Conexão Poder
Nilson Leitão é o presidente do Instituto Pensar o Agro.
APARECIDO CARMO
DO REPÓRTER MT
O conflito armado entre Israel e o Hamas, grupo considerado terrorista pelos Estados Unidos e União Europeia, já acendeu um sinal de alerta entre os produtores mato-grossenses. Em conversa com o RepórterMT, o presidente do Instituto Pensar o Agro, Nilson Leitão, destacou que a consequência mais imediata para os brasileiros é no que diz respeito à importação de fertilizantes e petróleo de Israel, o que pode afetar no preço dos combustíveis e no encarecimento do frete e dos produtos agrícolas.
No último sábado (07), o Hamas atacou o território israelense, deixando milhares de mortos. Em resposta, o governo de Israel declarou guerra aos terroristas e se prepara para ocupar a Faixa de Gaza.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
“É claro que a guerra da Rússia com a Ucrânia afeta diretamente esse problema que nós estamos vivendo e quando isso se estende para mais uma região (Israel) que afeta diretamente o fertilizante, é uma soma negativa, né? É uma soma de fatores que vai encarecendo mais. E o setor acaba pagando esse preço”, disse.
Conforme Leitão, apesar de países como Canadá, Marrocos e Rússia estarem suprindo o mercado internacional, não se criam alternativas comerciais na velocidade demandada pelo setor. “As alternativas são as mesmas, você não cria uma alternativa nova de um momento para o outro”, acrescentou.
“Então aquela máxima de que o Brasil é importante para alimentar o mundo, na verdade o mundo é importante para trazer os insumos para o Brasil produzir esse alimento. Então é uma interrelação quase que imprescindível para a sobrevivência do Brasil. O mundo dependo do Brasil para os alimentos e o Brasil depende do mundo para produzir insumos”, explicou Leitão.
Com relação ao petróleo, segundo Nilson Leitão, há a possibilidade de ter um impacto no médio prazo. Isso, porque o país possui um estoque de fertilizantes para as safras. Isso porque o Petróleo influencia no preço do diesel e dos fretes, especialmente por conta da dependência do Brasil pelo modal rodoviário.
“A gente vai sentir isso daqui a pouco, mas o que atingiu essa guerra foi a questão desse movimento do preço do petróleo, que vai começar muito mais forte. Então isso não é algo que é imediato, mas sem dúvida nenhuma vai ter aí um impacto, uma consequência ali para médio prazo”, disse.
“Se houver uma disparada do petróleo é claro que isso pode ser algo que pesa (no bolso). Por que? Porque o petróleo tem um subproduto, por exemplo, como a ureia. A ureia é o terceiro ingrediente do insumo (para fertilizantes). Então nós temos um hidrogênio, nós temos o potássio e temos a ureia. A ureia que é o subproduto do petróleo, também pode afetar diretamente os nossos fertilizantes. Então isso tudo pode ter sim uma afetação dentro dessa relação comercial”, disse.
Tanto Israel quanto a Palestina são parceiros comerciais do Brasil. Conforme os dados do Instituto Pensar o Agro, em 2022 Israel importou algo como 730 milhões de dólares em produtos brasileiros. Já a Palestina teve um número mais modesto, em torno dos 30 milhões de dólares.
“No ano passado, o Brasil exportou para Israel, o agro exportou para Israel quase 730 milhões de dólares. Exportou carne, que o Mato Grosso tem tudo a ver, exportou soja, cereais, farinhas nem tanto, e outras preparações. E exportou produtos florestais, que tem muito a ver também com o nosso Mato Grosso, além de café, suco, essas outras coisas. A Palestina já foi coisa pequena, foi na casa de 30 milhões de dólares”, detalhou.
Por outro lado, o Brasil importou quase 1,05 bilhão, principalmente fertilizantes, defensivos e sementes.
FONTE : ReporterMT