A decisão, para eles, foi “unilateral”. As organizações entendem que o intuito da Feira é ser um espaço “livre e imparcial” para “abrir diálogos e debates sem violência”. “Em meio a essa grave crise humanitária, é muito importante dar voz aos oprimidos por meio de todas as formas de expressão, inclusive livros e literatura”, afirmam, apontando que “ironicamente, a Feira do Livro de Frankfurt – a maior feira anual de livros do mundo – fez o contrário”.
“Nós, editores da International Alliance of Independent Publishers, condenamos a decisão da Feira do Livro de Frankfurt de cancelar a cerimônia de premiação de Adania Shibli e exigimos que as vozes palestinas tenham a mesma visibilidade e respeito que outras vozes na Feira”, diz a nota.
Até o momento, 17 representantes de editoras do mundo assinaram a nota, incluindo organizações da Indonésia, Índia, Tunísia, Síria, África do Sul. Do Brasil, editoras como Alameda, Boitempo, Boitatá, Nós, Relicário, Geração Editorial e Ayiné assinaram o manifesto.
A Opera Mundi, Ivana Jinkings, fundadora e diretora da editora Boitempo, disse que a decisão da Feira de Frankfurt “silencia” as vozes palestinas, apontando que isso “significa endosso à política de extermínio do Estado de Israel”.
“A Feira de Frankfurt cancelou a cerimônia de um prêmio para uma autora palestina e declarou apoio a Israel silenciando as vozes palestinas. Uma feira internacional importante como essa censurar neste momento uma palestina significa endosso à política de extermínio do Estado de Israel. Não podemos compactuar com isso”, disse.
Romance Minor Detail, de Adania Shibli
Shibli nasceu na Palestina, em 1974, e vive atualmente entre Jerusalém e Berlim, capital da Alemanha. Ela é escritora na Literaturhaus Zurich e foi professora convidada de Literatura Mundial na Universidade de Berna, na Suíça, em 2021.
Escrito originalmente em árabe, Minor Detail foi traduzido para outras línguas: em inglês e alemão. Inclusive, a tradução na língua inglesa foi indicada para o National Book Award em 2020 e para o International Booker Prize em 2021.
A obra é composta em duas partes. “A primeira fala da garota palestina que é estuprada e assassinada no deserto de Negev durante a Guerra Árabe-Israelense de 1948. […] A segunda parte do romance se passa décadas depois, quando um jornalista de Ramallah tenta entender o crime”, disse a DW.
De acordo com a agência alemã, o livro “dividiu opiniões”, pois, uma parte da crítica elogiou, outra considerou que há “narrativas antissemitas” no romance.
(*) Com informações do Monitor do Oriente Médio.
noticia por : UOL