VARIEDADES

Como a esquerda marxista sequestrou o ensino superior nos EUA

A missão de uma universidade é descobrir a verdade e transmitir esse conhecimento essencial às gerações futuras. Isso é alcançado pelo que chamamos no ocidente de diálogo socrático – ou seja, investigar o que é bom, verdadeiro e belo, testando ideias em um ambiente acadêmico.

Nada disso é possível em um ambiente educacional controlado pela esquerda marxista, que nega a existência da verdade, busca interromper a transmissão de tradições passadas para as gerações futuras, critica Sócrates e conceitos ocidentais e declara guerra à beleza. E agora que essa esquerda está enraizada na academia, ela utiliza inúmeras formas de impor suas opiniões e reprimir outras.

O conceito de que o bem, o verdadeiro e o belo são “propriedades do ser” transcendentes remonta a Platão, discípulo de Sócrates. Foi ainda mais explorado por Santo Agostinho na transição entre a Antiguidade e a Idade Média e por São Tomás de Aquino na Alta Idade Média.

Citando recentemente Aristóteles, Peter Berkowitz [cientista político e diretor de Planejamento Político do Departamento de Estado dos EUA durante o governo Trump] observou com razão que o propósito da educação correta consiste em “cultivar as virtudes e transmitir o conhecimento que permite aos cidadãos preservar sua forma de governo e estilo de vida”.

No entanto, os esquerdistas que controlam as instituições americanas não desejam mais essa preservação. Em vez disso, eles têm como missão “descolonizar” a universidade do pensamento ocidental e acreditam que o tempo de aula deve ser usado para estudar obras não ocidentais (leia-se, produzidas a partir do ponto de vista das “vítimas”).

Essa esquerda em particular, que se concentra na cultura, ganhou ascendência nas universidades desde a década de 1980, quando os radicais estudantis dos anos 1960 descobriram que poderiam realizar sua missão revolucionária culturalmente, assumindo o controle da academia.

O cântico “Hey, hey! Ho, ho! A civilização ocidental precisa desaparecer!” refere-se ao momento, no dia 15 de janeiro de 1987, em que Jesse Jackson [ativista político e pré-candidato democrata às eleições presidenciais em duas ocasiões] reuniu 500 estudantes para marchar na Universidade de Stanford. Como Robert Curry, do [instituto conservador] Intellectual Takeout, nos lembra, “Eles estavam protestando contra o programa de humanidades introdutório da Universidade de Stanford conhecido como ‘Cultura Ocidental’. Para Jackson e os manifestantes, o problema era a falta de ‘diversidade’. A faculdade e a administração correram para apaziguar a situação, e ‘Cultura Ocidental’ foi formalmente substituído por ‘Culturas, Ideias e Valores'”.

Na última década e meia, essa missão destrutiva se acelerou. Primeiro com a eleição de Barack Obama, em 2008. Depois com a criação do movimento Black Lives Matter [“Vidas Negras Importam”], em 2013. E, finalmente, com os tumultos causados pelo BLM, em 2020. O choque foi tão grande que os líderes das principais instituições da sociedade se renderam e aceitaram a noção simplista, e bizarra, de que a América é sistemicamente racista e opressora e, portanto, precisa de uma revisão sistêmica urgente.

Ao longo desse processo, a esquerda culturalmente marxista tem utilizado cada vez mais características raciais e sexuais como determinantes do status de vítima – e, portanto, como razões para os supostamente prejudicados destruírem o sistema.

A carta “Querido Colega” [documento enviado em 2011 pelo governo Obama às instituições de ensino recomendando maior rigor na aplicação do Título IX, estatuto que protege as pessoas conta a discriminação de gênero] proporcionou uma nova interpretação sobre como as universidades deveriam julgar as acusações sexuais. John Schoof, da Heritage Foundation [entidade de viés conservador que edita o Daily Signal], explicou na época que essa orientação “pressionou as escolas a usarem o padrão de ‘preponderância das provas’ em vez do padrão muito mais consistente de ‘para além de uma dúvida razoável’ aplicado aos casos de agressão sexual em nosso sistema de justiça criminal”.

Essa nova orientação logo se transformou em “policiamento e disciplina da fala no campus, especialmente da fala que se afasta da ortodoxia da política progressista”, como explicou o professor [da Universidade de Houston] Adam Ellwanger, em 2015.

Ele sabia do que falava.
Quatro anos após a carta de Obama, Ellwanger foi alvo de uma queixa, baseada no
Título IX, porque não havia “afirmado” suficientemente a opção
homossexual de um estudante.

“O Título IX, em sua
articulação expandida”, ele escreveu, “não é nada menos do que uma
tentativa de avançar os objetivos ideológicos da esquerda no campus. Ele foi transformado
numa arma para silenciar o discurso dissidente e reprimir o debate aberto sobre
a ideologia de esquerda no campus”.

A carta levou a uma segunda forma (entre muitas) de reprimir o pensamento que não se conforma com a ortodoxia da esquerda: o aumento dos escritórios de diversidade, equidade e inclusão (D.E.I.). A carta “explodiu em mil escritórios de D.E.I.”, escreveu Ellwanger.

Esses escritórios empregam um crescente grupo de oficiais que nada mais são do que comissários políticos dedicados a impor a visão da esquerda tanto para os professores quanto para os estudantes. Como Jay Greene, da Heritage, e eu escrevemos recentemente, a Universidade da Virgínia sozinha tem 94 desses funcionários (ou 6,5 para cada 100 professores com vínculo permanente ou em busca dele).

Uma terceira forma (entre
muitas) de suprimir o pensamento que não se conforma com a ortodoxia da
esquerda é exigir que os professores assinem declarações de lealdade ao D.E.I.
e prometam promover a missão como condição de contratação ou promoção. Essas declarações
são nada mais do que juramentos de lealdade à ala extrema do espectro político
dedicada ao paradigma vítima-opressor. Elas têm a intenção de sufocar o diálogo
socrático.

E, ainda assim, o jornal The New York Times nos informa que “quase metade das grandes universidades na América exigem que os candidatos a emprego escrevam tais declarações”.

Como sair desse impasse? Primeiro, precisamos explicar ao público o que aconteceu para criar um clima de opinião favorável. Isso já está acontecendo.

Em seguida, os políticos precisam entender que sua longevidade depende de oferecer soluções. A maioria das universidades, públicas e privadas, depende do dinheiro dos contribuintes. E os contribuintes foram claros: eles querem que o dinheiro seja usado para o bem, o verdadeiro e o belo.

©2023 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: How Marxist Left Captured Higher Education

Conteúdo editado por:Omar Godoy

noticia por : Gazeta do Povo

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