VARIEDADES

Mais de um terço das crianças com puberdade bloqueada tiveram piora na saúde mental

Nova pesquisa do Reino Unido mostra que mais de um terço das
crianças colocadas em bloqueadores de puberdade e hormônios sofreram grave
deterioração da saúde mental posteriormente.

Um estudo de 2011 realizado na clínica Tavistock, onde era
sediado o Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero para crianças,
relatou que as crianças que foram colocadas sob medicamentos bloqueadores de
puberdade não sofreram efeitos adversos na saúde mental. No entanto, uma nova
análise
conduzida por Susan McPherson, professora de psicologia e
sociologia na Universidade de Essex, e pelo cientista social aposentado David
Freedman, descobriu que a maioria das crianças postas sob tratamento de bloqueadores
de puberdade e hormônios experimentaram saúde mental errática e instável,
incluindo mais de um terço cuja saúde mental “deteriorou de forma sustentada”.

O estudo original, realizado com 44 crianças entre as idades
de 12 e 15 anos, baseou-se em médias de grupo, enquanto a nova análise
baseou-se em resultados individuais, o que McPherson e Freedman explicaram que
“nos permite olhar como um tratamento está se desempenhando em termos da
porcentagem de pacientes melhorando, deteriorando e mostrando mudança
clinicamente significativa… É possível, usando essa abordagem, olhar para
padrões, como quem está se beneficiando e quem não está”.

No ano passado, o Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha
(NHS) optou por fechar a clínica Tavistock de desenvolvimento da identidade de
gênero após um relatório do governo descobrir que a equipe apressava e até
pressionava menores a tomar bloqueadores de puberdade e hormônios com quase
nenhuma supervisão psicológica ou médica.

Um total relatado de 96% dos pacientes infantis foram
colocados sob bloqueadores
de puberdade pela equipe da Tavistock, e preocupações foram levantadas sobre um
foco tendencioso em “disforia de gênero”, em vez de considerar outros
fatores psicológicos antes de recomendar medicamentos ou cirurgias para
menores, fatores que foram sumariamente descartados.

Na verdade, a situação era tão preocupante que a Dra. Hilary
Cass, a pediatra encarregada pelo governo de investigar as alegações contra a
Tavistock, recomendou fechar a clínica vários meses antes, dizendo que já tinha
informações suficientes para justificar o fechamento da Tavistock.

Cass destacou particularmente as preocupações que tinha
sobre o uso de bloqueadores de puberdade e outros hormônios, que a clínica
Tavistock vinha prescrevendo para crianças a partir dos meros 10 anos, muitas
das quais já estavam no espectro do autismo ou sofrendo de vários problemas de
saúde mental, como depressão ou distúrbios alimentares.

Em seu relatório interino ao NHS, Cass observou:
“Há falta de consenso e discussão aberta sobre a natureza da disforia de
gênero e, portanto, sobre a resposta clínica apropriada”. Ela acrescentou:
“Não houve coleta de dados rotineira e consistente, o que significa que
não é possível rastrear com precisão os resultados e os caminhos que as
crianças e os jovens tomam através do serviço”.

Ao longo dos anos, inúmeros denunciantes — o ex-coordenador
de pessoal Dr. David Bell, consultores e enfermeiras como Marcus e Sue Evans, a
oficial de proteção à criança Sonia Appleby e inúmeros ex-pacientes que agora, já
adultos, se arrependem de terem sido colocados sob bloqueadores de puberdade e
hormônios — soaram o alarme sobre as práticas da clínica Tavistock. A maioria
apontou que as crianças e seus pais muitas vezes não eram postos no protocolo
de consentimento informado, já que a equipe apressava as crianças a entrar em
bloqueadores de puberdade após apenas três ou quatro sessões.

Alguns denunciantes até explicaram que tópicos como
“orientação sexual” eram efetivamente proibidos e que uma identidade
transgênero e uma bateria de hormônios eram as únicas opções exploradas pelos
clínicos. Outros apontaram o aumento drástico no número de crianças passando pela
Tavistock (de cerca de 250 “pacientes” em 2011 para mais de 5.000 em
2021) e o ligaram ao crescente mercado de bloqueadores de puberdade e
hormônios.

As descobertas da nova análise do estudo de Tavistock estão
em linha com a pesquisa conduzida e publicada pelo Family Research Council
(Conselho de Pesquisa da Família). Jennifer Bauwens, diretora do Centro de
Estudos da Família do conselho, explicou no início deste ano:

“Houve um tempo em que a disforia de gênero era considerada
um transtorno mental, mas agora, devido ao aumento da prevalência de uma visão
de mundo moldada pela ideologia da identidade de gênero, ela se transformou em
uma questão de direitos humanos. A ideologia toma emprestado dos aspectos de
saúde mental da disforia de gênero para justificar a ‘intervenção’ médica.”

Ela continuou: “Os defensores do ‘tratamento afirmativo de
gênero’ insistem que é um tratamento de saúde baseado em evidências e que salva
vidas para aqueles que se identificam como transgêneros. Mas a pesquisa usada
para fazer tal afirmação está cheia de erros metodológicos
e pode ser facilmente contestada como um corpo de pesquisa que está incompleto”.
Notavelmente, o estudo original da Tavistock de 2011 deu foco em estudos de
grupo em vez de em situações e resultados individuais.

Bauwens acrescentou: “Não apenas os estudos atualmente
publicados são problemáticos, mas há uma falta de relatórios de acompanhamento
contínuo e de longo prazo que abordem o impacto [da administração] dos
hormônios do sexo oposto e das cirurgias”.

Em junho, o NHS proibiu o uso de bloqueadores de puberdade e hormônios em menores, seguindo um crescente grupo de especialistas médicos europeus que recuaram dos procedimentos de transição de gênero para crianças. França, Suécia, Finlândia e Noruega também impuseram restrições ao uso de bloqueadores de puberdade e hormônios em crianças. Os EUA ainda não o fizeram.

©2023 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original
em
inglês
.

Conteúdo editado por:Eli Vieira

noticia por : Gazeta do Povo

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