O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, afirmou que o grupo vai fazer novas “mobilizações”, mas sem o objetivo de retaliar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva pelo “atropelo” na condução da reforma agrária.
A afirmação foi feita ao Correio Braziliense durante entrevista sobre o fim da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST que investigou a motivação e o financiamento de invasões de terras no país depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo.
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“As mobilizações que acontecerem não serão em função desse atropelo do governo. São mobilizações da vida real, que a sociedade faz para obter suas conquistas econômicas, para melhorar a vida do povo. Mas estamos preocupados, sim, com o ritmo do governo. Estamos em outubro e não podemos terminar o ano com um saldo muito baixo para a base dos movimentos no campo”, declarou Rodrigues ao Correio Braziliense.
Apesar das críticas ao governo, o MST e o PT são aliados históricos. No governo Lula, diversas lideranças do movimento obtiveram cargos e ministros petistas frequentam eventos do MST. João Pedro Stédile, líder do MST, fez parte da comitiva oficial de Lula para a viagem à China, em abril.
Líder do MST critica CPI: ‘Paralisou nossas atividades’
Segundo Rodrigues, a CPI obrigou o MST a “paralisar suas atividades” durante os quatro meses que a investigação durou. Neste período, de fato, houve redução das invasões de propriedades.
“CPI é sempre ruim. Não existe CPI boa. Paralisou o governo, nos obrigou a nos mobilizarmos e suspendermos nossas atividades. Não falo de ocupações, porque isso é menor. Mas ter que ficar respondendo a uma CPI que nasceu com um relatório pronto, que não mostrou a que veio e que provocou uma confusão política no Congresso”, afirmou, na entrevista.
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O relator da CPI, Ricardo Salles (PL-S) pediu o indiciamento de 11 pessoas e considerou o MST uma organização criminosa. Entre elas, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, e o líder da Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha, que, segundo o relator, serão encaminhados à Procuradoria-Geral da República (PGR).
O relatório também aponta o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) como “o maior latifundiário improdutivo do país.” O material de Salles relaciona os acampamentos do instituto com trabalho análogo à escravidão. O deputado acusa, por fim, o MST de “intensa doutrinação ideológica marxista sobre adultos e crianças”.
Entretanto, o relatório não foi votado porque havia o risco de que não fosse aprovado.
noticia por : R7.com