, 0,2% das residências brasileiras ainda estavam conectadas dessa forma. O número é realmente baixo, mas ainda assim pode representar algumas famílias acessando a rede.
Em muitos casos, isso se deve ao fato de os usuários estarem em regiões mais rurais ou afastadas, dificultando a chegada da banda larga nesses lugares. Entretanto, o aumento da cobertura de conexões por meio de smartphones pode fazer esse número diminuir cada vez mais nos próximos anos.
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noticia por : R7.com